Não estamos sozinhos…

28 de setembro de 2017 § 11 Comentários

O presidente da França, Emmanuel Macron, assinou sexta-feira passada cinco decretos para reformar a legislação trabalhista francesa.

Montado ao longo de um século, o Code du Travail francês contém mais de 10 mil artigos. Das suas 3324 páginas, 170 regulam demissões, 420 tratam de questões de segurança e saude do trabalho, 50 cercam o trabalho temporário, 85 impõem regras sobre negociações coletivas, e vai por aí. Ha regras minuciosas para tópicos como salários, diferentes industrias, extensões multinacionais, tempo de interrupção para ir ao banheiro, o tamanho requerido das janelas, consumo de álcool no trabalho, como comer na mesa do escritório, regras para a emissão de emails em dias de semana e nos fins-de-semana, etc., etc., etc.

É uma festa para a China; é uma benção para os trabalhadores e centros financeiros de Inglaterra, Alemanha e, ultimamente, até de Portugal, primeiros portos de eleição dos empreendedores e investidores franceses refugiados.

A tentativa de Macron de por a legislação trabalhista francesa mais próxima da impiedosa realidade da competição global por empregos no 3º Milênio provocou aproximadamente 4 mil greves somente no mes de setembro.

Ah, se metade dos professores da USP tivessem sido ingleses, alemães e americanos em vez de só franceses!

O que pode acabar junto com a USP

22 de setembro de 2014 § 4 Comentários

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Matéria da Folha de S. Paulo de hoje oferece um quadro suscinto da doença terminal que vai matar a USP, até ha pouco tempo a única universidade brasileira a fazer parte do ranking das 100 melhores do mundo do Times Higher Education, o mais respeitado do setor.

Partindo da tendência inversa revertida a partir de 2010, a instituição tinha vindo de 55 mil para 54 mil funcionários administrativos de 2009 para o ano seguinte e de 45 para 46 mil professores. O que se segue de 2010 até 2013, porém, é a multiplicação em metástese do numero e do valor dos salários dos funcionários de par com a devastação do numero e do valor dos salários dos professores.

Entre 2009 e 2013 a USP contratou 2400 novos funcionários administrativos e apenas 396 novos professores. Por cima disso, aumentou em 75% os salários dos funcionários e em apenas 43% o dos professores (contra uma inflação no período de 27%).

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Com isto a USP passou a gastar, no ano de 2013, 5% a mais que a dotação que recebe por ano do governo apenas com a folha de pagamento, valor que este ano vai subir a 35% a mais do que recebe, que é uma parcela do ICMS paulista.

O bonus para todos os funcionários a cada vez que a universidade subisse nos rankings internacionais que tinha sido introduzido pelo governo Serra a título de componente meritocrático numa realidade em que o merecimento não entra de forma nenhuma nos critérios de remuneração, também foi desvirtuado em uma espécie de “direito adquirido”. Em 2013 todos os funcionários da USP receberam bonus de 2 mil reais a esse título apesar da universidade ter caído no ranking acima referido.

Sexo explícito, enfim.

Saindo de uma greve de quatro meses de duração contra o plano de demissões voluntárias proposto pelo governo paulista para tentar conter a multiplicação por 7xs do buraco de 2013 prevista para este ano, os funcionários da universidade abrem a nova etapa de “negociações” exigindo aumentos no vale-refeição e no auxílio alimentação, o que é só o prenuncio de novas greves que virão antes da implosão final.

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A USP tem 87,8 mil alunos, 17,6 mil funcionários e 6 mil professores, o que representa proporções semelhantes de professores e funcionários por aluno às da PUC do Chile, por exemplo, tida pelo ranking do Times como a melhor universidade sul-americana. Só que no Chile 68% do total de salários pagos vai para os professores e 32% para os funcionários enquanto na USP 62% vai para os funcionários e 38% fica para os professores.

Na universidade chilena, só 42% dos gastos vão para salários. Na brasileira, 105% do orçamento total é para salários. Tudo o mais, da manutenção de prédios às pesquisas, fica sem um tostão.

Tudo isso deixando sem dizer que a destruição da qualidade da educação que ali se ministrava precedeu a destruição financeira da instituição, e que a perversão do espírito universitário sintetizado no dístico “Com a ciência vencerás” do escudo da USP, pautado pela liberdade de pesquisa e pela busca da verdade científica, na entronização gramsciana de uma “verdade única” imposta a todos — professores, funcionários e alunos — pela coerção moral e, muitas vezes, até pela força física precedeu a ambos.

É mais um retrato sintético do que está acontecendo com tudo o mais neste país que sustenta uma casta cheia de direitos especiais com o sacrifício do seu presente e do seu futuro, sem esquecer que o que acontecer com a USP – que já foi o melhor equipamento de produção de “infraestrutura humana” de qualidade do país – mais cedo do que tarde acontecerá com todo o Brasil.

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Tirou a polícia? Olha aí…

21 de agosto de 2014 § 8 Comentários

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O “disengagement” é um sonho impossível.

Olha só o que o Obama envelheceu depois que tentou sair fora e deixar rolar. Olha só no que deu: de volta pro século 7!

A internet garante a metástese das piores doenças do mundo. E à jato.

Amoleceu, nesses tempos de black blocs, criou o Putin “novo”, o Hamas renascido e esse Isil que, do jeito que vai, ainda consegue a proeza de unificar o mundo árabe…

Vem mais por aí, ao vivo e em cores como é hoje em dia. Tacam a sangüeira na sua cara; no quarto do seu bebê.

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Antes da globalização tudo que restava às bestas feras nascidas em meio ambientes desfavoráveis à expansão da selvageria risonha e franca era comprar uma metranca e fazer um strike até onde as balas alcançassem no espacinho de tempo que levava antes que tomassem aquilo que merecem pelo meio da cara.

Agora podem se congraçar virtualmente, todas as do mundo, e combinar banhos de sangue coletivos e festas de horror “multiculturais” contra gente pobre e sem defesa nos grotões do planeta, inextinguíveis com um único tiro da swat.

Pois nós mesmos não temos o nosso uspiano entediado com bombas de arrancar cabeça de cinegrafista anunciando que agora vai se juntar aos black blocs do Putin, na Ucrânia, que têm bombas mais divertidas, de derrubar Boeing cheio de gente? São esses caras que estão dando aulas pros nossos filhos.

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Isso sem contar os 57 mil mortos por ano da nossa guerrinha “maquiada” que não entra em trégua porque não deixam.

Não ha como escapar. A civilização não dura 10 minutos sem a presença da polícia e a ONU e o seu Conselho de Segurança são só mais uma instituição com regras democráticas nas mãos de uma maioria que não é democrática. Nós estamos carecas de saber como é isso.

Não funciona! E custa genocídio atrás de genocídio. A vista ou a prazo não faz grande diferença.

Quando o que vem do outro lado é tiro, é degola, é bomba, com risco de ser atômica, não tem outro jeito: os únicos que podem e têm recursos e tecnologia para isso estão condenados a ser a policia do mundo. É insuportável pro raciocínio mas é assim porque raciocionalidade é uma rara exceção na alcatéia humana. Cada vez que esquecerem disso e fugirem desse dever a História se repetirá. E se demorar o Hitler da vez acabará dentro da casa deles.

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Porque faz todo sentido destruir a USP

4 de outubro de 2013 § 10 Comentários

anal1

O analfabetismo voltou a crescer no Brasil pela primeira vez em 15 anos, segundo medição do PNAD. Como o agente da medição é incontestável, um “cientista” simpatizante do PT diz que o numero subiu porque agora os analfabetos estão vivendo mais tempo, graças ao PT!

Já a USP  e a Unicamp, ambas com reitorias ocupadas no momento, a primeira caiu do 158º lugar no ranking mundial da Times Higher Education para alguma colocação entre a 226º e a 250º (abaixo de 200 eles não dão mais a classificação exata) e a segunda, que antes rondava o numero 200, agora está abaixo do 300.

A tropa de choque do PT na web ainda está confusa. Antes que se dê a ordem unida e o discurso se alinhe espontânea e milimétricamente em milhares de sites de “representantes da sociedade civil” pelo país afora, metade trata de explicar que a medição é que esta errada ou mudou de critério, distorcendo a  realidade, enquanto a outra metade se rejubila dizendo que a USP caiu mesmo e, como é estadual, a culpa é do PSDB.

rac2

Enquanto o boi não dorme com essas conversas, as ações dos legítimos representantes dos estudantes do Brasil nas UNEs da vida, entre uma mesada e outra do governo e a medição do faturamento diário pela exclusividade na venda de carteirinhas que valem meia entrada em qualquer espetáculo artístico ou esportivo no país, seguem com o roteiro de sempre, ocupando reitorias para “reivindicar” que os alunos é que passem a avaliar e reprovar os professores e não o contrário, ou que a polícia fique longe dos campus que devem permanecer território isento do cumprimento das leis brasileiras, especialmente as que dizem respeito ao tráfico e consumo de drogas.

Já no front parlamentar colhem-se os louros da missão cumprida depois que impingiu-se ao país a nova lei segundo a qual basta o sujeito declarar-se negro, ainda que tendo a pele alva como a neve e os olhos azuis como o céu da manhã, que ele revoga os 10 anos de esforço do seu contendor que perdeu tempo em estudar ao longo de toda a educação primária e secundária e passa na frente dele.

anal2

Trata-se de uma formula especialmente letal posto que, ao mesmo tempo em que insufla o ódio racial, como querem os “multiculturalistas” do PT que juraram dobrar a impertinente resistência da realidade brasileira a confirmar essa sua tese, dá um incentivo fulminante  a esse “minta na cara-de-pau que o governo garante” que já provou sua eficácia destruindo o Congresso Nacional e o Poder Judiciário.

Honra ao mérito, portanto! É indiscutível a competência do PT. Do ponto de vista dele faz todo sentido destruir a USP e o resto do sistema educacional do país. Afinal, a obra de Júlio de Mesquita Filho e Armando Sales de Oliveira foi desenhada com o objetivo explícito de matar à míngua os PTs da vida pela paulatina supressão do seu habitat, que é a selva da ignorância e da miséria.

E ainda por cima foi lá que se formou e era lá que lecionava o FHC, aquele sacana que nunca escondeu a sua conspiração elitista para acabar com o analfabetismo.

rac1

Uma doença antiga e 4 notas maldosas

26 de novembro de 2011 § Deixe um comentário

O Brasil vive ha 500 anos atolado nesse mesmo brejo: o descalabro anterior é sempre o que se alega para justificar o descalabro seguinte. Em vez de providenciar o conserto do membro danificado, deixemos que ele caia de podre e que o corpo todo se entorte para se adaptar a essa irremovível “realidade”.

Um exemplo?

Deu nos jornais da semana que passou que o Ministério da Justiça destacou um grupo que vai se empenhar sistematicamente em reduzir a “inflação penal”, que é como eles chamam as “dezenas de projetos em tramitação no Congresso” que, respondendo a eleitores em pânico com a falência da segurança pública, aumentam as penas para inúmeros crimes.

O argumento é na linha de sempre: nossas prisões são tão indecentes que se transformaram em fábricas de feras. Logo a solução é deixar os criminosos soltos nas ruas e os cidadãos presos nos seus casebres, onde as “celas” são melhorzinhas…

Se, seguindo a moda em voga no mundo, o governo instituísse um único “Dia Nacional sem Roubo” por ano, dava pra arrumar todas as prisões existentes e ainda construir as que estão nos fazendo falta.

Visto que, também nesta mesma semana, noticiou-se que o Brasil gasta em proporção ao PIB e à população o mesmo que os países mais seguros do mundo gastam com polícia, confirma-se que só ficaria faltando acabar com a galopante inflação de recursos e firulas formais que valem mais que os fatos nas discussões e decisões dos nossos advogados, promotores e juízes – inclusive e principalmente nos julgamentos a respeito da corrupção dos seus pares – pra resolver o problema da segurança pública no Brasil.

Mas aí como é que esse povo trabalhador do sistema judiciário ia sustentar os seus pequenos luxos?

Nem pensar!

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Jorge Gerdau Johanpeter, que foi imperialmente remunerado, via BNDES, para não ter mais que pensar em suas empresas e poder se dedicar “ao Brasil”,  concluiu, após 8 ou 9 meses sentado no gabinete dentro do Palácio do Planalto de onde coordena a Câmara de Gestão e Planejamento do governo Dilma Roussef, que “é impossível governar com 40 ministérios e 25.500 cargos de confiança“.

Obrigado, dr. Jorge…

Mas o problema da administração pública brasileira nunca foi de falta de diagnóstico. É de recusa sistemática dos governos de tomar o remédio que todo mundo conhece contra o seu velho vício de subornar partidos políticos, fabricar e distribuir cargos públicos e cooptar empresários para lhes comprar eleições e perenizar no poder.

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E de repente, não mais que de repente, toda a legião dos banqueiros públicos e dos temidos fiscais do PT que têm acesso a cada movimentação nas contas de cada empresa do Brasil online e em tempo real no famoso computador da Receita Federal que deixa o da Nasa no chinelo, grita em uníssono sobre a compra pela Caixa Econômica Federal daquele banco do Sílvio Santos que eu e a torcida do Corinthinas sabíamos que estava arrombado: “Fomos traídos!

Coitados…

O Silvio Santos é o dono daquela rede de TV da bolinha de papel na careca do Serra que selou a sorte da última eleição.

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Kassab, acusado de ladrão, é cria de Maluf, condenado como ladrão, que é padrinho de Negromonte, flagrado como ladrão.

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A USP se transformou na nossa madrassa. É lá que são fabricados os nossos aiatolás.

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