Dino “lá”, pra fechar o cêrco

27 de novembro de 2023 § 1 comentário

De repente, não mais que de repente, o Jacques Wagner vota na PEC das monocráticas.

Faz todo sentido.

Não muda nada para Lula no STF, porque ele continua tendo maioria garantida até pelo menos a metade do século 21. O próximo ministro a  sair é o Fux, em 2028. E o ultimo o Zanin, em 2050. (O que terá restado dos três poderes e da memória viva da quase democracia brasileira até lá)?

Com o fim das monocráticas: 

  • fica eliminada uma arma que só é bom existir quando a gente está na ponta compradora;
  • vem o Rodrigo Pacheco “rebelde” automaticamente para dentro do bolso;
  • fica dado o recado aos viajores na maionese do STF de que eles não são, nem eternos, nem blindados;
  • fica esclarecido que quem manda nesta merda sou eu. 

Na sequencia da mordida vem o assopro.

É de lei!

Jantarzinho com Gilmar, Alexandre de Moraes, Zanin … e todo mundo sai de lá com o Dino, do Partido Comunista do Brasil, e o Gonet, do extinto Ministério Público, devidamente deglutidos e digeridos…

Ficam alguns rosnados no PT, mas o PT tá pra lá de treinado em ouvir a voz do mestre: se ele grita “Dei-ta-do!” ele deita…

E, last but not least, é mais um competidor que se torna “inelegível”…

Imprensa?

Esquece!

O jornalismo ameaçou reviver porque a guerra é com Israel e Rubens Menin é judeu, mas o Brasil segue “táuba de tiro ao Alvaro”…

A CNN hoje era pura alegria! Quase uma festa!

Acertado com todas as alas do Executivo, do qual emana todo o poder, restava avisar o Legislativo das decisões tomadas.

Mais um jantarzinho, e o Lula sai, ontem, com o Dino mastigadinho pelo Rodrigo Pacheco.

Missão dada, missão cumprida: o chefe da “rebelião do Senado” anuncia ritmo de reforma tributária para a aprovação de Dino ate 12/de dezembro. Na CCJ então, passa já…

Alcolumbre é Uber: tá na jogada, como sempre; é só dar o endereço que já tá pago…

E se isso é o que pode render um jantar, imagine o que não renderão 10 dias da mais intima intimidade em meio a mentiras ecológicas efusivamente aplaudidas e as pompas todas das Mil e Uma Noites das arábias!

Flavio Dino no STF.

Paulo Gonet na PGR.

O ex-quase testa-de-ferro Bessias no próximo degrauzinho da hierarquia.

Alguém do Dino no Ministério da Justiça, que de resto passa a ser decorativo já que o Poder Judiciário e o Ministério Público seguem como já estão desde a descondenação: um vasto depósito de aposentados. Quem ficar quietinho vai mamando até morrer, mas não passa disso…

Informa-se também que Alexandre de Moraes endossa o Dino desde criancinha.

Ja pôs a careca de molho…

Flávio Dino é o Alexandre de Moraes com uma causa. O sem causa volta então à sua vocação original, de chefe de polícia; de executor. São funções informais, como têm sido nestes últimos anos, mas num país com cada vez menos lei, o que sempre basta pra satisfazer os vícios dele…

O Gilmar? 

Esse não conta. Que se afogue em euros e vinhos do porto…

O Barroso? 

Se fizer alguma coisa não será mais do que beicinho.

E o resto do STF?

Resto? Que resto? Ainda tem? Quem são eles mesmo?

O que resta, de fato, é o Congresso dos representantes eleitos do povo brasileiro. Mas ele é aquilo que a gente sabe: lá tem as putas, tem o “congresso de resultados” e tem os heróis da resistência.

Mas esses não focam: cada cabeça é uma sentença. Vão de banheiro de escola ao sonho do liberalismo.

Só o que eles tem em comum mesmo é achar que conseguem alguma coisa sem mudar o Sistema.

E aí fica naquilo: um Cleriston, quando tiver; a defesa dos presos sem lei, sem advogados, sem recurso; a maconha, o aborto, o casamento gay…

E os nomes para gritar:

“Fora” uns…

“Volta” outros…

É gente prática! Quer “pautas populares”. As que mudaram o mundo não contam.

O POVO NO PODER?!

Eles não conhecem aquela história…

“Reforma institucional não é com a gente”!

…e a quase democracia brasileira bateu na praia, exausta, e sonhou com os leões da Argentina.

Análise do debate da Band

17 de outubro de 2022 § 6 Comentários

Barroso faz resumo da Lava Jato

7 de outubro de 2022 § 10 Comentários

A ditadura saiu do armário

24 de agosto de 2022 § 10 Comentários

A custa de descargas irreprimíveis de fel a dupla global conseguiu a duras penas manter sem rugir o seu tantas vezes confessado ódio ao entrevistado na noite de anteontem o que, dado o retrospecto e as condições vigentes em outras dimensões deste país indigente de qualquer traço de civilidade pode ser considerado um avanço, mesmo que apenas tácito. Já tivemos dias piores nessa matéria nos arraiais do moribundo jornalismo pátrio, como ainda temos no ambiente muito mais francamente tóxico do Supremo Tribunal Federal e dos abestados batedores de bumbo da sua “Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito” (14.197/2021).

Os números da audiência da Globo nos últimos quatro anos de desvarios, choro e ranger de dentes é o que explica mais esta “reforma gráfica” (da forma mas não do conteúdo) que tão veementemente nos fala das virtudes do “controle remoto” nas mãos do povo que é tudo que falta ao Brasil das instituições. 

Só quando ele puder “zapear” sumariamente para fora da “grade de audiência” os políticos, os servidores e os juízes que cruzarem a linha do decoro e do interesse público assim que ousarem faze-lo – vulgo democracia – este país terá conserto.

Qualquer dúvida que reste quanto ao Jair Bolsonaro menor e os pruridos que ele provoca na epiderme de cada um, a chaga purulenta da truculência do pequeno Putin do STF, que chantageia a Nação com a “bomba atômica” do estado de anomia espalhado das alturas da instituição que tomou de assalto resolve. Não ha mais como acusar o presidente – e não o primitivo ex-secretário de segurança e ex-advogado do crime organizado para quem democracia é uma questão de polícia – sem passar um recibo de assumida desonestidade e inimizade ao Brasil.

Em tudo o mais, a “entrevista” da Globo foi o de sempre: como culpar Bolsonaro pessoal e intransferivelmente por cada raio, cada rajada de vento e cada gota de chuva da tempestade planetária que cair sobre o Brasil. É um esforço que, a cada insistência, a cada torção de braço, a cada volta do parafuso torna-se mais patético e contraproducente pois a falta de munição real que essa obsessão denota – de par com o sucesso do tratamento que Paulo Guedes está dando aos estragos da tempestade comparado com os de todo o resto do mundo, que a matemática confirma, as bolsas de valores e os investidores internacionais festejam e é o que nos fala do presente e do futuro – são as credenciais que fazem o Jair Bolsonaro que age maior que o Jair Bolsonaro que fala.

A violência assumida dos três patetas do STF, de par com a covardia generalizada dos seus pares e dos supostos patrões de todos eles no Legislativo, mais a morte do jornalismo, tirou os democrafóbicos de 64 do armário. Cessou o chororô – como tudo o mais, transformado em mesada – contra a censura e as “prisões arbitrárias” dos “anos de chumbo”. Agora assumem-se abertamente como o que sempre foram. E é a desonestidade fundamental e agressiva deles que explica a resiliência política de Bolsonaro. Eles mesmos, já na porta de saída, não são suficientes nem para fazer transbordar para a cracolândia do entorno, mais uma criatura da “redemocratização”, o woodstockezinho do pátio da São Francisco.

A síndrome de imunodeficiência à violência ideológica que se tornou física no Brasil é, ainda, a que o PT plantou em seus 13 anos no poder e, para além de todas as outras considerações morais, deteve a marcha do país para o futuro e voltou a ser posta em causa nesta eleição a golpes de casuísmo explícito.

Goste do que tenha gostado no passado, ninguém pode afirmar sem dolo que não sabe que quando acaba o mandato dos bolsonaros, tudo que veio vai embora com eles, como manda o eleitor. E que quando Lula é apeado do poder ele deixa postes plantados, a educação pública destruída, a privada aparelhada, as estatais e outros componentes estratégicos da infraestrutura nacional ocupados e declarados “independentes” dos governos que vierem a ser eleitos, um Estado corrupto colonizado, a competição meritocrática na economia privada subvertida, os bandidos prendendo a polícia e “polícias políticas” instrumentalizadas para espionar com minucia chinesa conversas íntimas dos “inimigos do Estado”, além de um STF recheado de advogadozinhos de porta de cadeia de passado mais que suspeito e futuro cada dia mais certo a serviço de pulverizar qualquer sombra de certeza jurídica, conflagrar a Nação e inviabilizar a ferro, lama e fogo, qualquer país que os brasileiros decidam ter no voto que não seja “o seu”.

Se assumem esse grau de violência e ameaçam criminalizar até o pendão verde-e-amarelo na saída da porta arrombada da cadeia estando ainda na oposição e minoritários em todas as instâncias de representação eleitas pelo País Real, imagine-se o que fariam com o Tesouro Nacional (e possivelmente mais o de São Paulo), as Forças Armadas e todo o poder do Estado nas mãos dos banqueiros do Foro de São Paulo que tomou a América Latina de assalto num país que, para além das exceções heróicas, está inteiramente desprovido de imprensa.

Porque tudo isso me dá nojo

2 de agosto de 2022 § 15 Comentários

Investigando o assassinato de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta” em dezembro passado, o Denarc chegou ao contador de confiança da família da Silva, João Muniz Leite, que fez as declarações de renda de Lula, a quem já servia havia alguns anos, entre 2013 e 2016 e a favor de quem depôs em pelo menos dois processos da Lava-Jato até 2019. 

Os delegados de narcóticos descobriram que Muniz e sua esposa “compraram bilhetes premiados de loterias federais por valores maiores que os prêmios a que faziam jus 55 vezes somente no ano de 2021” para “lavar” o dinheiro sujo de “Cara Preta”, um dos principais fornecedores de drogas do PCC. Tudo isso a partir do mesmo prédio na rua Cunha Gago 700, em Pinheiros, sede de seis de suas “empresas”, que Muniz divide com ninguém menos que Lulinha, o ex-primeiro filho, que mantem lá três das empresas que, a partir do posto de zelador do zoológico de São Paulo, construiu durante as presidências de seu pai e de sua sucessora: a FFK Participações, a BR4 Participações e a G4 Entretenimento.

Com o dinheiro assim esquentado “Cara Preta” comprou a UPBus, “empresa de transporte público que mantem contratos de R$ 600 milhões com a prefeitura de São Paulo para operar 13 linhas de ônibus na zona Leste”, em sociedade com cinco membros da cúpula do PCC e 18 de seus familiares. São eles Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, Claudio Marques de Almeida, o “Django”, Decio Gouveia Luis, o “Português”, Alexandre Salles Brito, o “Xandi”, e Anisio Amaral da Silva, o “Viu”. 

Em razão disso o Denarc e o Ministério Público pediram o arresto dos bens de Muniz em 2 de junho passado, que foi negado pela justiça.

As “empresas de transporte público”, como se recorda, são o “ramo de negócios legais” mais tradicional do PCC. Foi advogando para uma delas que Alexandre de Moraes e senhora saltaram para o estrelato. 

Em maio de 2006, recorde-se, o PCC “tocou o terror” contra São Paulo. Saiu assassinando policiais e agentes públicos civis a esmo nas ruas para demover Geraldo Alckmin, que então ainda era o governador que repudiava ladrões, batia de frente com o crime organizado e estava distribuindo os líderes da facção por presídios federais de segurança máxima blindados para telefonia celular nos confins do Brasil. 

Ao fim de 564 assassinatos foi, porém, Geraldo Alckmin quem se rendeu. Procurando um interlocutor com acesso a ele para negociar a trégua com “Marcola”, o chefão supremo do PCC, foi-lhe indicado o escritório dos Moraes que defendera a Translurb, uma UPBus da época, em 123 processos…

O resto, na carreira do nobre causídico, é história…

Por três vezes os representantes eleitos do povo brasileiro votaram pelo acoplamento de uma impressora nas máquinas de votar brasileiras. Por três vezes os ministros eleitos exclusivamente pelo Lula para o STF revogaram essa decisão alegando motivos fúteis. Depois de anular três instâncias do Judiciário brasileiro para tirar Lula da cadeia e colocá-lo na corrida presidencial, “as últimas” de Alexandre de Moraes e seus endossadores dentro e fora do STF foram censurar, isto é, proibir que se mencione as descobertas do Denarc que convenceram o Ministério Público e, na sequência, tentar criminalizar o ato de Jair Bolsonaro de ler trechos do minucioso relatório da Polícia Federal brasileira demonstrando o contrário com fatos para os mesmos embaixadores a quem Edson Fachin, no papel de presidente do TSE, garantira, semanas antes, que as urnas eleitorais brasileiras são inexpugnáveis e que o presidente eleito do Brasil diz o contrário porque é louco e prepara um golpe.

Nem Alexandre de Moraes nem, muito menos, os donos do banco Itau e os outros brasileiros, oligarcas ou não, que a eles se juntaram num “manifesto pela democracia” apresentado como reação ao gesto do presidente, aceita a palavra de um técnico da confiança do ministro Barroso como garantia de que foi paga uma divida que lhes fosse devida, nem que seja de 10 tostões. Os credores, os devedores, os bancos, e a própria justiça de que o STF é a cúpula só aceitam um comprovante impresso como prova de que a transação de fato ocorreu seguida, se preciso for, da “prova final” da conversão em notas de reais dos termos nele constantes. 

Assim, pra não dizer que não falei de flores, vamos aceitar só metade ou menos da definição de “direito”. Esqueça o que é certo e o que é justo. Fiquemos só com a noção de “ordenamento normativo”; de “regulamentação das relações fundamentais para a convivência  e a sobrevivência do grupo social” de Norberto Bobbio no seu Dicionário de Política. Se o Brasil estivesse impondo à risca a merda de constituição que tem, poderia ser chamado um “estado de direito”. Não um “estado democrático de direito” porque a nossa constituição não é democrática, nem no conteúdo, que reduz a pó-de-traque o povo que as constituições democráticas tratam de por no poder, nem na forma como foi empurrada goela abaixo da massa ignara dos habitantes do favelão nacional mas, assim mesmo, um “estado de direito”, ainda que de um mau direito.

Mas é o contrário disso que está acontecendo. Nem com a merda da constituição brasileira o brasileiro pode contar mais. Não valem nada as leis votadas pelos representantes eleitos do povo nem no passado, nem no presente, nem no futuro. Não vale nada nenhum dos direitos do cidadão brasileiro que elas expressamente garantem. Não vale mais nem mesmo a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Agora, dispensado na largada o “devido processo” que, quando há, é “secreto” (!!!), só vale o que der na tampa de Alexandre de Moraes, o nosso Pequeno Putin, cujos atos estão previamente garantidos pelos seus “endossadores” de plantão no STF e fora dele, aí incluída a imprensa do “mas” na sua inglória luta contra os fatos, não porque ele esteja sendo justo ou cumprindo o papel que lhe prescrevem a lei e a constituição, mas só porque é o detentor da “bomba atômica” da ultima palavra do poder da república que tem a prerrogativa de cassar a liberdade de quem viola a lei e passou a considerar que a lei é ele mesmo, em pessoa, e mais nada.

Sentimento é sentimento. Fato é fato. Eu admito, embora discorde porque a consequência é a que é, quem dá uma de avestruz e, diante de tudo que está aí, diz: “eu não voto no Bolsonaro nem a pau porque não vou com a cara dele”. Mas tenho nojo de quem diz “não voto no Bolsonaro para salvar a democracia” elegendo o Lula e esse “estado democrático de direito” do Alexandre de Moraes.

Onde estou?

Você está navegando em publicações marcadas com Lula em VESPEIRO.