China x EUA: a guerra que veio para ficar
13 de outubro de 2020 § 13 Comentários
“Especialistas” da imprensa brasileira tratam o confronto China x EUA como se tudo não passasse de uma tentativa americana espúria de impedir que firmas de tecnologia chinesas ampliem suas operações internacionais porque esta seria a chave do domínio econômico no século 21.
É muito mais que isso.
O roubo sistemático de pesquisa, desenvolvimento e design está concretamente na base do “milagre chinês”, junto com o trabalho semi-escravo que moeu dois séculos de lutas dos trabalhadores do Ocidente e resultou no achinezamento geral dos salários e num grau sem precedentes de redução da competição e concentração de riqueza pelas fusões e aquisições de empresas para enfrentar os monopólios chineses que está abalando a democracia do lado de cá do mundo, inclusive e principalmente a americana.
Os dispositivos de espionagem subrepticiamente embutidos no hardware chinês confirmam-se todos os dias como uma política de estado. Até a Amazon, o Facebook e o Google, com todo o seu gigantesco aparato tecnológico, estão entre as vitimas roubadas por esses expedientes. A “equidistância” que tantos fariseus recomendam ao Brasil nessa parada em artigos na imprensa é, portanto, mentirosa. A China exporta seu modelo político sem consultar seus “fregueses” e é óbvio que não faz isso movida por boas intenções nem por interesse apenas comercial. E a chegada do 5G, que vai requerer a reforma geral de toda a infraestrutura tecnológica global é uma ocasião única de ocupação de novos “espaços tecno-políticos”.
O aparato de espionagem e controle sistemático dos seus nacionais – junto com o esmagamento implacável de qualquer dissidência – é, oficialmente, o esteio do domínio totalitário do Partido Comunista Chinês, o único legalmente admitido no país embora dispense qualquer tipo de adesão espontânea. E um país que oprime a sua própria população dificilmente para por aí.
Taiwan diz que as manobras militares de setembro de 2020 dentro de sua zona de defessa aérea foram o desafio mais direto enfrentado pelo país desde o lançamento de mísseis chineses em suas águas territoriais em 1996. A marinha chinesa construiu mais navios de guerra que a americana certamente para usá-los e o país vive exibindo, em desfiles militares sempre apoteóticos, uma variedade formidável de mísseis. Dispõe também de satélites capazes de bloquear as comunicações militares dos Estados Unidos. A diferença militar entre eles diminuiu muito, portanto. Já a diferença econômica é, hoje, de apenas ⅔.
A China, entretanto, não tem aliados. É um império de facto que tenta comportar-se como estado nação. A ascensão de Xi Jinping veio carregada de presságios. Reforço do autoritarismo interno, construção de bases no Mar do Sul da China, mudança constitucional para o poder eterno, repressão em Hongkong, prisões em massa dos Uigur em Xinjiang, repressão no Tibet, confronto com mortes na fronteira hindu…
São tão ostensivas as intenções chinesas que Michele Flournoy, possível Secretaria de Defesa num eventual governo Biden, escreveu na revista Foreing Affairs que os EUA deveriam reestruturar a sua capacidade militar e endossou, lá no tom dos democratas, todos os raciocínios por trás das diatribes de Trump contra a China.
Entre os vizinhos dela, Japão, Coreia, Taiwan e Australia são aliados formais dos EUA. E a India, se ainda não é tende a ser já que vem sendo agredida pelos chineses. Uma eventual traição dos EUA a Taiwan no caso da ilha ser atacada pela China, no entanto, pode alterar radicalmente esse quadro de alianças.
O dado positivo é que a liberdade é um impulso inato na nossa espécie e, na Era da Informação, o povo chinês parece-se mais com o americano do que o povo russo da Guerra Fria jamais pôde ser. A própria filha de Xi estudou em Harvard. Mas isso, num país totalitário, pode aumentar o risco de uma explosão repressora.
Seja como for, se há um tema lançado por Donald Trump que tende a permanecer na agenda qualquer que seja o resultado da eleição, é este da volta da Guerra Fria com a China. Um mundo dividido em dois blocos tecnológicos pode parecer implausível na realidade das cadeias globais de produção mas já está meio configurado. O Reino Unido e a Alemanha já entenderam e escolheram seu lado. A Europa Latina é, como sempre, o “Centrão” em seu oportunismo e antiamericanismo rasteiros. E o resto do mundo, o Brasil inclusive, ainda não se decidiu entre a civilização e a barbárie política. Sensíveis à corrupção como são, pesa para estes o fato da China ser o maior parceiro comercial de mais de 100 países e os EUA só de 57.
Mas vc escolheu a barbárie política para o Brasil…Na verdade, existe barbárie e existe politica; as duas juntas é delírio autocrata…
MAM
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kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!!! Ridículo!
P.S.: agradeça ao Fernão pelo espaço…
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Você escolheu, votou “certo” em quem (primeiro e segundo turnos)?
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Esse “antiamericanismo rasteiro” é fruto de um ressentimento invejoso. Quem se queixa hoje de uma “dominação” americana não perderia (perde) por esperar o que seria (será) uma chinesa.
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Ressentimento, inveja, e, sobretudo, possibilidade de negociatas com governos sem transparência. Quanto à chamada ideologia, é artigo apenas pra consumo externo, pra enganar trouxa.
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Discordo, em gênero, número e grau do caro Fernão!
Acho que acordou com o ranço, com o conservadorismo arcaico do berço, meio insatisfeito consigo mesmo e escreveu seu artigo.
Lamentável!
Vou fazer de conta que não existiu…
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Rogério Paiva,discorda de quê exatamente no presente artigo?O que exatamente te parece “lamentável”?
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Ninguém pára em pé no topo da pirâmide de Maslow sem comida no prato.
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Como sempre, BRILHANTE! Explicou exatamente como funciona a relação entre China e EUA e a pirataria que ocorre nos EUA pela China. Os casos são assustadores: além das patentes roubadas, computadores são destruídos, laboratórios são pirateados por estudantes chineses que vão se aperfeiçoar nos EUA. Faz bem o governo americano dar um basta nisso.
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“a liberdade é um impulso inato na nossa espécie”. Inclusive a liberdade de dizer que você esta errado sem dizer porquê. A natureza nos deu livre arbítrio e razão, que uns acham serem dádivas ou benesses gratuitas da natureza. Poucos percebem que se trata do desafio de sobrevivência, de uma espécie destinada à grandeza, mas que pode muito bem dissolver-se em mediocridade. Inicialmente, a racionalidade nos tornou o mais terrível predador do planeta – vingativo -, mas pode nos tornar a espécie digna de povoar a galáxia. Isso, caso antes de abrir a boca meditemos e nos tornemos capazes de pensar de forma metódica, competente e responsável. O ponto de partida é simples: não criamos a natureza, somos uma das suas manifestações, logo precisamos entendê-la e saber como funciona, não para nos submeter-nos às suas leis, como, pretensiosamente, pensam alguns, mas para que assim nos conheçamos a nós mesmos e façamos jus às graças recebidas. China tentando dominar o mundo, guerra fria, comunismo. Esse pessoal não vai evoluir?
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Valeu, Fernão…. Raio-X, esclarecido!!!
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Fernão, lembro que Nostradamus há séculos já avisava que os amarelos iriam dominar…
É interessante destacar que a economia empurrou/atraiu muitas empresas do mundo ocidental para dentro da economia chinesa, dando uma forcinha para o sucesso do crescimento chinês. O capital, na maior parte das vezes, quer e visa retorno garantido, o que não veremos tão logo em terras brasileiras, onde todas as reformas necessárias não saem do papel e do discurso engana bobos,: enquanto não se resolve esse impasse nossas riquezas vão saindo por debaixo dos panos…ou vira fumaça!
Temos muito em comum com a China, quanto aos quesitos da exploração do povo ‘favelão nacional’ e da opressão descarada pela classe privilegiada.
Não sou Nostradamus mas alertei desde 1998 que teríamos muito pó e deserto, e que o Pantanal será o nosso ‘Dust Bowl’ com enormes nuvens de poeira,solo degradado e falta de água. Chegaram mais rápido que eu também alertei.
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Nada como Nada, Tudo como Tudo, o mundo é assim, o humano é assim, Ingleses já dominaram parte da China, Portugueses já dominaram parte da China, devolveram tudo com muito progresso para os chineses. Agora ele estão tomando a Africa, via financiamento de obras que depois de prontas não serão pagas e ai vão toma-las de volta, pois eles não vão fazer como os Portugueses e Ingleses. Pergunte a qualquer chinês que veio fazer intercâmbio aqui se ele quer voltar. Nenhum quer, mas voltam pra que os pais, os avós não sejam punidos pelo regime. O negócio deles é explorar, sempre foram assim, como construíram a Muralha da China, que muitos vão visitar, mão de obra escrava. Conclusão G5 deles não, G5 dos americanos não, vamos aderir ao G5 da LUA, vai demorar um pouquinho mas vai ser melhor KKKKKKK.
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