Se…
2 de abril de 2020 § 12 Comentários
Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!
Rudyard Kipling 1895
(trad. Guilherme de Almeida)
Mudar em armadilhas as verdades ditas,é a especialidade e a prioridade da mídia progressista que grassa e predomina nesse país. Mídia burra desse país.
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Nunca pensei que poesia tão linda existisse.Sou profundamente grato pela sua grande contribuição; num lugar em que a soberba e a extravagância próspera.
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Muito bom Fernão! Belíssima poesia, inspiradora!
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Por anos a fio tento me comunicar escrevendo séria e cientificamente, sem sucesso. Já me ocorreu que talvez, poesia, humor e música sejam recursos mais efetivos.
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Perfeito o texto do Kipling.. Nunca o Brasil precisou de tanta serenidade.Desarmem-se, por favor!
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Que beleza! Alguns poetas são sublimes!
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Bom momento para relembrar Kipling e a bela tradução de Guilherme de Almeida!
Palavras que dão alento e nos ajudam a perseverar.
Obrigada, Fernão.
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Se me permite, Fernão, vou encaminhar para o nosso Presidente.
Obrigado.
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Não quero estragar este momento de magia fazendo um comentário idiota e desnecessário. Mas sinto que já o fiz…
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Bravo! a quem salva o futuro
Fecundando a multidão!…
Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação.
Como Goethe moribundo
Brada “Luz” o Novo Mundo
Num brado de Briaréu…
Luz! pois, no vale e na serra…
Que, se a luz rola na terra,
Deus colhe gênios no céu!…
(Antônio de CASTRO ALVES)
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Fiquei emocionada ao reler esta poesia. Meu pai a tinha como uma Estrela-Guia para nossas vidas. E na parede da copa, onde fazíamos nossas refeições, lá estava ela, emoldurada. Muito obrigada Fernão por nos brindar com esta lembrança e força tão necessária neste momento que todos nós estamos experimentando. Deus lhe abençoe.
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Muito oportuna a sua lembrança em nos ofertar a leitura de “If”. Que bela herança de Kipling para seu filho e extensivamente para toda a humanidade, numa tradução de Guilherme de Almeida, conhecido como o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. Sobre Guilherme de Almeida lembro que viveu aqui em Rio Claro-SP quando criança, trazido de Campinas-SP para cá pois seus pais temiam uma epidemia que ocorria por lá. Morava o “Principe” num casarão localizado na Rua 2 esquina com a Avenida 2, todo revestido na sua parte externa de azulejos. Infelizmente o casarão foi demolido por desinteresse da administração pública da época, o que causou grande revolta de grupos locais que quase conseguiram impedir a demolição. Um competente historiador de Rio Claro chamado Anselmo Selingardi, perito judicial, escreveu sobre este lamentável fato histórico registrando-o em jornal local e nos anais do Arquivo Público e Histórico aqui na “Cidade Azul”. Perdemos irrecuperável memória material, mas a imaterial permanece.
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