Tudo de novo…

13 de janeiro de 2016 § 10 Comentários

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Todo mundo sabe, mas não custa afirmá-lo em voz alta, ainda mais eu que, sendo jornalista, estou exposto a ser confundido com o que não sou: as atuais “manifestações” em São Paulo têm tanto a ver com o aumento da tarifa de onibus quanto as ocupações de escolas estaduais de antes e de depois da suspensão do projeto, tinham a ver com o remanejamento de salas de aula e escolas do Alkmin.

Os “manifestantes” de hoje são tanto usuários pobres de transporte público no limite das suas possibilidades de gastar com ônibus e metro quanto os manifestantes do ano passado eram estudantes reais do 1º e 2º graus preocupados com a qualidade da educação. É muito provável, até, que uma pesquisa séria de imagens e “B.O.“s mostrasse que muitos deles são as mesmas pessoas.

manif3Este é só mais um lance desse joguinho de xadrês sem mistérios que tem por objetivo antecipar os movimentos da mídia e as emoções que esses movimentos vão produzir nos espectadores a que ficou reduzida a disputa de poder nos projetos de democracia empacados no padrão do finado século 20 onde todo mundo sabe que é exatamente assim que é, menos a própria mídia, peão do jogo, que se finge de tonta e continua tratando os participantes exatamente como eles próprios querem ser tratados e não pelos nomes, pelas descrições e pelas contextualizações que os identifiquem pelo que de fato são, condição essencial para que a farsa continue.

Não ha um pingo de espontaneidade ou de verdade em tudo isso; nada do que está envolvido no jogo pode ser chamado com um mínimo de precisão de “movimento social”. É tudo pre-fabricado, falsificado ou financiado pelos titulares da disputa pelo poder como, aliás, está devidamente mapeado no caso desse Movimento Passe Livre e seu chefe Thiago Skarnio, bancados pela Petrobras e pelo Ministério da Cultura via Lei Rouanet para os propósitos que ele próprio explica no site oficial da organização e no da sua “marca fantasia” que, muito apropriada e honestamente mistura os conceitos de “mídia” e “alquimia“, chegando a “Alquimídia“, conforme apontado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, um dos poucos que dá sinais frequentes de curiosidade e inquietação hoje em dia.

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O objetivo das presentes manifestações não tem nada a ver com os aumentos de ônibus que, no caso, são do prefeito Fernando Haddad, do PT. O alvo é a PM, do governador Alkmin, de quem, como sempre, se tentará arrancar vítimas – se o diabo ajudar fatais – e cenas bem bonitas de baderna e caras inchadas de porrada para uso em propaganda eleitoral, obviamente financiada pelos mesmos idiotas que ficam bloqueados nos engarrafamentos de trânsito enquanto elas são produzidas, sempre nos horários de “rush” da maior cidade da América do Sul: você e eu.

Todo mundo pode, portanto, por as barbas de molho. Enquanto o PT ainda estiver sonhando com o poder o trânsito, já de si infernal, piorado pelo esquartejamento das ruas da cidade em “faixas exclusivas” para diferentes classes sociais, raças, gêneros, “opções de gênero” e o que mais puderem inventar para nos dividir e atiçar uns contra os outros como é do gosto desse partido, será ainda mais infernizado por esses energumenos e seus quebra-quebras. O Alkmin pode puxar quanto quiser o saco do João Pedro Stédile que nada o demoverá – e aos seus “soldados” – de queimá-lo vivo em grande auto-de-fé ideológico em praça pública assim que conseguirem ajeitar as coisas para fazer isso impunemente, como vem fazendo a gente que pensa como ele aos “infiéis” desde que o mundo é mundo.

Não falta muito…

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PS.: Sobre black blocs, leia as informações incluídas no comentário do leitor Gustavo Gonçalves aí embaixo. Não o conheço pessoalmente mas ele certamente conhece o assunto. Confira.

“Um tal de Olacyr…”

4 de agosto de 2015 § 24 Comentários

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O cerrado desaparecera completamente, imerso numa névoa espessa. O casarão todo em madeira, improvável para um fim de mundo como aquele, era só um vulto maciço no meio da cerração trazida pela frente vinda dos lados da Bolívia. Fazia um frio de rachar e a cachorrada, contida pelas correntes estaqueadas ao chão no galpão por trás da sede, oferecia-se aos caçadores aos arrancos e repelões, numa algazarra de ganidos quase uivos de incontida sofreguidão.

Impossível sair para o campo naquele fog, apesar da excitação de um ano inteiro de espera…

Fica então entendido, senhores”, emendou mais uma vez o figuraça do capataz, “a partir deste ano não se pode mais caçar do lado de lá dos trilhos porque essa parte da fazenda foi vendida”.

Vendida?! Para quem?!

Um tal de Olacyr”…

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Eu estava – e só compreenderia isso muito tempo depois daquele momento – “presente no ato da criação” de um Brasil revolucionariamente novo que até hoje, ainda que sob forte ataque, é o que nos mantém à tona nos mares bravios da globalização apesar dos rombos da nossa incompetência política no casco. Nos anos que se seguiriam eu veria, passo a passo, esse novo país brotar quase miraculosamente das mãos de um homem de uma força instintiva incoercível que seria desde o primeiro minuto uma referência de admiração apesar da forte dose de ambiguidade que sempre temperou nossa amizade.

Chegar à “Fazenda Santa Virgínia”, em “Ponta Porã” – nomes cuja mera sonoridade fazia ferver a minha imaginação de adolescente sujeito desde o nascimento a uma poderosa febre atávica de nostalgia do “sertão” naqueles inícios da década de 70 — era sempre uma aventura cheia de imprevistos. Eu estava para entrar nos meus 20 anos e só havia três ou quatro que fora autorizado a me juntar às expedições de caça às perdizes no mitológico “Mato Grosso” que dois de meus tios organizavam anualmente e com que eu já sonhava desde antes de me entender por gente.

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Naquele tempo, para quem ia de São Paulo para Oeste, as geometrias impostas pelas cercas e roças desapareciam ali pela altura de Araçatuba. “Paranazão” além, então, era outro mundo. O dos campos de homogênea “macega” nativa e arvoredo esparso do finado Cerrado Brasileiro, território das perdizes, dos lobos guará, dos graxains, das emas e dos veados de rabo branco que rolava interminavelmente em leves ondulações quebradas de mil em mil quilômetros por abruptas fraturas geológicas formando chapadões sucessivos – uma lagoa, uma cabeceira d’água aqui e ali, com seus buritis elegantes, as matas de galeria sombreando águas de beber desenhando “veias” nas depressões da camparia; um gado muito rarefeito e meio brabo, criado solto naquelas vastidões quase inteiramente vazias de gente – até se juntar, pouco acima de Cuiabá, com as beiradas da Floresta Amazônica e, de lá até além do Equador, recobrir outros milhões de quilometros quadrados povoados de eternidade, de lendas, de sonhos e de tragédias potenciais, sem que praticamente nada feito por mãos humanas interrompesse aquele mistério todo.

Sertão”…

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Para Sudoeste, a partir de Bataguassu e até o Paraguai e além, a viagem só era interrompida, ou pelas muitas armadilhas do caminho, ou pelas “comitivas”, algumas gigantescas, de homens de outras eras, curtidos de sol e vento, volteando na poeira por cima de oceanos de reses montados em cavalos e bestas formidáveis aparelhadas de todos os couros, argolões e fivelas que remetiam às grandes lidas, os 38 invariavelmente nas guaiacas, facalhões e chairas cruzadas às costas no cós das calças, os berrantes retorcidos, tangendo, às vezes por meses a fio, as boiadas que, ao som de gritos guturais e estalares de chicote no ar que soavam como tiros, “ilhavam” por longos minutos de puro encantamento o nosso valente F-350 de carroceria de madeira lonada num mar de carne semovente.

Quando conheci a Santa Virgínia que, de alguma forma fora parte da implacável Companhia Matte-Laranjeira em que planta raízes a primeira versão do Estado do Mato Grosso, ela ainda era um latifúndio de 200 mil alqueires vigiados por esparsos “retireiros” instalados em velhas casas de madeira distantes quilometros de trilheiros abertos a cascos umas das outras, onde tantas vezes “viajei” ouvindo ao pé do fogo, sob mantos de estrelas que quem viu, viu, a eletricidade apagou para sempre, os “causos” das não tão longínquas lutas de morte entre “changa-y’s” e “barbacuás” (“ladrões de mate”) e os implacáveis capangas do “Império no Sertão” de Thomaz Laranjeira e seus sócios argentinos.

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A área original, dizia-se, fora doada pelo Imperador em pagamento por serviços de transporte para abastecer os exércitos brasileiros na Guerra do Paraguai aos tropeiros Prates, ancestrais da família a que a fazenda ainda pertencia. Pela borda Sul a Santa Virgínia encostava na última das tres ruas de terra delimitadas por fileiras de casas de tábuas acinzentadas pela intempérie, sem pintura e muito pobres, iluminadas a lamparina, do lado brasileiro de Ponta Porã, vila com fama de “faroeste barra-pesada, coito de bandidos e contrabandistas procurados num ou no outro lado da fronteira”, cuja rua principal, a única em que todas as construções, sempre avermelhadas pela poeira, eram de alvenaria, marcava a divisa entre o Brasil e o Paraguai.

O capataz que inadvertidamente acabara de nos anunciar o fim de seu mundo – bombachas, botas curtas e chapelão mas sem o sotaque gaucho, um bigodão recurvado à inglesa e a eterna “bomba” de “terere” nas mãos – tinha a noção de autoridade de quem se sabia detentor de poderes absolutos. A cada cinco ou seis dias fazia-se raspar a cabeça à navalha quase cerimonialmente por um menino negro, de seus 14 ou 15 anos, que marchava atrás dele – pincel, pote de sabão em louça grossa e toalha branca pendurada do braço – até uma velha cadeira de barbeiro com pedal e elevador que o moleque “bombava” a custo com todo o peso de seu corpo e depois basculava para ter acesso ao alvo, surrealisticamente plantada no meio da camparia, olhando para o infinito a 50 ou 100 passos do casarão.

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Aquela viagem não era só um estirão de infindáveis quilometros, mais da metade em chão batido coalhado de obstáculos às vezes formidáveis; era uma passagem no tunel do tempo que me despejava diretamente num ambiente mágico onde, com o 20 virando a curva dos finalmentes, tudo estava ainda referido ao século 19 e dele para tras.

Mas aquilo, eu veria com meus próprios olhos e não sem grandes dores, eram só “os últimos dias de Pompéia”.

Na caçada de 1974 já éramos hóspedes de Olacyr. A regra sempre fora quanto mais “sertão”, quanto mais “no nada”, melhor. A mudança da “mordomia” da sede da Santa Virgínia para os desconfortos do semi-acampamento da incipiente Fazenda Itamaraty-Sul era, portanto, um ganho. Punha-nos ao alcance campos “virgens” a que nunca chegavamos a partir da base anterior….

Cópia de JULIEU

Mas então “o tal de Olacyr” começou a nos mostrar quem era ele. O primeiro sinal foi o surgimento de uma ou duas máquinas de esteira amarelas, nunca vistas na região, e a súbita transformação em estrada – o que para os nostálgicos de “sertão” parecia uma agressão – de uns poucos quilometros do antigo caminho que ligava a fazenda a Ponta Porã. A própria rua principal da vila, aliás, ganhou por essas mesmas alturas, um “ameaçadoramente destoante” calçamento de lajotas hexagonais de cimento.

Mais um ano e já éramos “promovidos”, muito a contragosto, das duas casinhas de tábua de dois cômodos perdidas no meio do nada ao lado de um simpático olho d’água com seus buritis em que acampávamos com nossos 14 ou 15 cachorros, para um “hotel” de alvenaria ao lado de uma pista de aviação, tres ou quatro quartos de cada lado de um corredor, um páteo aberto onde eram servidas as refeições. Era, literalmente, um corpo estranho encravado num pequeno rasgo no manto verde que recobria o Brasil selvagem e chegara quase intacto da eternidade até ali e que, estranhamente, ainda se podia pisar, idêntico ao que sempre fora, dois ou tres metros além da área de terreno trabalhado para aquela construção. Mas daquele momento em diante o meu tão sonhado “sertão” da infância e da juventude nunca mais parou de encurtar…

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Outro ano e surgiram mais tres ou quatro casas e um laboratório de botânica. Como todo grande empreendedor Olacyr era antes de mais nada um fabricante de gente capacitada. Varejava as escolas de agronomia, identificava os melhores, trazia-os para o meio do “sertão” a peso de ouro e dava-lhes condições de trabalho que não existiam em nenhum outro lugar do país. Foi lá que vi pela primeira vez as enormes antenas parabólicas de TV, mastodônticas precursoras dos pratinhos de hoje. Tudo que pudesse contribuir para segurar aqueles jovens agrônomos e, mais especialmente, suas esposas e filhos pequenos naquelas lonjuras sem recursos era imediatamente providenciado.

Seguiram-se uns tres ou quatro anos de paz relativa em que a única novidade foi um quadrilátero medindo alguns hectares do outro lado da pista de aviação, onde plantava-se, ano após ano, uma dezena ou pouco mais de longas faixas de diferentes variedades de soja, selecionava-se e cruzava-se as sementes das sobreviventes que melhor desempenhavam e assim sucessivamente até que se chegou à planta ideal para uma operação de maior escala naquele novo habitat.

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E então a coisa literalmente explodiu. Mil, 10 mil, 30 mil, 50 mil hectares, a cada ano mais e mais “sertão” desaparecia sob a soja, mais gente chegava do Sul e mais aquele Brasil primitivo era subitamente atirado para a ponta do século 20. Tres ou quatro dos maiores fabricantes de tratores e máquinas agrícolas do mundo, farejando o futuro, instalaram ali extensas oficinas e laboratórios de engenharia para desenvolver in loco seus novos equipamentos; o hangar de aviação chegou a abrigar perto de 20 aviões entre meios de transporte e agrícolas; fabricantes nacionais e internacionais de gigantescos equipamentos de irrigação desenvolveram nos campos da Itamaraty os primeiros pivôs, com centens de metros de extensão, a serem utilizados na agricultura brasileira; as filas de colheitadeiras altas como prédios alinhadas até onde a vista alcançava para as cerimônias anuais de início de colheita lembravam um cenário de guerra e faziam tremer teluricamente o chão quando ligavam os motoroes e avançavam juntas pelo mar de soja; os silos da gigantesca “área industrial” da fazenda abrigavam impressionantes montanhas de grãos, suficientes, como Olacyr gostava de mostrar, para sustentar por um ano inteiro, primeiro, dois anos, depois, e assim crescendo sempre, ano após ano, as necessidades de proteína de uma população igual à do Brasil que se alimentasse só disso; uma cidade com tres ou quatro clubes, escolas diversas para crianças e para adultos, hospitais e igrejas de diferentes confissões, hotéis e restaurantes surgiu no meio do cerrado, fazendo sombra à própria Ponta Porã.

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Na virada da década seguinte, na sua insaciável sêde de fazer, Olacyr iniciava projeto semelhante em área ainda mais extensa dos sertões dos Parecis, já nas primeiras águas amazônicas, onde repetiria com a cana e com o algodão o mesmo milagre tecnológico que empreendera com a soja mais ao Sul.

Olacyr de Moraes liderou o último e o mais poderoso dos arrancos dessa parcela do Brasil onde, ao contrário do que aconteceu no da praia, a sociedade precedeu o Estado e, tendo desfrutado ¼ de século, pouco mais ou menos, fora do alcance das garras do vicioso “Sistema” eleitoreiro/trabalhista que nos parasita, instalou no Brasil Central uma ilha de meritocracia onde a vontade de trabalhar, a coragem de empreender e a capacidade de inovar e desenvolver tecnologias novas foram, para uma ou duas gerações de brasileiros, as únicas formas de legitimação do enriquecimento.

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Uma ameaça, é certo, para “O Sistema” que a Polícia Federal força, hoje, a nos mostrar a cara. Esses dois Brasis, está mais claro a cada dia que passa, são mutuamente excludentes. Pela virada do milênio, após uma longa e inglória luta, a Fazenda Itamaraty-Sul, já então uma referência global, era “desapropriada para fins de reforma agrária” . Virou uma favela rural.  E pelo novo Brasil ao qual ela deu início afora, a vanguarda do atraso e as máfias do privilégio políticamente adquirido atacam, atritam, invadem e destróem ritualmente centros de inovação tecnológica, enquanto a máquina do Estado, com os tentáculos aumentados pela tecnologia de informação importada, alcança cada vez mais fundo os bolsos do agronegócio, refém, por outro lado, da miséria infraestrutural de que nosso sistema nacional de transportes é um dos símbolos máximos.

Last but definitivamente not least, o deslassamento moral generalizado, com fonte original na política mas fortemente anabolizado por uma televisão nada menos que deletéria na área dos costumes, facilita a penetração de um interior até ha pouco mais apegado ao senso de honra, pela gelatinosa praga advocatício/trabalhista com que Getúlio Vargas e seus sucessores lulo-petistas tratam de nos condenar a todos à mesma miséria moral e material.

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Só um desses dois Brasis sobreviverá ao duelo final, que se está aproximando rapidamente. E não será a polícia nem o juiz Moro quem irá decidí-lo.

A reforma potencialmente possível será exatamente proporcional ao tamanho da queda que estaremos levando como sociedade. Tende a ser definitiva, portanto, para bem ou para mal. Cabe, assim, tratamento de choque para arrancar o país a esse estado de hipnose em que o mantém o incessante tiroteio de dossiês entre bandidos de que a cobertura da mídia não é só uma tradução, é também um componente, e tratar de identificar e ter prontos para uso na curta janela de oportunidade que se abrirá em algum momento dessa débacle, os mais eficientes e modernos remédios da moderna farmacopéia institucional global capazes não só de blindar o Brasil do trabalho contra o Brasil bandalho mas, sobretudo, de submeter este definitivamente àquele.

Recall neles!

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NESTE LINK, COMO O RECALL PODE CURAR AS DOENÇAS DO BRASIL

Questão de prateleira

13 de março de 2015 § 19 Comentários

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Os documentos vazados do banco HSBC expondo milhares de bandidos pelo mundo afora que lavam seu dinheiro em contas dessa “instituição” na Suiça, incluem 8.667 brasileiros. Não é só o HSBC, aliás. No depoimento de Pedro Barusco, o gerente milionário da Petrobras, também foram mencionados os bancos Safra (que, diga-se de passagem, já vendeu e ensacou tudo que rapinou por aqui e se mandou pra Europa), Royal Bank of Canada, Banque Cramer, Lombard Odier, Pictet, Julius Baer e PKB.

Estão entre os donos dessas 8.667 contas brasileiras, de políticos e figurões do “petrolão” a criminosos comuns como o Capitão Guimarães, dono da máfia de caça níqueis no Brasil e o traficante colombiano de cocaína Gustavo Duran Batista que homiziava-se por estas amenas praias.

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É perfeitamente natural.

O crime organizado nas ruas só existe e sobrevive se e quando tem cobertura do crime organizado nos governos pois nenhum tipo de criminoso tem força para resistir à polícia de um Estado Nacional se ele estiver realmente disposto a pegá-lo. E esse tipo de banqueiro, é claro, é que sustenta o esquema de ambos pois sem eles não haveria proveito nos crimes que praticam.

Essa corja toda – os assassinos diretos e os assassinos indiretos; nos esconderijos, nos palácios ou nos prédios majestosos que abrigam bancos e banqueiros – são todos uma e a mesma coisa. Só estão em prateleiras diferentes.

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 Questão de esgotamentos

Dilma disse ontem que “o país esgotou todos os recursos” para evitar a crise. Ela nunca foi tão literal e sincera, menos por uma palavra: onde se lê “o país”, leia-se “o governo do PT”.

O país vai “ser esgotado” é a partir de agora, para pagar a farra.

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Questão de manifestações

Melancólicas essas “manifestações” dos movimentos sociais amestrados do PT, “em defesa” da (ex-presidente do Conselho de Administração da) Petrobras e do “direito” do partido político que se apropriou da empresa de esbulhá-la impunemente por toda a eternidade.

Mesmo sendo só esses gatos pingados que a TV está mostrando, é triste constatar que ainda os há e que em pleno desnudamento do escândalo ainda ha dinheiro público pagando esquemas para fantasiá-los, equipá-los de cartazes e balões coloridos, vestí-los, alimentá-los e embarcá-los em ônibus “de luxe” para transportá-los até os pontos demarcados para fazerem esse triste papel.

A tudo isso o país real retrucará no domingo.

A conferir.

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Questão de chapéus

E por falar no “exército do Stédile” que o Lula convocou especialmente para “reagir na porrada” contra brasileiros protestando nas ruas contra continuarem a ser roubados, repare nas fotos. Na primeira está um grupo de “soldados do Stédile” recebendo “aulas” de alguma coisa. Não ha informação sobre se já são as aulas ministradas por Elias Jaua, o chefe daquelas milícias armadas da Venezuela que reagem a tiro contra manifestantes anti-bolivarianos (a “porrada” já ficou na saudade). Mas os chapéus, obviamente, não estão vestidos dentro de casa para defender esses “alunos” do sol e da chuva. Eles são o uniforme, a marca registrada dos comandados deste nobre cavalheiro que o governo brasileiro convida oficialmente a vir ao Brasil ministrar “aulas de revolução socialista” e “dá carteiradas” em nossos aeroportos para manter na cinta os 38’s que os brasileiros estão proibidos de ter com que desembarca no território nacional.

Os chapéus são iguais porque é igual o que está sendo fermentado nas cabeças por baixo deles. Só falta o resto do “equipamento“.

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Que fazer?

11 de março de 2015 § 14 Comentários

dil6Artigo para O Estado de S.Paulo de 11/3/20

O que ha de surrealista nesta crise é a ordem dos fatores. Não são os fatos que configuram a crise e pautam o discurso do governo, é o discurso do governo que pauta a crise e torna os fatos cada vez mais adversos.

De par com a roubalheira tanto mais negada quanto mais exposta, esta crise não é muito mais que a insana persistência na negação da crise, agravada pela última tentativa de dona Dilma de provar-nos que os loucos somos nós, que o que sentimos no bolso não passa de uma invenção “da mídia” e que quem vai mal não é o Brasil onde o petróleo custa o dobro, é o mundo onde o petróleo custa a metade. Assim como a Petrobras é “vítima” do assalto a que se vem submetendo languidamente ha 12 anos, o PT é “vítima” da incúria chinesa, americana e alemã para tocar uma economia com eficiência e responsabilidade.

É totalmente relevante assinalar que a par de abrir-nos os olhos para os perigosos enganos a que nos empurram os nossos cinco sentidos, dona Dilma decretou que matar mulheres – e só mulheres – passa a ser “crime hediondo”, apenas porque sua augusta excelência acordou com essa boa idéia na cabeça!

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O constante atropelamento da Lei, da aritimética e das instituições pelos “atos de vontade” do governante de plantão num mundo onde o dinheiro é um só e não admite mais esse tipo de desaforo é o que nos está matando.

Seria o momento da oposição provar que é diferente. Mas não será saudando o dono da Transpetro como “estadista da República” por reagir ao cerco da polícia atirando no dr. Levy que vai conseguir isso. Faria melhor se denunciasse a “camarotização” pacificamente assimilada dessa Brasilia que segue com suas obscenas enxúndias e adiposidades incólumes enquanto exige do Brasil da 2a Classe que entregue os músculos e até os ossos. Mas nem pelo exercício didático alguém fez a conta para mostrar quanto do superavit pretendido pelo dr.Levy poderia ser conseguido limpando o país de pelo menos 29 dos 39 “ministérios” que nem a presidente é capaz de enumerar de cór, com seus respectivos “ecossistemas” de parasitas. As provas de que a dos que pagam e a dos que são pagos com impostos são as duas únicas “classes sociais” em conflito insanável no país dos “exércitos do Stédile” poderiam ganhar a exposição que precisam ter, mas ninguém põe o dedo nessa ferida, primeiro porque, em lado nenhum existem “contribuintes” em Brasilia e, segundo – e esta é a verdade que dói – porque quase todos aqui fora têm algum pai, mãe, irmão ou filho na categoria dos “contribuídos”.

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Truque velho como a peste bubônica esse de gastar um pouco de quirera pra catar frango pro almoço, mas a gente não aprende.

E no entanto, se tem uma coisa que todo mundo sabe com certeza é que adianta tanto para a salvação da economia nacional o dr. Levy amputar músculos para preservar gordura mórbida ou fazer o ajuste burro via inflação para entregar um país que caiba nas calças por mais 15 minutos quanto o Judiciário prender mais meia dúzia de zés dirceus por meia hora e de marcos valérios por meia vida para evitar os próximos “petrolões”.

O mesmo raciocínio vale para o impeachment, ainda que não fosse no quadro de economia e instituições em frangalhos que tornam essa empreitada temerária hoje. Ele faria tanto pelo exorcismo da corrupção no Brasil quanto fez o do ex-presidente banido que está hoje atolado no “petrolão”.

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Sim, democracia não é o poder de eleger, é muito mais o de deseleger. É em torno de quem tem o poder de demitir que estruturam-se as cadeias de lealdades como mostram tanto o dia a dia que todos vivemos no trabalho quanto o receituário internacional da moderna medicina institucional. Mas somente se esse poder for institucionalizado, orgânico e previsível.

Se o desastre petista ainda não atingiu a todos, é certo que, com ou sem Dilma, ninguém escapará. Impedir o PT de presidi-lo inteiro, portanto, só pioraria as coisas. Este país tão cheio de filtros distorsivos da realidade precisa de literalidade e privar o PT de colher todos os direitos autorais a que faz jus seria contribuir para que não “pegue” a vacina que pode por-nos para sempre à salvo da volta ao “califado bolivarizado” modelo século 18 com que sonha o lulopetismo emessetista.

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O importante é garantir que disso resulte que, para tudo quanto é decisivo, daqui por diante, a ultima palavra, na brasileira, seja sempre do eleitor como já é em toda a democracia que pode ser grafada sem aspas. Para tanto, dois instrumentos são imprescindíveis: o “voto distrital com recall”, em uso pelo mundo afora desde 1846, e o “voto de retenção de juízes de direito”, em uso na norte-americana e em outras democracias de ponta desde 1934. Com o primeiro, divide-se o eleitorado em distritos delimitados e só se permite que cada candidato se ofereça a um, o que amarra cada representante a um grupo identificavel de representados. Dentro de cada distrito, todo eleitor tem o direito de iniciar uma petição para derrubar seu representante a qualquer momento e por qualquer motivo. Se conseguir um numero suficiente de assinaturas, convoca-se uma votação só naquele distrito e derruba-se o faltoso sem ter de perturbar a paz social ou o resto do país. Com o segundo faz-se coisa parecida no universo do Judiciário. Os juízes seguem sendo “intocáveis”, salvo por suas excelências os eleitores. A cada eleição aparecerá nas cédulas de cada distrito eleitoral também o nome dos juízes daquela jurisdição com a pergunta: “Deve o meritíssimo ter a sua incolumidade confirmada por mais 4 anos”? “Sim” ou “Não”.

Lembrar a toda hora aos participantes do jogo político quem manda em quem num governo “do povo, para o povo e pelo povo“, e demitir sumariamente quem esquecê-lo inverte o sentido das lealdades e faz o mundo dos políticos e do funcionalismo passar a funcionar exatamente como o aqui de fora, pela mesma boa razão: ou trabalha-se a favor “da empresa”, ou rua.

Para conseguí-lo, basta afirmar o que queremos com a mesma firmeza com que ja começamos a afirmar o que não queremos.

COMO FUNCIONA A SELEÇÃO DE JUíZES NOS EUA

TUDO SOBRE O VOTO DISTRITAL COM RECALL

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Discurso do “general” de Lula

9 de março de 2015 § 14 Comentários

Em Caracas, 4 dias atras.

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