The world wide war

11 de janeiro de 2015 § 49 Comentários

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As grandes novidades da parada são a vontade de morrer e a inexistência de objetivos ou motivações territoriais. Matar o maior numero de “inimigos” é tudo que eles pretendem.

A geração dos “games” — é a arte que imita a vida ou a vida que imita a arte? — já nasce e passa a juventude co-vivendo a saga virtual de “lobos solitários” de arma na mão caçando gente na rua. E partir disso para a ação no mundo físico é a “droga pesada” da hora para quem não se encaixa mais neste mundo. Não mais o suicídio moral e físico a conta-gotas do mergulho nos entorpecentes ou a saída pelos temerários “esportes” ultra-radicais com que costumava-se procurar a morte no passado.

O “cool“, agora, é matar para garantir que se vai morrer literalmente como nos “games“, com alguém apertando um botão lá no Arkansas que dispara de um “drone” insuspeitável, voando silenciosamente lá perto da estratosfera, um pequeno míssil para atingir no olho esquerdo o alvo lá do outro lado do mundo.

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E então o jogo segue para o próximo estágio…

Antigamente as guerras acabavam quando o preço em vidas da sua continuação se tornava pesado demais para um dos lados. Também é por aí — garantindo a certeza infalível do castigo — que as polícias e os tribunais do mundo civilizado contêm a criminalidade. Mas com um dos lados desejoso de morrer essas formas de dissuasão deixam de fazer efeito.

Sendo o “inimigo” visado por eles qualquer um, não havendo qualquer intenção de conquista territorial e passando a morte no final a ser o grande objetivo a ser conquistado, a guerra perde o foco e a perspectiva de ter um fim previsível. Guerras assim não podem ser ganhas ou perdidas por nenhum “lado“, a não ser o das vítimas selecionadas “at random“, como numa loteria, para serem mortas em cada ataque. E assim torna-se crônica como o crime comum é hoje na vida das grandes cidades.

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O que tudo isso faz com os fundamentos éticos e morais da civilização ocidental é que é o grande problema. Se tudo é mero acidente e a vida é uma loteria, que sentido fazem os limites que aceitamos e os sacrifícios que nos impomos em nome da substituição da lei da selva por uma condição de segurança e previsibilidade que nos permita concentrar-nos no trabalho e no desenvolvimento da ciência? Onde a meritocracia — que substitui a lei do mais forte (ou do mais bandalho) nessas sociedades consensuais — encontra guarida nessa nova realidade? Afinal, não é assim também até na ordem planetária onde a “harmonia dos mundos” saiu de cena para dar lugar às grandes explosões que criam ou destroem planetas a esmo?

Eis aí o desafio deste Terceiro Milênio..

Filosofias aparte, no entanto, para salvar vidas agora o que se requer são remédios bem práticos. Se toda essa barbárie é um caminho para se chegar ao paraíso, haverá que se considerar negar aos que assassinam em nome de Maomé a morte de “mártir” da “jihad” que é a recompensa que procuram, e tratar, ao contrário, de torná-los “impuros” de modo a serem barrados para sempre naquele harém cheio de virgens lá do céu, como teria feito o general “Black Jack” Pershing nas Filipinas.

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Reza essa história que pouco antes da 1a Guerra Mundial houve uma onda de ataques terroristas de islamistas radicais contra as forças norte-americanas naquele pais que os Estados Unidos tinham “herdado” da Espanha derrotada na Guerra Hispano-Americana. O general Pershing capturou, então 50 elementos do grupo terrorista, amarrou-os aos postes de execução por fuzilamento mas, antes da ordem de fogo, fez seus soldados trazerem alguns porcos para o local da execução e matá-los na frente dos terroristas horrorizados. Os muçulmanos, especialmente os radicais, têm horror a porcos que consideram um animal “impuro“. Não podem tocar na sua carne e no seu sangue sob pena de ficarem instantaneamente barrados para todo o sempre nas portas do paraíso. O general Pershing teria feito, então, com que seus soldados mergulhassem as balas com que fuzilariam os terroristas no sangue dos porcos e dado a ordem para a execução de 49 dos 50 prisioneiros. Seus corpos foram, a seguir, atirados numa cova comum e por cima deles foram espalhadas as entranhas e os pedaços dos porcos mortos. Terminado o espetáculo, o 50º terrorista foi solto e, pelos 42 anos seguintes não houve um único ataque terrorista muçulmano em qualquer lugar do planeta.

Essa história pode não passar de mais uma dessas lendas de que a internet anda cheia, não tenho como aferir, mas que a idéia é boa é boa. Se é da vida após a morte que se trata e é por ela que se mata o remédio é aceitar a temática deles e condená-los à danação eterna, o que, como se vê, é muito mais fácil, eficiente e barato.

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Não seria um remédio absolutamente completo porque essa “lógica” do martírio na “jihad” já pulou a cerca do redil maometano mais primitivo e se transformou na escolha de 9 entre 10 das almas penadas deste mundo, como indica o número crescente de filhos da abundância e da boa educação de países desenvolvidos que agarra a bandeira negra da “volta ao Califado do século 7“. Mas com certeza afetaria a matriz dessa fábrica de agentes da morte, o que comprometeria seriamente as linhas de produção e treinamento desses assassinos espalhadas pelo Oriente Médio e outras esquinas do mundo.

Sobrariam, então, só os loucos sem fé privados do apoio e da sustentação dos financiadores de tudo isso que jogam outro jogo — o Grande Jogo do Poder — no qual a conquista de territórios e populações a serem escravizadas continua sendo a condição para ganhar autonomia financeira nos volumes que bancar uma guerra global e permanente exige e a morte continua sendo o fim do caminho.

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Dilma e o Estado Islâmico

25 de setembro de 2014 § 36 Comentários

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Pensei em iniciar este artigo lembrando que ao propor, de cima da única tribuna do planeta voltada para toda a humanidade, entre os costumeiros elogios a si mesma e à obra do PT, “o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU” junto aos genocidas decapitadores, estupradores, cruxificadores, chicoteadores e apedrejadores de mulheres do Estado Islâmico que têm horrorizado um Oriente Médio treinado no cotidiano da barbárie, a nossa preclara “presidenta” colocou-se à esquerda da Al-Qaeda que, antes mesmo dos governos dos países atacados pelas bestas-feras que se escondem por tras daquelas máscaras negras, renegou essa seita sanguinária e instou o mundo a varre-la da face da Terra antes que não sobre ninguém até mesmo contra quem praticar-se o bom e velho terrorismo tradicional.

Mas logo lembrei-me de que valores mais altos se alevantam ou no mínimo se sobrepõem a esse posicionamento relativo. Ao proferir impropério desse grau em plena Assembléia Geral da ONU o “poste de Lula” coloca-se abaixo do mais desinformado entre os menos informados dos homens comuns e do mais alienado entre os alienados deste mundo. Coloca-se, portanto, em algum ponto entre a indigência mental e a incapacidade orgânica de processar os dados da realidade, condição que, se fosse finalmente diagnosticada, proporcionar-lhe-ia o bonus de inocentá-la de toda a carga de ignomínia e comprometimento moral embutido na insanidade que ela propôs aos homens que governam o mundo com cara de quem dá aulas a principiantes.

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Como uma coisa puxa a outra lembrei-me, então, de que sua excelência não estava ali em mais um dos seus delirantes improvisos sem edição mas sim lendo um documento cuidadosamente elaborado pela elite da sua equipe de governo que traduz a visão oficial de mundo de seu partido e que, para vergonha nacional, estava sendo apresentada ao concerto das nações como a posição oficial de todos os brasileiros a respeito da carnificina que vem horrizando até os terroristas da velha guarda.

Consolei-me, então, com as provas que o mundo tem dado de que já entendeu a diferença entre o PT e o Brasil, de que nos dá testemunho o presente estouro da boiada dos investidores internacionais para fora de nossas fronteiras, esta que assume ritmo frenético cada vez que Dilma Rousseff e seu fiel escudeiro Guido Mântega, na sua incoercível arrogância, concebe uma nova intervenção para conter os efeitos da última intervenção.

Para que essa fuga em massa se tornasse possível hoje foi preciso que tivesse havido o movimento inverso antes, que se deu quando a aposta ainda podia ser feita no Brasil e nos brasileiros por cima dos quais Dilma e o PT parecem decididos a passar a galope, convencidos que estão de que é seu destino manifesto substituir-se a nós todos e às nossas história e tradições não só no concerto das nações como na obra de construção nacional.

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O lado positivo deste episódio é que, estando ele fora das injunções da eleição, pode-se dizer que constitui-se numa rara manifestação autêntica e espontânea da verdadeira anima petista que, quanto mais se aproxima o 5 de Outurbo, mais se emburaca no mar de mentiras com que eles nos vêm intrujando.

Vai-se destacando como síntese perfeita do que esse partido se tornou o prefeito da maior e mais carregada de problemas concretos  entre as metrópoles brasileiras, Fernando Haddad, que deixou de lado as pranchetas e as obras públicas e adotou um pincel e uma lata de tinta como seus únicos instrumentos de “realizações” com os quais vai esterilizando, rua após rua, as fontes de geração de riqueza e criação de empregos da maior cidade do pais criando barreiras intransponíveis entre comerciantes e consumidores em troca da “demagogia ciclística” que a imprensa resolveu comprar, do esquartejamento de vias públicas sufocadas por automóveis e combustíveis eleitoreiramente subsidiados e da distribuição “socialmente determinada” de privilégios no que resta de mobilidade numa metrópole atravancada à fatia mais gorda do eleitorado.

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O PT, enfim, assumiu-se como fraude.

O que apresenta como obra sua e como provas de seu desempenho tem tanto valor quanto as faixas coloridas que o sr. Haddad esparge por aí a título de prestação de contas pelo uso e pelo abuso do maior orçamento da Republica depois do da União.

As contas públicas nacionais são uma mentira, a taxa de inflação é uma mentira, os números do desemperego são mentiras, a “crise internacional” só de Dilma é uma mentira, o programa de “remissão da miséria” do PT com os 85 milhões de cheques distribuidos de mão em mão todo mês é uma mentira, os preços represados da energia, bombas de neutrons contra o nosso amanhã, são mentiras.

O alegado amor de Dilma à democracia é mentira. O compromisso com a liberdade de imprensa de quem censura até o IBGE é mentira. Suas acusações contra os demais candidatos são mentiras. A “luta sem tréguas do PT contra a corrupção”, é a mãe de todas as mentiras.

Até os “eleitores” das campanhas dos ministros candidatos do PT são mentiras.

aaO próprio PT e sua candidata à reeleição são mentiras, enfim.

Mas a espontânea manifestação de apreço da “diplomacia” peto-marcoaureliana pelos genocidas do Estado Islâmico é genuina e verdadeira. É, no mínimo, aquilo que no jargão do tênis seria chamado de “erro não forçado”.

Mesmo assim, enquanto as carótidas são cortadas a faca pelo Oriente Médio afora e as hordas de mães e crianças em estado de choque se espremem em pânico nas fronteiras do “califado islâmico” para escapar à única forma de “diálogo” praticada pelos amigos de dona Dilma, Aécio Neves segue, inabalável na sua fleugma, dedicando todos os escassos minutos de que dispõe na televisão a prometer vagos “choques de gestão”, programas de “recuperação da malha ferroviária” ou esquemas de “poupança estundantil” e Marina Silva vai em frente especulando vagamente sobre sustentabilidade.

Que mentira é maior que a de coonestar tanta mentira, calando-se quando confrontados com elas?

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Terrorismo em rede

9 de setembro de 2014 § 16 Comentários

a6 tumblr dutchman“Jihadista” holandês “posta-se” no Tumblr

Passei o fim-de-semana fuçando a internet para entender melhor esse fenômeno do Estado Islâmico, o grupo que nasceu dentro da Al Qaeda e acabou por devorá-la, e esse estranho fascínio que ele exerce sobre jovens do mundo inteiro que estão indo para a Síria para, ao lado dele, impor pelo terror um “Grande Califado Islâmico como o que havia no século 7”, com pretensões a substituir tudo que existe hoje em matéria de estados nacionais no Oriente Médio.

Não bastassem as degolas, cruxifixões e fuzilamentos em massa de que o Youtube está cheio, entendi que quando um grupo terrorista assusta o próprio mundo árabe é melhor a gente prestar atenção no que vem vindo por aí.

Neste artigo fico no exame da participação de ocidentais nessa orgia de violência.

Depois de ler uma boa dezena de reportagens e entrevistas em profundidade com jovens cooptados pelo EI – do meio brasileiro, meio belga Brian de Mulder, vulgo Abu Qassem Brazili, de mãe carioca, a casos envolvendo rapazes e moças portugueses, ingleses, franceses, belgas, suecos, norte-americanos, dinamarqueses (este o país que, proporcionalmente à sua população, mais mandou jovens para lutar na Síria) e até chineses – minha conclusão é de que a grande novidade nessa parte do fenômeno é apenas e tão somente o advento da rede mundial.

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Brian de Mulder e a mãe no Rio e feito Abu Qassam Brazili

O Estado islâmico é, também, como tudo o mais hoje em dia, um produto da internet. Psicopatas, nihilistas e desesperados sempre existiram em todas as sociedades, só que agora eles podem articular-se em redes do tamanho do mundo como todos os outros mortais, formar grupos de mutua realimentação de gostos e delírios, conversar uns com os outros e compartilhar “likes” e experiências, execuções sangrentas inclusive, literalmente ao vivo.

Graças à rede mundial e seus mecanismos de busca, também esse tipo de doente – e porque discriminá-los de todos os outros que podem satisfazer suas taras com o recurso a eles? – pode saber hoje, em detalhe e com instantaneidade, que o que de melhor o mercado global oferece para quem tem esse tipo de sede é a jihad islâmica com a liberdade ampla, geral e irrestrita para chafurdar no sangue que ela oferece a todos quantos queiram aderir à festa.

Como não ha, nas democracias ocidentais, leis que impeçam um cidadão de aderir ao que quer que seja e de dar os passos subsequentes para dar substância a essa relação, tudo que é necessário fazer é juntar dinheiro e comprar uma passagem para a Síria, via Turquia, para aproveitar essa oportunidade única.

a0000xA “noiva” portuguesa

Essa foi a primeira vertente de “enganche” de “jihadistas” ocidentais, a maioria dos quais nada têm a ver com a cultura ou com a fé islâmicas, são majoritariamente pós-adolescentes recém “convertidos” que não requerem muita argumentação para embarcar nessa parada. Já estão predispostos a ela.

A última onda tem sido de mulheres. Na fé islâmica, como se sabe, elas não estão autorizadas a ter ideias ou iniciativas próprias, nem que for para morrer pelo Islã. Mas o problema foi resolvido com sites especialmente desenhados para arrumar “esposas” para os jihadistas ocidentais já residentes na Síria. Faz-se o casamento via internet e, então sim, elas também podem ir para a Siria, desde que devidamente vestidas com o niqab, aquela roupa preta que só deixa os olhos de fora.

Para essa “tranche” de europeus explorados pela geração de seus próprios pais, sem emprego nem perspectiva, a jihad parece ser um substituto da heroína, uma forma de suicídio lento que assola o Velho Continente ha décadas como um virus ebola renitente, ou do suicídio rápido que, cada vez mais, eles buscam por formas “criativas” que vão dos esportes ultra-radicais às aventuras temerárias que hoje estão na moda.

a000xPara postar…

A adesão à jihad pela implantação de um “califado” modelo século 7 aproxima-se dessa categoria. É uma espécie de videogame real com a vantagem adicional de oferecer-lhes, pronto para consumo imediato, aquilo que mais lhes falta: um sentido para a vida, ou melhor, para a morte.

O ódio é, em geral, filho da injustiça ou da impotência para mudar a própria condição, nem que seja pelo merecimento. Na Europa do welfare state, essa mesma impotência pode, porém, assumir a forma de um tédio profundo já que, dentro do atual quadro de estagnação, que é função da exploração de uma geração pela geração anterior que não abre mão de seus “direitos adquiridos”, mesmo numa relativa abundância, se não se vai chegar jamais ao ápice, nunca, também, cai-se no buraco absoluto que cria e alimenta ódios porque o Estado está lá para amparar os tropeçados.

É esse previsível e insuperável “Nada” que mata. E é aí que a internet entra para oferecer aos solitários, aos sem esperança, nem fé, nem vontade; aos depressivos reduzidos à solidão gregária do computador, uma alternativa para a droga pesada ou para outras formas mais rápidas de suicídio.

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Esta é a geração que copia e cola a sua própria identidade via Google”, diz Muhammad Hee, um intermediador muçulmano contratado pela prefeitura de Copenhaguen para operar um programa anti-radicalizão em bairros de imigrantes. “E está ficando ‘cool’ ser visto como um ativista”.

Para os verdadeiros jihadistas árabes vem a calhar.

Segundo especialistas, o grupo Estado Islâmico pode ter entre 7 e 10 mil combatentes. E até o momento ha entre 1500 e 2000 europeus e ocidentais em geral que aderiram a eles.

Mustafa Haid, fundador e diretor da Dawlaty, uma ONG de ativismo contra a violência na Síria, afirma que não são os sírios que estão transformando esses jihadistas ocidentais em radicais. “Eles já eram assim. É o contrário, esses caras estão na Síria cometendo atrocidades contra sírios. Um sujeito que se dispõe a abandonar tudo e ir lutar em outro país já tinha atingido um ponto de ultra radicalismo. As missões suicidas são uma estratégia essencial para avanços rápidos do EI e esses ativistas estrangeiros são preciosos para eles porque são frequentemente mais ardentes que os combatentes locais em seu desejo de morrer pela causa. Os estrangeiros chegam aqui inspirados. São os que mais desejam morrer”.

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O diagnóstico combina com o que é feito por estudiosos dinamarqueses, um dos países mais ricos e organizados da Europa. Em novembro passado, o primeiro dinamarques, Victor Kristensen, loiro e de olhos azuis, detonou seu cinturão de explosivos numa missão suicida no Iraque. Desde então mais tres dinamarqueses, estes com raizes arabes e paquistanesas mas nascidos e criados na Dinamarca, morreram em missões suicidas.

Estou ansioso para me tornar um mártir também” confessava um quinto, com nome de guerra de Abu Tarek, baseado em Raqqa, na Síria, a uma jornalista de seu país. Tres dias antes dessa entrevista, a mesma jornalista tinha encontrado Mouin Abu Dahr, outro homem-bomba que tinha vivido na Suécia e na Dinamarca e que, aos 21 anos, se explodiu em frente à embaixada iraniana em Beirute matando 23 pessoas. “Era uma pessoa doce e gentil, muito querida em Aalborg, onde viveu. Ele tinha ficado noivo poucos meses antes de sua missão suicida”.

Ha pouca novidade em tudo isso, enfim, para além das facilidades que a rede mundial acrescenta para potencializar velhas doenças crônicas da nossa espécie.

O lado complicado dessa história está na convivência da democracia com essa nova realidade em que, de ilhas protegidas por fronteiras físicas elas se transformaram em pequenos segmentos de ordem numericamente quase insignificantes contíguos ao e permeáveis pelo grande caos global.

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A preocupação dos países que estão exportando “jihadistas” é que alguns deles podem voltar a seus países de origem – e estão mais ou menos livres para fazer isso dentro de estados de direito – e trazer para dentro deles, enormemente multiplicada, essa sua ânsia de mergulhar no “Nada” arrastando multidões atrás de si.

Ocupando porções crescentes de território sírio e iraquiano, os serviços de inteligência ocidentais têm informações de que o EI se apoderou de universidades e cientistas que desenvolveram esse tipo de artefato, além de, possivelmente, depósitos de armas químicas do ditador Bashar Al Assad.

Assim, embora o alvo desse grupo seja essencialmente os próprios muçulmanos de outras denominações que estão no caminho do seu projeto de poder – porque é sempre disso que se trata como se verá no próximo artigo – o crescente e inevitável envolvimento ocidental na guerra para prevenir a dissolução completa de qualquer resquício de ordem na sensibilíssima região do Oriente Médio pode acabar resultando em ataques terroristas com o potencial de fazer do 9/11 coisa pouca.

Se parar o bicho come; se correr o bicho pega.

Quem viver verá.

U.S. President Obama addresses during a press conference at Belveder Palace in Warsaw

Tirou a polícia? Olha aí…

21 de agosto de 2014 § 8 Comentários

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O “disengagement” é um sonho impossível.

Olha só o que o Obama envelheceu depois que tentou sair fora e deixar rolar. Olha só no que deu: de volta pro século 7!

A internet garante a metástese das piores doenças do mundo. E à jato.

Amoleceu, nesses tempos de black blocs, criou o Putin “novo”, o Hamas renascido e esse Isil que, do jeito que vai, ainda consegue a proeza de unificar o mundo árabe…

Vem mais por aí, ao vivo e em cores como é hoje em dia. Tacam a sangüeira na sua cara; no quarto do seu bebê.

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Antes da globalização tudo que restava às bestas feras nascidas em meio ambientes desfavoráveis à expansão da selvageria risonha e franca era comprar uma metranca e fazer um strike até onde as balas alcançassem no espacinho de tempo que levava antes que tomassem aquilo que merecem pelo meio da cara.

Agora podem se congraçar virtualmente, todas as do mundo, e combinar banhos de sangue coletivos e festas de horror “multiculturais” contra gente pobre e sem defesa nos grotões do planeta, inextinguíveis com um único tiro da swat.

Pois nós mesmos não temos o nosso uspiano entediado com bombas de arrancar cabeça de cinegrafista anunciando que agora vai se juntar aos black blocs do Putin, na Ucrânia, que têm bombas mais divertidas, de derrubar Boeing cheio de gente? São esses caras que estão dando aulas pros nossos filhos.

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Isso sem contar os 57 mil mortos por ano da nossa guerrinha “maquiada” que não entra em trégua porque não deixam.

Não ha como escapar. A civilização não dura 10 minutos sem a presença da polícia e a ONU e o seu Conselho de Segurança são só mais uma instituição com regras democráticas nas mãos de uma maioria que não é democrática. Nós estamos carecas de saber como é isso.

Não funciona! E custa genocídio atrás de genocídio. A vista ou a prazo não faz grande diferença.

Quando o que vem do outro lado é tiro, é degola, é bomba, com risco de ser atômica, não tem outro jeito: os únicos que podem e têm recursos e tecnologia para isso estão condenados a ser a policia do mundo. É insuportável pro raciocínio mas é assim porque raciocionalidade é uma rara exceção na alcatéia humana. Cada vez que esquecerem disso e fugirem desse dever a História se repetirá. E se demorar o Hitler da vez acabará dentro da casa deles.

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Brasil e Oriente Médio: desgraças paralelas

10 de julho de 2014 § Deixe um comentário

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Nesta terça-feira, 8, dia do “Mineiratzen” pelo que pouca gente deve te-lo lido, O Estado de S. Paulo publicou um artigo de Mathieu Atkins, que cobriu para o New York Times a luta entre as inumeras “facções do islamismo” que compõem os grupos armados do “Estado Islâmico no Iraque e no Levante” (o tal “Isil) e os que lutaram contra ele na cidade de Alepo que foi tomada por esses partidários da ressurreição de um “califado islâmico” modelo Século 7 e, em seguida, retomada por outros grupos armados não necessariamente ligados ao governo desafiado pelos primeiros.

A matéria — “A promessa dos radicais de Alepo” neste link — é uma confusão não porque seja defeituosa do ponto de vista jornalístico mas porque descreve, com a fidelidade possível, uma realidade que é uma tremenda confusão na qual, da Al Qaeda para cima – ela também dividida em diferentes “facções” e “correntes” – o confronto inclui de tudo e mais alguma coisa daquilo que, do Século 7 em diante, quer ser chamado de “variação do islamismo“.

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Tentar entender as nuances que separam esses grupos e essas supostas “variações” usando o racional e os padrões de definição política, ideológica ou religiosa das democracias do Ocidente só pode conduzir – seja o jornalista, seja o funcionário do Departamento de Estado, seja o presidente dos Estados Unidos – de erro em erro, a catástrofes que acabam sempre do mesmo jeito: à derrubada de cada tirania estabilizada sucede uma tirania instável que passa a matar muito mais que a anterior para se estabilizar, pois que é, sempre, de medição de forças entre “chefões” e não de qualquer outra coisa mais substancial ou sutil que se trata.

A cada banho de sangue que se procura deter em nome de critérios humanitários, portanto, segue-se em geral um banho de sangue ainda pior. E a dificuldade está em que “to disengage” e deixar isso correr, como Obama anunciou que faria, joga tanta lenha nessa fogueira de vaidades e ambições que, dado o poder das armas de hoje, põe a continuação da humanidade em risco.

Se correr o bicho pega, se parar o bicho come…

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Para um brasileiro acostumado a viver no meio de uma guerra que mata mais que qualquer uma das declaradas do Oriente Médio sem sequer se dar conta de que assim é porque aqui a mortandade não está assumidamente relacionada à luta política (embora esteja de fato), não é difícil entender porque as sucessões são como são no Oriente Médio.

Desde que a “hegemonia cultural” socialista morena se instalou nas nossas escolas, igrejas e meios de comunicação no nível requerido para que passasse a se reproduzir sozinha “educando” as classes dominadas a tomar como natural e conveniente a sua submissão à classe no poder, a nossa disputa política passou a ser semelhante às das “variantes do islamismo” em que se fragmenta o Oriente Médio: só ha diferenças de grau de radicalismo em torno da mesma única “verdade” geral admitida, nas madraças lá, nas escolas aqui, “verdade” esta cujo principal objetivo é tornar impossível àquele país e àquela população dominada fugir para a modernidade.

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As verdades capazes de conduzir a ela são proibidas sob pena de apedrejamento físico, lá, e de apedrejamento moral, aqui, e de forma tão implacável e eficiente que, depois de algum tempo acabam sendo esquecidas e nem chegam mais a existir no horizonte das possibilidades.

A representação política de toda a rica diversidade humana e mais a da variedade das ambições em disputa — que continuam insistindo em ser ricamente diversa, uma, e variada, a outra, seja como for que se as cerque — fica, portanto, obrigada a se acomodar nesse estreitíssimo espaço que sobra.

Assim torna-se tão difícil diferenciar uma “corrente” do islamismo da outra entre as que estão, por exemplo, em luta pelos pedaços do Iraque neste momento, quanto é estabelecer as diferenças existentes entre os 30 e tantos partidos políticos que disputam os pedaços do Brasil agarrados a alguma “corrente” ou variação do “socialismo“.

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Quem, tentando compreender tudo isso de fora, for suficientemente realista para sair de dentro do seu próprio sapato e calçar o de quem está dentro dessas realidades falsificadas haverá, entretanto, de concordar com o que diz na matéria referida um chefe de um dos bandos em luta, um certo Abu Bilal da “Brigada Tawhid”.

Os comandantes dos supostos grupos seculares do Exército Sírio Livre vinculados ao governo sírio no exílio que os governos ocidentais vêm apoiando“, diz ele, “são como as ONGs: sabem como dizer o que o doador quer ouvir. Mas na realidade são só contrabandistas de diesel que controlam uma parte da fronteira. Não empreendem nenhum combate sério”.

Quem assiste os nossos “Programas Eleitorais Gratuitos” sabe exatamente o que ele está querendo dizer.

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La como cá, uma vez no poder, esses grupelhos que não representam mais que as ambições pessoais do seu chefe tanto quanto qualquer “cappo” dono de quarteirão disputando um pedaço de uma cidade dos velhos filmes da Máfia, mostram-se todos iguais: os sobreviventes compõem-se entre si e instalam uma mistura de roubalheira com violência institucional na dose que for necessária para não perder o pivilégio de ser ele a comandar o saque da população do território conquistado de que, no fim das contas, todos eles participarão em algum grau para permitir uns aos outros que o saque prossiga, de forma organizada, pelo maior tempo possível.

Não faz diferença nenhuma as alegadas nuanças da fase de disputa pelo poder, assim como não faz grande diferença que uns segurem o território conquistado com kalashnikovs e os outros com dinheiro. O certo é que tudo isso não tem nada a ver, nem com islamismo, nem com socialismo, que é coisa que nunca existiu no universo da realidade, nem, muito menos, com democracia, além de ser sempre muito difícil chegar a uma conclusão sobre qual dessas duas formas de se sustentar no poder mata mais.

Lá como cá, estancar a sangueira e fugir para a modernidade depende estritamente de se encontrar os meios de colocar as “religiões” e os dogmas nos seus devidos lugares e tratar de por as relações entre os homens e as deles com o Estado dentro dos limites estritos das leis e das instituições as mais impessoais, objetivas e invioláveis possíveis, de modo a permitir que, respeitados esses limites, cada um estabeleça a sua relação com deus e busque a própria felicidade da maneira que melhor lhe der na telha.

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