Trump, Biden e a doença do jornalismo

10 de novembro de 2020 § 44 Comentários

Na política, como na vida, toda “solução” é só o início do próximo problema.

Alguém disse na TV que a melhor qualidade de Joe Biden é não ser Donald Trump. Concordo. O fim do cafajestismo no poder reabre a perspectiva da reconstituição da institucionalidade da figura do presidente dos Estados Unidos da América que, como estamos aprendendo a duras penas em todo o mundo nestes tempos de venenos novos como o Twitter, o Facebook e quejandos sendo instilados nas veias das democracias em doses cavalares, é absolutamente essencial. Além disso, Joe Biden tem não apenas a memória viva de outros Estados Unidos de que, mesmo lá, pouca gente ainda se lembra e aos quais seria muito bom a sociedade americana de hoje se reaproximar, como principalmente a humildade dos muito sofridos que falta psicoticamente a Donald Trump.

Mas os Estados Unidos que ele vai tentar governar são os de hoje. 

Biden elegeu quatro prioridades. A primeira é a pandemia por trás da qual está o debate da socialização ou não da medicina ao custo de 2 trilhões de dólares. Para além do fato do controle de pandemias não combinar com democracia e do problema de tudo que ainda não se sabe sobre o Covid-19 e seus sucessores, o verdadeiro terror dessa epidemia nos Estados Unidos é o preço da internação hospitalar num país onde os proventos da classe média espremida entre os monopólios chineses e os monopólios americanos se vão “achinesando” em velocidade alucinante. A pandemia é, portanto, um problema que, para alem dos seus intrincados componentes cientifico e aritmético, envolve a decisão de quebrar, pela primeira vez na história daquele país, a mais sacrossanta das “excepcionalidades” que o define como a democracia das democracias, que é a absoluta independência do povo em relação ao Estado. A 2a é o “tratamento da recessão” que está longe de ser só um produto da pandemia, é um produto desse “achinesamento” que não acaba com a chegada das vacinas. A 3a é “o clima”, que não é coisa que se possa resolver em casa. A 4a “o racismo”, que permanece no fundo das almas depois de acertadas as leis que é o que de fato pode ser “acertado” por meros atos de vontade nesse lado escuro da condição humana.

A hora é de curar o país. Baixar a temperatura. Deixarmos de demonizarmo-nos; de tratar os adversários políticos como inimigos”. 

São excelentes intenções e declará-las, no ponto a que as coisas chegaram, já não é pouca coisa. Mas a vida real não é preta nem branca, ela transcorre dentro dos milhares de tons de cinza. O problema são os “comos”. Afinal, quem demoniza quem?

Kamala Harris é “a 1a mulher, a 1a negra, a 1a indiana na vice-presidência da maior democracia do mundo”, que só por isso deixou de ser apedrejada como irremediavelmente irrecuperável como continuaria sendo se 3 milhões de votos nos mais de 140 milhões computados tivessem vindo com sinal trocado, e voltou automaticamente a ser “a maior democracia do mundo”…

Tem a sra. Harris alguma qualidade?

Joe Biden não se sentiu compelido a mencionar nenhuma. A unanimidade dos jornalistas e comentaristas das TVs e das universidades não se sentiu compelida a mencionar nenhuma. Todos acharam suficiente descrever “o invólucro”, o que não chega a enquadrar a gafe apenas como uma dessas “microagressões” que os bem pensantes vivem procurando com lente porque não chega a ser “sutil”…

E isso nos dá a pista para o problema real.

Não será policiando a linguagem e manipulando o resultado final aparente de processos complexos que se conseguirá alterar a realidade. E impor esse policiamento e essa maquiagem pela força não fará mais que provocar reação igual e contrária. O ruído que a insistência nessa imposição produz já é, hoje, muito maior que o problema que se pretende resolver com ela. Joe Biden teve 74 milhões de votos. Mas Donald Trump teve 71, quase 10 milhões a mais que em 2016, apesar de tudo nele que não o recomenda como pessoa. O Partido Democrata tornou-se um partido urbano, de elite, empurrado pela mídia e pela industria do entretenimento, mas que vive cada vez mais de fomentar o conflito em torno de temas acessórios. Distante da classe media que foi sua base, está pedindo socorro e engordou as fileiras do Partido Republicano no Congresso nesta eleição, a atitude sempre vociferante das correntes “liberal” (“de esquerda”) mais radicais arrasta também os republicanos para um comportamento cada vez mais reativo. 

E enquanto isso os problemas reais crescem. 

Tenho plena consciência da minha própria “deformação profissional”. Mas estou ha tempo bastante fora das redações e mergulhado na história da democracia, o império da palavra, para saber que o jornalismo, o veículo da palavra, CONCRETAMENTE É a baliza mais sólida da saúde da de nosso tempo, e que há muito mais de resposta à doença da imprensa do que propriamente à doença das sociedades no surgimento dos “trumps” do mundo.

Como qualquer poder da republica o 4º também requer “estadistas”, pairando acima das redações, vividos no balanceamento da vaidade pela responsabilidade e que não tenham medo da solidão para não se deixarem levar pela demagogia e cair nas muitas formas que o populismo barato assume em todas as camadas, mais ou menos “cultas”, das vitimas que faz. Um “poder moderador” cujas funções principais podem ser resumidas em definir que o público de cada jornal definitivamente não é o resto da corporação dos jornalistas e em zelar para que o público real não tenha apenas o que “quer” ouvir, como já tem nas redes sociais, mas principalmente o que “precisa” ouvir.

Uma imprensa que rompa o espírito de “direção editorial coletiva” que assola as redações dos jornais e TVs “de herdeiros” de todo o mundo que, abandonadas ao “Não penso, sou pensada”, torna-se corporativa, primeiro, e “soviética” e “cancelativa” depois que se instala hegemonicamente, num crescendo que já não se detém  de censurar discursos do próprio presidente dos Estados Unidos, falsear assumidamente os fatos e abraçar abertamente a campanha internacional em curso para criminalizar o senso comum e negar “lugar de fala” a quem lhe resistir, o que, na prática, significa sinalizar para o político, que vive de voto, que só esse tipo de discurso o livrará do linchamento moral e lhe renderá acesso aos eleitores. As redes sociais, aquele universo por definição sem regras, o que faz dele o território livre das paixões, só agravam essa distorção…

Manter isso como está só pode levar o mundo à guerra.

Também no jornalismo a volta da institucionalidade – definida aqui como a volta do império do fato e do código de ética do jornalismo democrático no seu tratamento – é absolutamente imprescindível.

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§ 44 Respostas para Trump, Biden e a doença do jornalismo

  • A. disse:

    “Também no jornalismo a volta da institucionalidade ….. é absolutamente imprescindível.”
    – Duvido que se chegue a isso. Pegamos uma estrada sem retorno, no máximo com alguns acostamentos…!

    P.S.: parabéns por mais um artigo maiúsculo!

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    • A. disse:

      Admiro (e até invejo) pessoas capazes de fazer auto crítica: “Tenho plena consciência da minha própria “deformação profissional”.
      E mais ainda pela rara coragem: …”que não tenham medo da solidão para não se deixarem levar pela demagogia”…

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  • Varlice1 disse:

    Parabéns por mais um texto irretocável!
    Como tudo na vida, essa fase também passará.

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  • LSB disse:

    Caro Fernão,

    Seu artigo, do meio para o final, é sensacional, e sou todos elogios, mas sobre a “primeira parte” tenho alguns “senões”.

    1 – “A primeira é a pandemia por trás da qual está o debate da socialização ou não da medicina (…). Para além do fato do controle de pandemias não combinar com democracia (…), o verdadeiro terror (…) é o preço da internação hospitalar num país onde os proventos da classe média espremida entre os monopólios chineses e os monopólios americanos se vão “achinesando” em velocidade alucinante. (…) um problema que (…) envolve a decisão de quebrar, pela primeira vez na história daquele país, a mais sacrossanta das “excepcionalidades”(…), que é a absoluta independência do povo em relação ao Estado”.

    Concordo que o problema é grave, mas, novamente, vou discordar que o problema seja a China ou monopólios.
    A renda per capita do americano (sei que é média, mas…) vem aumento e ainda é uma das maiores do mundo.
    O grande problema é o custo da medicina mesmo. Li em algumas reportagens que quebrar uma perna pode custar US$ 40 mil (provavelmente é um caso extremo: necessidade de fazer cirurgias; mais internação por período mais longo e mais fisioterapia. Enfim, talvez não seja um custo médio). Mas uma perna quebrada podendo custar US$ 40 mil seria caro o suficiente para boa parte da população americana ainda que o PIB deles fosse o dobro (e, claro, planos de saúde também serão caros se os serviços forem caros).
    A medicina está se especializando e aumentando a tecnologia “embarcada” assustadoramente.
    (IRONIA: se os chineses “explorados” fabricarem UTIs, aparelhos de tomografia e demais equipamentos por preços “chineses”, o custo da saúde pode cair).
    De qualquer forma, essa tecnologia acaba custando muito (e a especialização do profissional também. Um médico hoje já fica uns 10 anos estudando).
    Para ilustrar melhor a situação: medicamentos estão sendo “manipulados” no espaço em função da microgravidade.
    Pois bem, quando lançarem um medicamento que só possa ser sintetizado no espaço (se isto ainda não ocorreu), o custo deste remédio será “astronômico”; daí que, por mais necessário que seja (cura do câncer, por exemplo) será absolutamente inviável economicamente estender a medicação a todos.
    (E “economicamente inviável” significa que não temos recursos físicos, materiais e humanos suficientes para tocar tal “empreendimento”: medicamentos para todos. Claro que se for de uma doença rara, a “socialização” via Estado ou plano de saúde é viável, mas se for a cura da “demência”, “Alzheimer” ou câncer, por exemplo, dadas as incidências dessas doenças, torna-se impossível “popularizar” a cura OU ainda “economicamente inviável”…)

    Enfim, esse é um problema moral gigante que está surgindo: com o custo da medicina se tornando inviável para muitos (e socialização nenhuma tem a capacidade de “multiplicar pães”), o que fazer? Aceitar que só os (muitíssimos) mais ricos terão acesso (pelo menos em um primeiro momento) a medicamentos e tratamentos OU proibir todos de terem?

    2 – “A 2a é o “tratamento da recessão” que está longe de ser só um produto da pandemia, é um produto desse ‘achinesamento’ que não acaba com a chegada das vacinas”

    Discordo totalmente. A economia americana vinha crescendo muito bem, obrigado. Dow batendo recordes. Desemprego nas mínimas históricas. Aumento de investimentos, etc.
    A economia americana foi derrubada pela pandemia. Do contrário, teria crescido novamente esse ano (e Trump provavelmente estaria reeleito. Aliás, se ele fosse um pouquinho mais “político” e, mesmo “desmerecendo” a pandemia, apoiasse alguns cuidados – distanciamento e máscara – provavelmente estaria reeleito).

    3 – “A 3a é “o clima”, que não é coisa que se possa resolver em casa”
    Se é que esse problema realmente existe e SE, existindo, é causado pelo homem.
    Conheço ciência o suficientemente bem para saber que os “estudos” e, principalmente, as “conclusões”, que chegam ao público não são nada conclusivos.
    (os modelos climáticos não passam no teste de “feedback”, ou seja, se existe ALGUMA PROVA MATEMATICAMENTE INCONTESTE DE ALGUMA COISA é que os MODELOS estão ERRADOS!).

    4 – “A 4a “o racismo’ “: isso é muito complicado. As falhas do ser humano (desonestidades, ignorâncias, medos, etc.) acabam sendo relacionadas a, confundidas com e instrumentalizadas por “ideologias”, correntes políticas, etc.
    E a questão tem tudo para se inflamar mais uma vez que virou “palco” de “guerra política” (e não só no que se refere a raças, mas também religiões, sexualidade, etc.).

    No mais, como já disse antes, seu artigo é fenomenal.
    A imprensa e a mídia desempenham um papel realmente fundamental no processo político de uma democracia, mas estão, atualmente, totalmente “perdidos” (para falar o mínimo).
    Não só foram tomadas por ideologias, mas também se “viciaram” na, digamos, “credibilidade incontestável” que tinham no século XX (o jornalismo provavelmente era melhor e, principalmente, não havia muito como ser contestado. Mesmo no final do século XX – década de 1990 – quando a imprensa já tinha sido bastante “ocupada” por proselitistas e militantes, o público não tinha como expressar sua indignação, sua desconfiança e sua reprovação). Com a internet, veio a contestação (ainda que “tosca” ou cheia de “defeitos” e “falhas” também).
    Em suma, a imprensa e a mídia precisariam fazer uma reflexão profunda e mudarem seus comportamentos.
    Mas não sei se farão… aliás, nada indica que farão.
    (Se as coisas piorarem, vai saber se mudam, mas… Até estão, na verdade, extasiados e “renovados” com a mais recente “vitória” que conquistaram – Biden -, então, por que parar? Parar por quê?)

    Penso, enfim, que A. talvez possa ter razão: o “ponto de não retorno” pode já ter sido ultrapassado…
    Torcemos para que não… mas é só torcida…

    Abs a todos
    LSB

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    • Paulo Murano disse:

      Sr. LSB, os “senões” apresentados colocam o candieiro em ponto mais elevado ampliando nossa compreensão. Eu acrescentaria um quinto: a sra. Harris tem qualidades reconhecidas em artidos do NY.Times e W.Post .

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  • rubirodrigues disse:

    “A hora é de curar o país. Baixar a temperatura. Deixarmos de demonizarmo-nos; de tratar os adversários políticos como inimigos” Quando, em regimes democráticos, adversários políticos fraudam eleição, precisam sim ser tratados como inimigos e também como criminosos.

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    • A. disse:

      …”adversários políticos fraudam eleição, precisam sim ser tratados como inimigos e também como criminosos.”
      – Acusadores de fraudes também precisam provar as acusações…!

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  • Distraídos e manipulados pela imprensa cooptada, questiono até quando os EUA serão a “maior democracia do mundo”. Os recorrentes e hegemônicos ataques progressistas (socialistas) transformaram as nações e impuseram a sua agenda sócio-cultural. Disseminou-se o ódio, travestido em lutas pelo igualitarismo: branco contra o negro, homo contra o heterossexual, homem contra mulher, conservador contra liberal, pobre contra rico… Enfim, “nós contra eles”. Espero que haja escapatória para a grande nação americana frente à ação massiva de metacapitalistas, antifas, patifes e belzebu.

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    • A. disse:

      Posições antagonistas sempre houve, desde que o mundo é mundo: Adão&Eva x serpente, Caim x Abel, Deus x “anjos caídos” e um infindável etc. (se eu fosse o Sr. LSB iria enumerá-los todos).
      Agora nós, brasileiros, nos arvoramos em ser protótipos de democratas a ponto de “questionar” até os EUA. Lá, a dicotomia xerife x bandido acaba com o bandido atrás das grades. Aqui, no dizer de Augusto Nunes, é o bandido que prende o xerife…

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      • LSB disse:

        kkkkkk

        Caro A., sei que normalmente sou bem “minucioso” e “detalhista” nas minhas colocações.
        De fato, via de regra faço listas de exemplos ou argumentos ou críticas, etc.
        MAS não enumero TODOS os exemplos, só os mais importantes ou os que lembro quando estou escrevendo….
        Mas, ok, sem problemas. Aceito esse elogio temperado com uma (leve) crítica!

        Abs
        LSB

        PS: aproveito para reiterar meu pedido de desculpas ao sr. Paulo Murano (e demais leitores do Vespeiro) que postei no artigo anterior do Fernão (“Ainda a Judicialização”).

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      • LSB disse:

        Ou crítica temperada com (leve) elogio!!!

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      • carmen leibovici disse:

        LSB,eu queria entender por que tanta minúcia,o que você objetiva com isso?Eu percebo muita minúcia e pouco foco;uma argumentação sem sentido para mim.Nunca sei aonde você quer chegar além de contrapor-se sistematicamente ao Fernão.Nao me parece que ele escreve com dúvidas,esperando aprovação.Ele sempre fala certo,no alvo ,devido a sua experiência “no ramo”, de encontro ao que ele objetiva há anos.Nao que não devam haver críticas,mas você “fica colado” só nisso.Nunca entendo qual é a sua ” agenda”. Você tem alguma?Aqui,pelo que percebo,a maioria tem uma.Confesso que não leio todas as suas postagens pois são muito longas e , pessoalmente,não gosto,mas quis expressar uma opinião.

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      • Paulo Murano disse:

        Sr. LSB: num vespeiro, vespas em movimento é graça; sair bem na fita, apenas engraçado. Portanto, não há o quê se perdoar.

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  • António Posser de Andrade disse:

    É lamentável que após 4 anos de sabotagem sistemática ao Presidente eleito os “democratas” não queiram agora colher o que semearam. Mais lamentável ainda é o papel da midia que pura e simplesmente omitiu-se dos seus deveres e função (tão necessária) e decidiu escolher o que é bom, ou não, para o povo condicionando-lhes os valores e o pensamento. Tenho acompanhado com curiosidade as reações dos Brasileiros à suposta eleição de Biden, especialmente depois do que ele afirmou sobre a Amazónia Brasileira e espanta-me de sobremaneira o que vou lendo. Os valores estão todos trocados. Excelente artigo Fernão, para não variar.

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  • whataboy disse:

    Cada vez mais admirável o esforço do Fernão em observar os caminhos redentores do jornalismo. Artigo prá lá de admirável. Merece toda atenção. Espero que seja lido, debatido, estudado. Que todas as lições do Fernão virem livro, curso, ensinamentos, palestras, entrevistas. Não se pode perder isso tudo na superfície da cobertura atual dos fatos que a população consome.

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  • krislevis46 disse:

    Leio o Estado de São Paulo, vulgo Estadão, desde criança ( e olhe que já entrei para a 3a idade há quase 15 anos) e a cada dia chego mais depressa à última página. É que vou saltando notícias e comentários que me provocam engulhos. Além de uma linha editorial açuladora, as notícias são escritas com a clara intenção de bombardear alguém, mesmo que para tanto seja necessário “ajeitar” a notícia. O manejo da língua portuguesa está cada vez mais deficiente, a revisão dos textos também.
    Isto não é jornalismo, é mero panfletismo. Uma pena. Fernão, continue em suas cruzadas, fique firme!

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    • A. disse:

      Sr. krislevis:
      – Parece que o sr. “acertou a mão”: lê e faz uma rigorosa seleção do que lê! Ao contrário de outros, que alardeiam o cancelamento de assinaturas e, fazendo isso, jogam a criança fora, junto com a água do banho. Pra citar a Folha (que conheço mais que o Estadão): eu não troco o PIOR artigo de um João Pereira Coutinho, de um Pondé ou de um Fernando Schüler por TODOS os artigos SOMADOS de Hélio Schwarstman , Jânio de Freitas e Mônica Bergamo! E Gregório Duvivier…

      Abraço!

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  • LSB disse:

    Prezados,

    Segue abaixo um artigo publicado já há alguns dias no site do Instituto Mises Brasil.
    (de fato, o artigo é até “requentado”, pois já havia sido publicado há alguns anos atrás – conforme observação constante no próprio artigo).

    https://www.mises.org.br/article/1535/so-ha-uma-maneira-efetiva-de-evitar-os-conflitos-culturais-e-sociais-inerentes-a-democracia-atual

    Enfim, não concordo com o autor em 100% dos seus argumentos, bem como não sei se o desenho político preconizado é milimetricamente o meu “sonho de consumo” (de fato, por um lado o artigo é genérico e, por outro, eu mesmo não tenho um “projeto executivo” desenhado e, portanto, não tenho definições “fechadas” para todos os aspectos de um sistema político).
    Ainda assim, penso que o “rumo” que o autor apresenta está correto.
    E lembro ainda que o autor é americano e, portanto, sua análise parte da situação atual dos EUA. Já nós, estamos muito, mas muito aquém da descentralização americana – logo, também estamos muito mais distantes do “ideal”, ou ainda, temos um caminho muito mais longo a percorrer…

    Abs
    LSB

    PS: se nos EUA, na opinião do autor, já está “sufocante” e “inviável”, imagine o que ele pensaria se vivesse por cá?

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  • LSB disse:

    Prezada Dona Carmen

    Respeito seu desejo de querer ter uma “respostas” simples para problemas complexos.
    Só acho que quem age assim normalmente acaba ficando meio “perdido”.
    Isso porque questões complexas não se esgotam em poucos caracteres.
    Por exemplo: existem milhares e milhares de obras que “definem” o que é liberalismo ou o que é democracia, ou ainda, sobre a Revolução Francesa e seus desdobramentos.
    Assim, de duas a uma: OU os autores são plagiadores e todo mundo copia o que o outro escreve (e, portanto, as milhares de obras são redundantes) OU se tratam de assuntos tão complexos, “polêmicos” e/ou “incertos” que mesmo tratados quilométricos não são capazes de esgotá-los.

    Enfim, não sou acostumado a formar opinião com base em textos curtos. E, portanto, também não me sinto à vontade em expor minhas opiniões em textos muito curtos. Desta forma, quando comento algum assunto, também sou minucioso e exploro várias hipóteses, vertentes, “dúvidas”, pontos de vista, etc.

    E acho isso importante. Muito importante caso desejemos expor exatamente aquilo que pensamos.
    E, sim, é necessário ler todo o texto e refletir à respeito para entender. Do contrário, o leitor não irá entender nada – ou pior, entenderá errado, aprenderá errado, interpretará errado!

    Por exemplo, a senhora diz ‘Nunca sei aonde você quer chegar além de contrapor-se sistematicamente ao Fernão”.
    MAS eu nunca me opus SISTEMATICAMENTE AO FERNÃO.
    Se a senhora lesse meus comentários por inteiro, saberia disso.

    De fato, há pontos que não concordo com o Fernão (em especial, o entendimento do papel econômico da China e como os países ocidentais deveriam agir).
    Mas, de modo geral, CONCORDO E MUITO com o Fernão.
    Mesmo em se tratando da China, há aspectos com os quais concordo integralmente com as avaliações do Fernão!

    Todavia, POR TODA OBVIEDADE QUE EXISTE NESTE UNIVERSO, quando escrevo, gasto muito mais tinta explicando aquilo que não concordo (total ou parcialmente) do que falando daquilo que concordo (não faz sentido, concorda?)
    Assim, escrevo parágrafos e parágrafos sobre uma ÚNICA AFIRMAÇÃO constante em um artigo do Fernão e depois termino meu comentário com um “mas no resto seu artigo é perfeito” ou “no mais, sensacional”.
    Em suma, ainda que eu discorde do Fernão em alguns pontos, concordo como 90% ou 95% do que ele escreve ou expõe.

    No mais, sobre algumas afirmações da senhora:

    1 – “Eu percebo muita minúcia e pouco foco”
    Vou discordar. Talvez a senhora veja assim pois não está acostumada a ler longos textos ou muitos livros sobre um mesmo assunto.
    Mas existe foco.
    No caso do meu comentário acima, o foco era que as 4 prioridades de Biden, no meu entender, estão, no mínimo, descritas erroneamente (se a descrição dos “problemas” é do Biden ou do Fernão são outros quinhentos, mas pareceu que, ao menos parcialmente, havia também a visão do Fernão embutida).

    2 – “Nao me parece que ele escreve com dúvidas,esperando aprovação.”

    Também acho que não. Jornalista nenhum, aliás, pois se fossem viver esperando aprovação integral, viveriam com depressão profunda.
    Mas quando não concordo com algo (ou concordo parcialmente), eu exponho minha visão (pois existe um espaço para debates aqui).

    3 – “Ele sempre fala certo,no alvo ,devido a sua experiência “no ramo”.

    Concordo que o Fernão é um dos maiores e mais cultos jornalistas brasileiros. Ainda assim, eu JAMAIS falaria que alguém “sempre fala certo” ou alguém “sempre sabe” ou ainda que alguém não deve ser contestado porque “sempre acerta”.
    Não existe esse ser perfeito.

    4 “Confesso que não leio todas as suas postagens pois são muito longas e , pessoalmente,não gosto,mas quis expressar uma opinião”

    Um ÓBVIO direito da senhora. Ler apenas aquilo que desperta o seu interesse. Nada mais justo e dentro do seu direito (inclusive o não gostar de textos longos e também o direito de expressar tal opinião).
    Mas de qualquer forma, se serve de “conselho”, nunca aprendi nada (de verdade e não “aparentemente”) sem ler muito sobre o tema, sem ler longos textos sobre o tema ou sem ler muitos autores e livros sobre o tema.
    (embora isso não quer dizer que meus comentários sejam “úteis”, válidos, interessantes ou bem/mal fundamentados… isso deixo ao julgamento de cada paciente leitor)

    E para concluir, dona Carmen, como dizia Freud, “às vezes um charuto é só um charuto”. Então não ache que em tudo há “agendas secretas”, “intenções ocultas”, “maus elementos mancomunados”, etc.
    Sou apenas uma pessoa que não concordo com a organização política, jurídica, fiscal, administrativa e eleitoral do nosso país.
    Logo, como todos aqui, também exponho ou “defendo” o que acho que deveria ser o rumo que nosso país deveria tomar.
    (e como já disse, concordo com 90 ou 95% da “receita” do Fernão e, por tal motivo, comento aqui).

    Enfim, não faço “oposição sistemática” ao Fernão (pelo contrário, faço, e muita, propaganda dele).
    No comentário mesmo no qual a senhora dirigiu sua crítica a mim, eu escrevi um longo post criticando um TRECHO do artigo (mas um trecho curto) e acabei dizendo que o resto do artigo é impecável (embora, é claro, a parte que “elogiei” seja bem mais curta que a da “crítica”, pois, obviamente, a “critica” deve ser bem elaborada, explicada, desenvolvida e argumentada, enquanto o elogio não necessita deste embasamento todo).

    Abs
    LSB

    PS: obviamente às vezes lemos rápido ou escrevemos rápido ou escrevemos sem revisão, etc. Logo, é fato que às vezes sou repetitivo, prolixo ou saio um pouco do tema, etc.
    Então, é claro que a crítica é válida em algumas ocasiões (ou parcialmente válida).

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    • Carmen Leibovici disse:

      Você não me parece um erudito como deseja parecer,mas se fôr culto como diz ser,falta-lhe conseguir unir sua sabedoria de forma conclusiva, falta-lhe unir “lé com cré”,falta-lhe sintese,afinal,de que adianta ler tanto e não chegar a conclusão nenhuma.Mas enfim,se você gosta de ser assim,continue a sê-lo.”Sorte” nossa que podemos expôr nossos defeitos tão flagrantemente por aqui.Eu,de minha parte, espero manter minha autocrítica bem acesa,pois detesto passar vergonha intelectual,mas de repente,quem sabe,eu também não enxergue um palmo na frente do meu nariz,assim,se alguém também me avisar de algo que eventualmente não caia bem,agradecerei.

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      • LSB disse:

        É direito da senhora achar que eu sou o maior ignorante do mundo ou que eu não seja “tão erudito como desejo parecer”.

        Mas, de qualquer modo, quanto mais leio, mais “dúvidas” tenho e menos “conclusivo” acabo sendo. Mas isso também deve ser só ignorância, incapacidade, arrogância ou “excesso de autoestima”.

        De qualquer maneira, aprendi (ou reforcei, para ser mais exato) mais uma lição: o brasileiro, se ler de algum comentarista de internet “ignorante” ou ouvir de um “popular” sem estudo a “verdade do universo”, ele não vai nem perder tempo em refletir (pois o “falante” não tem “pedigree”). No entanto, se alguém escreve em algum jornal a maior besteira de todos os tempos, muitos não só “compram” como defendem como se fosse a própria vida a “verdade” que eles leram.
        Enfim, acho lastimável esse vício de ficar esperando o jornal chancelar qual é o “erudito” que devemos considerar “vaca sagrada” (já que os demais, se não escrevem para a “mídia”, são só ignorantes que se “acham”. E neste caso, mesmo que o “julgador” não tenha o menor conhecimento sobre o assunto, ainda assim ele julga e desqualifica…).

        Eu, como já expressei diversas vezes nesse espaço (e sendo coerente), tenho muitas críticas aos especialistas e ouço muito o povo “ignorante”. Mas isso também deve ser ignorância…

        Abs
        LSB

        PS: sim, aceito críticas. Como a senhora não gosta de ler textos longos (principalmente os meus), talvez não tenha chegado ao final do meu comentário anterior, mas lá no PS escrevi que sua crítica é válida (ou parcialmente ou eventualmente).

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      • LSB disse:

        Ah, mais um ponto (e, de certa forma, mais sério):

        “se fôr culto como diz ser”

        Eu NUNCA DISSE que “sou culto”. Disse e digo que procuro ler bastante. E isso é verdade.
        Mas nunca disse “sou culto”.

        Isso é uma inverdade que a senhora “inventou”, “deduziu” ou ACHOU QUE leu em algum lugar.
        De fato, tal afirmação talvez até possa ser considerada uma “injúria” ou “difamação”, pois estaria atribuindo a mim uma “arrogância” (pois me apresentaria como “culto”) que não expressei em momento ou lugar algum.

        Percebe como a leitura atenta (e completa) é importante?
        Enfim, é verdade que a “acusação” não é séria nem grave, mas poderia ser…
        Concluindo: textos longos e leituras demoradas e cuidadosas não existem à toa…

        Abs a todos
        LSB

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      • Paulo Murano disse:

        Carmen, na natureza há multicores. Prefira os curiosos que buscam saber novidades — como saltos quânticos, sem nenhuma auto-estima que os exite jogar no lixo o conhecimento adquirido. Menos é além; e, para o menos, quatro linhas da frase aqui é nada ( como seriam mil linhas sem que a escolha da natureza, aquela que foge de toda e qualquer tentativa de compreensão dos humanos que, despertados por medo correm atrás; infrutífero esforço daqueles sem a chave para saltos quânticos — primeiro degrau para acesso é caráter vazio imperceptível, demais são imaginação dos amados importantes como olhos que vêem.

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  • Paulo Murano disse:

    Esclarecendo, perdão: meus comentários são esforços para contatar seres que desfrutam do milagre desta possibilidade de interação neste plano. Não endosso expectativas e valores humanos porque creio o Universo é amplo o suficiente. Humanos abusam do poder creacional.

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    • Paulo Murano disse:

      Carmem, aparte final: pouco importa o grau de erudição ou o tamanho do pinto. Vale a certeza que estamos evoluido. A nova geração aceita sem hipocrisia que o corpo que ancora a cabeça caga, tem cecê, fode… E la nave va, peidando, sempre!

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      • carmen leibovici disse:

        Paulo,se Fellini vivesse e lesse este teu post tão ilustrativo, certamente se inspiraria para fazer um filme sobre a atual “evolução humana”.Muito bom!

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      • A. disse:

        …”certeza que estamos EVOLUIDO.”
        – Não creio que tenha havido erro de digitação! Acredito mais em ‘ato falho’…

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      • A. disse:

        “A nova geração aceita sem hipocrisia que o corpo que ancora a cabeça caga, tem cecê, fode… E la nave va, peidando, sempre!”
        – Isso a humanidade sempre fez! Onde está a evolução? Na “aceitação sem hipocrisia”???

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      • A. disse:

        Bom dia, Dna. Carmen!
        – Até agora, a ÚNICA conclusão a que cheguei, através desses comentários, é que hoje a sra. acordou mais cedo do que eu!!!
        Abração!

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      • carmen leibovici disse:

        A,acho que nada foi muito conclusivo mesmo.Mas você acha que nem chegou perto de alguma conclusão qualquer?!

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      • A. disse:

        Cheguei, Dna. Carmen! Cheguei… Mas a prudência e a diplomacia me mandam ficar calado!
        Tenha um ótimo dia!

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      • A. disse:

        Dna. Carmen:
        Só pra evitar alguns mal entendidos que rolaram recentemente por aqui, o meu silêncio não foi endereçado à sra. Mas acho que a sra. já tinha entendido…
        Abraço!

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  • Gilson Almeida disse:

    A.

    As vezes o silêncio diz tanto.

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  • Alexandre disse:

    Já que o texto do Fernão trata (também) da “doença do jornalismo”, coloco aqui – novamente, desculpem-me! – dois textos da Paula Schmitt, que se complementam:

    https://www.poder360.com.br/opiniao/midia/a-queda-de-um-anjo-da-imprensa-nacional-por-paula-schmitt/

    https://www.poder360.com.br/opiniao/midia/a-vaza-jato-e-o-sequestro-de-jornalistas-brasileiros-por-paula-schmitt/

    Abraços.

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    • A. disse:

      O que eu acho inacreditável, Alexandre, é você se desculpar por dispor esses links. Eu, por mim, arrumei uma dívida contigo que dificilmente poderei resgatar. Só me sobrou o humílimo “OBRIGADO”!

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      • Alexandre disse:

        Oi, A.

        De nada. Na verdade, fico feliz em compartilhar os textos da Paula. Ela e o Fernão são espécimes raros, raríssimos, na selva de hoje.

        Um abraço.

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      • LSB disse:

        Caro Alexandre,

        Fernão e Paula são o “fino da bossa”, sim, mas vou aproveitar e fazer, ao mesmo tempo, uma propaganda e uma “denúncia”.
        A Gazeta do Povo está com um time fenomenal!
        Há pelo menos uma meia dúzia do nível Fernão/Paula. E os demais também são muito bons.
        No entanto, desde sexta passada (dia 6/11), o jornal vem sofrendo uma perseguição nazista do Sleeping Giants por não ter demitido o Constatino.
        Entre sexta (quando começou a “campanha”) e terça, haviam perdido 13 (!) anunciantes.
        Vil, muito vil (e embora não tenho “visto” a “grande” imprensa nesses dias, parece-me que não estão recebendo muito apoio dos demais veículos de comunicação).

        Abs e muito obrigado novamente pelos links.
        LSB

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      • Alexandre disse:

        Oi, LSB.

        Assino a Gazeta há tempos. E concordo com você sobre a qualidade do time de lá.

        Estou sabendo dessa perseguição ao jornal, mas não tanto dos detalhes quanto aos anunciantes. A Gazeta vem resistindo bravamente. Como você deve saber, publicaram uma carta aos leitores defendendo a permanência dele, em nome da liberdade de expressão (e com alguns considerandos e explicações sobre o dito e o não dito). Espero que resistam a esse jacobinismo – alimentado, inclusive, por colegas da imprensa.

        O assunto que você colocou me fez lembrar de um texto da Paula sobre um caso que tem alguma semelhança, ocorrido no NYT:

        https://www.poder360.com.br/opiniao/midia/o-jornalismo-correto-e-o-duplo-pensar-analisa-paula-schmitt/

        Um abraço.

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      • LSB disse:

        Caro Alexandre,

        Sim, estou acompanhado o “calvário” da Gazeta.
        Quanto a esse outro artigo da Paula: excelente! Passei para várias pessoas no Whats.

        Obrigado mais uma vez!
        Abs
        LSB

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    • A. disse:

      O único modo de enfrentar o que a Paula denuncia é a receita dada pelo Fernão neste artigo, e que já citei noutro comentário: jornalistas … “que não tenham medo da solidão para não se deixarem levar”…
      Raríssimos, hoje em dia, tem essa coragem!

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    • LSB disse:

      Caro Alexandre,

      Excelentes textos. E o que a Paula relata é assustador.
      Deixo aqui meus agradecimentos pela postagem dos links.

      Abs
      LSB

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      • Alexandre disse:

        Oi, LSB.

        Sim, é assustador. Essa turma, Glenn, The Intercept e jornalistas covardes, não vale nada.

        Aguardemos os próximos acontecimentos. E os próximos textos.

        Um abraço.

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