Não passarão!

2 de março de 2017 § 19 Comentários

Cartoon zombie isolated on white. He is lurching with his arms out stretched

O chefe visivel pode mudar a cada quatro anos ou menos pra inglês ver mas, para tudo quanto interessa mesmo, o poder não muda de mãos no Brasil desde a chegada de d. João VI. Cada um de nós e mais tudo que ha por cima e por baixo do chão desse nosso berço esplêndido é propriedade inegociável das grandes corporações donas do sacrossanto Estado que nos dá ou tira “autorizações” para viver e para morrer.

O lema de todas é “nem um passo atras”, mas daí para baixo vivem numa luta surda não só pelos seus privilégios “adquiridos” mas, sobretudo, pela posse do poder mais que divino de distribui-los que pouco ou nada tem a ver com o que aflora na nossa superfície “democrática”. Tudo é sempre um jogo de truco onde nenhuma carta vale o que está impresso nela. Todo mundo anda sempre quatro ou cinco movimentos à frente.

Cartoon zombie isolated on white. He is lurching with his arms out stretched

A volta do carnaval vem marcada pela enésima “morte” de Michel Temer. A “temporada” estreou com o movimento da veneranda figura de José Yunes. O homem é um especialista; tipo uma Amazon em matéria de “logística” da putaria. Sabe o pacote exatamente certo para cada “mercadoria”. Repararam quantas vezes ele repetiu a “explicação” de que o tal envelope entregue no escritório dele endereçado a Eliseu Padilha, certamente continha “merreca” porque “1 milhão de dólares é do tamanho de uma caixa de uísque”? Porque, de repente, ele começou a agir como mulher “chifrada”, apunhalou o amigo e em seguida, saiu se desdizendo é uma história que “brasiliólogo” nenhum se deu o trabalho de reconstituir porque quem conhece a corte sabe que o Yunes é só o pavio, não é a bomba nem muito menos o alvo. Sobre ele basta, portanto, repetir a cada vez que se lhe menciona o nome, que “é amigo do Temer” desde criancinha.

O fato é que feito o recuo apoiado por esse indiscutivel argumento técnico, jogou-se por cima do dele o “depoimento” de Marcelo Odebrecht. “Seus 10 mais 10”!  Agora sim tudo está devidamente recheado de milhões. E la estão os “brasiliólogos” especulando furiosamente sobre quanto isso “fragiliza” ou não Eliseu Padilha e…

Cartoon zombie isolated on white. He is lurching with his arms out stretched

Não perca seu tempo! Despreze os pormenores eruditos. Vá direto ao ponto. O movimento telúrico por baixo desses tremores é o mesmo de sempre. Yunes pra cá, Eliseu Padilha pra lá, fica estabelecido: se tocar nos “intocáveis” a “chapa Dilma-Temer” terá sido eleita com propina e o governo cai.

Presos e soltos; caídos e inderrubáveis, é sempre a isso que tudo se refere nessa nossa língua em que o pretérito tem futuro. Não têm nada a ver com justiça esses subitos pronunciares em voz alta daquilo que todo mundo sempre soube, ainda que, acidentalmente — pobre não tem luxos! — possa se comemorar um pouco de justiça feita com isso. O que ha mesmo é que os “intocáveis” sentem cada vez mais quente o bafo na nuca e estão mandando o recado: não interessa a altura do galho, quem ousar nos tocar tomba.

Não vão conseguir! Estão mortos! Só vão aumentar o preço da saída. Salarinho e previdência valor de face 1 não resolvem o problema nem reduzidos a zero. Só supersalário, frota de jato, mordomias e auxílios mil hereditários para todo o clã e mais a previdência pública valor de face 32 pagam essa conta.

Cartoon zombie isolated on white. He is lurching with his arms out stretched

A corrupção no Judiciário

16 de fevereiro de 2017 § 14 Comentários

A esbórnia na Câmara de SP

24 de novembro de 2016 § 9 Comentários

Enquanto isso, na Suécia…

21 de novembro de 2016 § 8 Comentários

A dívida dos jornalistas

30 de maio de 2016 § 26 Comentários

tit1

Artigo para O Estado de S. Paulo de 30/05/2016

Os batedores de bumbo do PT nunca estiveram tão exultantes, desde Waldir Maranhão, com os últimos golpes para “provar que é golpe” a operação que se ensaia para deter o livre despencar da miséria brasileira nas profundezas do caos político e das finanças públicas destroçadas que seu partido nos legaram.

Lá virá a ladainha de sempre para demonstrar que alhos são bugalhos mas é tempo perdido. O que derrubou o PT foi a paralização da economia, o que paralizou a economia foi a mentira institucionalizada, Temer está onde está porque é o sucessor constitucional no posto do qual o Brasil apeou Dilma, a Lava-Jato não vai parar. Só o Brasil tem força para desencadear ou para suspender processos como esses.

O PT passou 13 anos operando só para si e nas sombras e deu no que deu. Temer começa falando só de Brasil mas ainda hesita em expor-se inteiro ao sol. Vai em busca de sua legitimação junto à única fonte de onde ela pode vir. Pede humildemente endosso da opinião pública à lógica das suas soluções; dispõe-se a adapta-las para consegui-lo.

tit1

Por esse caminho é certo que pode dar certo. Mas se, e somente se, a aposta na transparência for absoluta.

Ninguém atravessou a “Era PT” impoluto. O país conhece os políticos que tem e sabe que é com eles que terá de contar. O fato de todos eles estarem discutindo Lava-Jato, como o resto do Brasil, não significa, em si mesmo, rigorosamente nada. Do presidente em exercício para baixo, na equipe política e na equipe técnica, são as mesmas pessoas que serviram o PT que se dispõem, agora, a servir antes o Brasil como poderia ter sido sempre se o governo anterior o tivesse desejado. Muda a música que se toca, muda a dança que se dança.

Gravações?

Haverá outras mil. Nesse departamento vivemos o clássico dilema do ovo ou da galinha. Se a imprensa continuar sinalizando que disparará em manchete toda gravação que qualquer chantagista lhe enfiar na culatra a política seguirá, como hoje, sendo movida exclusivamente a gravações de chantagistas. E mata-se o Brasil. Se passar a investigar e dar manchetes para o maior problema brasileiro, a política nacional passará a girar em torno do maior problema brasileiro. E o Brasil ressuscitará.

tit1

Explico-me com um pouco de história. Em 1976, em pleno regime militar e no auge da censura, este jornal publicou a série “Assim vivem nossos superfuncionários” que ficou conhecida como a reportagem “das Mordomias”. Ela expôs em detalhe à miséria nacional o universo obsceno de fausto e desperdício que ela sustentava sem saber e que drenava todo dinheiro público que deveria estar sendo investido em infraestrutura e serviços essenciais à melhoria continuada do desempenho da economia e, consequentemente, do valor do trabalho. Dado o sinal à nação de que havia quem se dispusesse a publicá-las choveram denuncias na redação durante meses a fio revelando as infinitas formas que assumia a ordenha do Estado mal disfarçada na soma de salários e benefícios estratosféricos, no assalto a longo prazo ao erário mediante a “anabolização” de último minuto em aposentadorias que perdurariam por décadas e se desdobrariam em pensões vitalícias transmitidas de pai para filho e nos outros ralos mil abertos por agentes corruptos dos três poderes que viviam de vender esse saque institucionalizado do Estado.

tit1

Materializada na exposição direta dos modos de vida que esses esquemas sustentavam, a discussão saiu do nível abstrato. Cada brasileiro, lá do seu barraco, pôde ver com os próprios olhos como e por quem vinha sendo estuprado, e no que se transformava, na realidade, a estatização da economia que a esquerda, de armas na mão, de um lado, exigia que fosse total, e os militares da direita, lá pelo deles, concretamente executaram como nunca antes na história deste país criando mais de 540 estatais. Mas nem a famigerada ditadura militar resistiu à força dos fatos e imagens revelados. Muitas outras reportagens semelhantes foram produzidas país afora e, já em 1979 os generais, pressionados, tinham criado um ministério inteiro para começar a desmontar a privilegiatura. Quando o país emergiu para a redemocratização, em 1985, sabia em que direção tinha de caminhar. A luta para desprivatizar o Estado e devolve-lo ao conjunto dos brasileiros veio até o governo FHC e a Lei de Responsabilidade Fiscal cujo desmonte – e consequências – pôs um fim à “Era PT”.

Esse continua sendo o maior problema brasileiro. Desde 2003 o PT reelegeu o loteamento do Estado como moeda única do jogo político e, ao fim de 13 anos de um processo desenfreado de engorda, cada emprego pendurado no cabide vem desaguando, obeso, na Previdência. O governo Temer aponta vagamente “a Previdência” como o “X” do problema brasileiro e está certo. Mas, pendurado ainda no ar, sabe que tomar a iniciativa de por esse bode na sala é morte certa. É por isso que, nem Henrique Meirelles, nem seu chefe se permitem completar a frase: é a Previdência do setor público, valendo 33 vezes o que vale a outra, que é o “X” do problema brasileiro. E sem mexer profundamente nela o Brasil não desatola.

tit1

Não ha um único jornalista, especialmente em Brasília onde o despautério é mais visível a olho nu, que não saiba disso. E, no entanto, persiste a cumplicidade com essa mistificação quando até o PMDB já está claramente pedindo o empurrão que falta para que esse tema indigesto suba à mesa.

Para poder voltar a andar o Brasil não precisa, exatamente, de uma reforma da Previdência, espremendo um pouco mais a miserinha que ela distribui depois da festa dos aposentados do Estado na qual, diga-se de passagem, os do Judiciário são reis. Mais do que justiçamentos o Brasil precisa de justiça que é uma idéia bem mais fácil de vender, desde que antes o jornalismo, em vez de só barulho, faça a sua porca obrigação de mostrar em todos os seus escandalosos pormenores o tamanho da injustiça que é necessário corrigir.

tit1

Onde estou?

Você está navegando em publicações marcadas com supersalários em VESPEIRO.

%d blogueiros gostam disto: