“Voto distrital com recall” é a resposta – 1

25 de junho de 2013 § 36 Comentários

voto2

(1º de uma série sobre voto distrital com recall. Leia os próximos aí em cima)

Rapidamente saímos do caminho malcheiroso dos “representantes” nunca eleitos para outro mais limpo e transparente.

Bom!

Combina muito com as facções em luta dentro do PT tentar enfiar trutas na discussão logo no primeiro momento como esta que eu denunciei pela manhã e de repente a coisa sumir no ar como se nunca tivesse acontecido. Lá cada um quer uma coisa e quase todas são ruins…

Dilma, a princípio completamente desorientada, surpreende-me pelo acesso de humildade. Do murro na mesa parte para consultas a representantes de todos os poderes em busca de caminhos para dirimir sua perplexidade.

Nada como um bom trambolhão debaixo de vaias para um político cair na real!

Basic CMYK

Nós temos a força. Eles entenderam, finalmente, que não são eles que mandam nesta merda.

A diversos amigos que me ligaram, respondi sempre o que venho dizendo aqui: não precisa inventar nada; o caminho é voltar aos elementos básicos da boa e velha democracia de que nós nunca tivemos um gostinho.

Entre todos os que tenho mencionado aqui, o mais prático e operacional para o momento é o que o ministro Joaquim Barbosa acaba de discutir com Dilma pelo que se depreende da entrevista que ele deu minutos atrás à Globonews: o voto distrital.

O voto distrital, como o ministro destacou, conduz automaticamente ao seu corolário, que é o “recall”, ou a retirada do mandato de representação do representante que trai.

Só com ele podemos entrar no terreno que permite a ação direta da cidadania sem risco de sacanagem.

v5

Se sabemos que o deputado representa um determinado grupo de eleitores, é fácil estabelecer uma regra clara para tirar-lhe esse mandato mediante a coleta de uma porcentagem “X” de assinaturas daquele colégio eleitoral que levaria a um referendo para confirmar ou cassar o mandato do traidor.

Como disse o ministro e as manifestações de rua confirmam, a crise é de legitimidade, sintetizada naquele grito que mais se repete e que eu já registrei aqui: “Não nos representa! Não nos representa!”.

O voto distrital põe um dono em cima de cada deputado e de cada vereador pelo Brasil afora. E isso muda completamente a qualidade do jogo.

Um monte dos outros problemas de que os cartazes das manifestações se queixam endireitam-se automaticamente só com essa medida. E um monte de possibilidades futuras promissoras se abrem com ela também.

v6

A gente mandando neles, tendo o emprego deles nas nossas mãos, tudo o mais é possível conseguir.

Se você quer que essas manifestações resultem em algo de bom, esse é um excelente começo. Transforme-se num soldado – digital e das ruas – do voto distrital com “recall. Atenção porque esse complemento é fundamental. Não aceite uma coisa sem a outra que é o que eles vão tentar naquelas famigeradas “regulamentações” em que tudo se dissolve.

Grite, escreva, repasse e repita: “VOTO DISTRITAL COM RECALL

Cabe registrar, para encerrar, que a oposição está perdendo uma grande oportunidade por não ser a primeira a empunhar essa bandeira. Mas ainda está em tempo.

voto4

Já do Congresso, só veio o que era de se esperar. O sr. Renan Calheiros e a legião de oportunistas em volta dele apressou-se em montar uma extensa lista de “presentes” para os manifestantes, todas tentando comprá-los com dinheiro.

Passe livre” eterno no transporte público para os pouquíssimos grupos que ainda não ganharam esse privilégio; mais dinheiro pra saúde, mais dinheiro pra educação, mais dinheiro pra isso, mais dinheiro praquilo.

Não acredite em nada que se baseie em dinheiro. Esse dinheiro é o seu e o que o Brasil precisa é mudar as bases da sua democracia; reformar o seu sistema de representação.

Um passo de cada vez. Aposte no voto distrital que esse dá um monte de filhotes.

voto3

TODA A SÉRIE SOBRE VOTO DISTRITAL COM “RECALL”

https://vespeiro.com/2013/08/21/democracia-a-mao-armada-9/

https://vespeiro.com/2013/08/14/a-travessia-do-deserto/

https://vespeiro.com/2013/08/02/porque-nao-ha-perigo-no-recall-7/

https://vespeiro.com/2013/07/23/recall-sem-batatas-nem-legumes/

https://vespeiro.com/2013/07/20/discutindo-recall-na-tv-bandeirantes-6/

https://vespeiro.com/2013/07/15/mais-informacoes-sobre-a-arma-do-recall/

https://vespeiro.com/2013/07/12/voto-distrital-com-recall-como-funciona/

https://vespeiro.com/2013/07/10/a-reforma-que-inclui-todas-as-reformas/

https://vespeiro.com/2013/06/25/voto-distrital-com-recall-e-a-resposta/

 

Um cheirinho de golpe no ar

25 de junho de 2013 § 10 Comentários

5

3

Péra um pouquinho…

Contra essa política que aí está, sim!

Contra a política de modo geral, não!

Não vamos confundir o sentido dessas manifestações porque se todos os micos que estamos pagando e que os cartazes todos traduzem são consequência de falta de democracia, não é com menos democracia que vamos resolvê-los.

A tal “democracia” brasileira, que mal merece esse nome mesmo entre aspas, é falsificada nos seus elementos fundamentais.

Primeiro, cada homem não vale um voto. Tem eleitor que vale 10, 20 e mais vezes que outro eleitor, conforme o lugar em que more. O Congresso, portanto, não representa o Brasil como ele é, representa a correlação de forças que prevalece no momento entre os velhos caciques que controlam as porteiras dos velhos partidos.

15

Nesse universo particular, o gado de quem tem mais força vale mais voto, independentemente de não tirar essa força da única fonte aceitável de legitimação do poder, que é a soma de um por um dos brasileiros das ruas, estejam onde estiverem, mas sim do maior ou menor sucesso que esse cacique obteve ao longo do tempo na manipulação das alavancas da corrupção.

Segundo, não ha meio de se identificar, depois de eleito, que representante representa que representado, porque todo candidato pode colher voto onde estiver mais barato comprá-los e não num determinado distrito ou junto a um determinado grupo identificável de brasileiros de modo que, quando ele votar lá no Congresso, a gente possa saber se ele está votando contra ou a favor dos interesses de quem o elegeu.

13

Sim, tá tudo errado. Mas pelo menos quem está lá foi eleito em pleitos nos quais todos os brasileiros foram convocados a votar segundo uma regra pré-estabelecida e válida para todos, ainda que seja uma regra torta, e com fiscalização aceitável contra fraudes eleitorais.

Agora vêm dona Dilma, dona Ideli e cia. ltda. nos dizer que o remédio pra falta de transparência do nosso sistema de representação é passar por cima até dessa eleição torta e enfiar no povo “projetos de reformas” formulados por gente que não foi eleita por ninguém mas se auto-intitula “representante da sociedade civil”, auto-eleição esta que é chancelada ou não pela magnânima disposição do PT de aceitá-los como “movimentos sociais” e chamá-los a sentar-se à “mesa de discussão” com a senhora “presidenta”?!

Alto lá!

Isso se chama golpe!

17

É aquele expediente primitivo do Chávez e seus bolivarianos amestrados de chamar todo mundo de idiota e jogar uma milícia armada em cima de quem ousar não aceitar a ofensa.

Aqui falta a milícia armada. Ainda…

Como tantos outros golpes contra os direitos humanos, a liberdade de expressão e o mais que sabemos desde sempre, este dessa “democracia direta” falsificada (porque há uma autêntica de que falarei num próximo artigo) é mais um dos que constam da “lista oficial de desejos do PT” que é aquela batizada de Plano Nacional de (extinção dos) Direitos Humanos, o PNDH que eles tentaram nos enfiar goela abaixo lá atrás e não conseguiram.

É como a história do controle da mídia e do desmonte do Judiciário e do Ministério Público. Pele de pica, se me perdoam a expressão chula mas precisa. Deu mole, estica pra frente. Não deu, volta pra traz. O PT acredita piamente naquela história da água mole em pedra dura, tanto bate até que fura…

21

Não é atoa que, antes mesmo da conversa começar dona Ideli já tinha pronta, no forno, essa “reforma política” que só fala de financiamento de campanha, ou seja, dos meios e modos de enfraquecer quem venha querer “corocá” contra quem já “corocô”, mas não toca no principal que é tornar o representante identificável e facilmente demissível em caso de traição ao representado, coisa que se faz com os consagradíssimos institutos do voto distrital e do “recall” ou retirada do mandato de representação.

De modo que ficamos com esse abacaxi pra descascar.

O par de fotos da capa do Estadão de hoje é uma síntese perfeita do dilema: ou aquela mesa com os proverbiais 40 … ministros que não estão lá exatamente pra mudar as coisas, ou aquela outra mesa com aqueles moleques que o PT escolheu, agindo sob a regência das mãozinhas de dona Dilma.

É a alternativa desesperantemente perfeita pra fazer a gente baixar a guarda e aceitar gato por lebre. Todo cuidado é pouco.

Também as manifestações têm oferecido uma simbologia perfeita da ameaça que esse dilema encerra.

16

Ha nelas uma maioria esmagadora que vai às ruas à luz do dia e de cara limpa e mostra por escrito aquilo que está pedindo. Não vi nenhum deles carregando mensagens golpistas. Mesmo de impeachment quase não se fala porque também esse filme nós já vimos e não é isso que a situação pede.

E há os que só vão à rua mascarados e preferencialmente à noite. Bobo seguindo moda e psicopata tem pra todo gosto. Mas também tem os que sabem porque escolhem sua máscara.

Tem mascarado refinado, com aquela cara branca e cínica do “Anonimous” que, ou são os blogueiros e hackers chapa branca (ou chapa vermelha) que o PT paga para promover linchamentos via internet e apagar na marra o computador de quem pensa diferente deles, ou são os anarquistas da rede que acham que vão criar um mundo novo armando e acobertando mega piratas que ficam bilionários surfado a onda deles pra tocar fogo na propriedade alheia até que não sobre pedra sobre pedra.

8

Tem mascarado menos refinado, que enrola a camiseta no rosto pra poder quebrar, pra poder roubar ou pra poder fazer as maquinações do jogo sujo do poder, como aquelas que o agente do Lula dentro do governo Dilma, Gilberto Carvalho, foi flagrado fazendo com os bate-paus do seu próprio gabinete que foram promover quebra-quebras em portas de estádios ou em portas de palácios.

Bandido, um puxando o tapete do outro, enfim.

Mas para nós, os sem máscaras, o que interessa é que todos os mascarados, num ponto, se equivalem.

Eles querem menos democracia. Nós queremos mais. Eles querem revogar a política. Nós estamos só chutando a bunda dela pra que ela acorde e passe a funcionar.

20

Eu procurei, de lanterna na mão…

14 de junho de 2011 § 1 comentário

Não ha como evitar: diante de Dilma “mon coeur balance”.

Com o indisfarçável nojo que ela sente por aquilo que a imprensa insiste em legitimar aderindo à expressão “articulação política” ela leva de barato a metade dele.

A “infelicidade” que Roberto Pompeu de Toledo detectou na Veja desta semana, que ela transpira por se ver condenada a jogar fora tudo porque lutou para se entregar às mumunhas “daquela corte de homens de cabelos pintados ou transplantados em que consiste a fina flor do PMDB“, e mais as dos equivalentes destes do seu próprio partido, acrescenta mais uma fatia à metade de mim que, solidária, simpatiza com ela.

A unção de Gleisi para a Casa Civil, de início, provocou-me um repelão. Mas, de novo, quando li o relato detalhado do que ela “aprontou” no Mato Grosso do Sul, fiquei fã.

Uma petista de carteirinha que corta 30% dos cargos de putaria (esses que o PMDB cobra) da própria companheirada e faz a limpeza que ela fez por lá é alguém que põe o interesse publico no lugar que ele merece na escala de prioridades. O fato dela ter feito isso contra petistas – e de dentro do próprio PT! – torna isso indiscutível.

“Finalmente um macho nessa esbórnia!”, que me perdoem os que vêm “fobias” gênero-sexuais debaixo da cama!

Não me lembro de ter visto nada de parecido acontecer nestas terras. E falo de todos os partidos.

Mas foi só eu começar a me entusiasmar e lá veio a “tábua” em Shirin Ebadi. Aquela mulher pequenininha, frágil, enfrentando sem nenhuma arma na mão Ahmadinejahd e os aiatolás atômicos apedrejadores de mulheres todos só com a palavra.

Não dá pra engolir um gesto moralmente tão covarde sem ser involuntariamente empurrado a todas as conclusões que ele implica.

Mas será que não foi só pra não contribuir pra exacerbar de novo o vespeiro do PT, àquela altura (e ainda agora) mais agitado ainda que o enxame de varejeiras do PMDB?

Tento subornar minha consciência com essa ideia…

E então, Ideli, a do Ministério da Pesca, abrigo dos fugitivos das Farc.

Caramba! Estaremos virando do gelatinoso cinismo lulo-sindicalista para a dureza vítrea dos “true believers”?

Mas, se não fosse ela, quem? O Vacarezza do Lula? Ou outra das criaturas do pântano sindicalista?

Agora, o “sigilo eterno”, sob os auspícios de Fernando Collor e José Sarney, uma semana depois da tentativa de apagar o impeachment da História do Brasil!

Olha que até o Stalin, antes de conseguir começar a reescrever a da Rússia teve de matar toda a velha guarda bolchevista e mais metade da população das estepes. Será que aqui passa mesmo só nesse vai da valsa? “A pedidos”?

Nada é impensável nesse país desde os merges and aquisitions de Lula…

Ok. Afastemos as concessões conscientes à ingenuidade.

Vamos por a coisa assim: antes de vê-la atuando, eu pensei que sabia; hoje confesso, francamente, que ainda não sei o que a Dilma é. Mas já sei uma boa parte do que ela não é.

E só pelo que ela não é eu já gosto dela.

Se e quando mostrar outro lado, agirei como minha consciência mandar.

Por enquanto sou testemunha. Já não digo em quem… em que a Dilma podia se agarrar para tentar resistir ao lamacento tsunami lulista – com Michael Temer e José Sarney de guardas pretorianos e Fernando Collor esvoaçando logo atrás – se até a imprensa já perdeu as medidas e não sabe falar (nem pensar) senão na novilíngua de Brasília?

Isso tudo, afinal, não pode ser lido de outro jeito?

Dilma tentou dar um basta ao esquartejamento do futuro do país no cepo dos açougueiros do Congresso. E quem é que foi cobrado e repreendido por isso? Aqueles estripadores? Os ladrões de carteirinha? Os límpidos, os translúcidos canalhas de sempre da definição de Nelson Rodrigues?

Nada!

Ela! Só ela!

Por “inapetência para os deveres inerentes à sua função de governar”.

Já ninguém consegue imaginar “governar” como se entende essa expressão em qualquer outro lugar do mundo civilizado neste país sem limites.

Governar tem de ser, obrigatoriamente, aderir à putaria? “Mocinhas” que não estão dispostas a isso deveriam, mesmo, procurar outro tipo de métier? Nós não temos mesmo salvação?

Sigo pelas colunas dos jornais:

A primeira missão de Ideli é desfazer a impressão de que a presidente Dilma só quis afirmar autoridade e confrontar aliados escolhendo uma colecionadora de arestas” …

E nós queremos mesmo que se desfaça essa impressão de que existe uma intenção de tratar a política com alguma dignidade? É isso que está pondo o país em risco? Bom para o Brasil é mesmo que Dilma abaixe a crista e passe a ser mais lula que o Lula no que diz respeito ao PMDB e ao PT podre?

Ideli “precisa conquistar a confiança (sim, “daquela gente”), mostrar que tem influência junto a Dilma (para conseguir dinheiro e cargos) e desenvolver a capacidade de fazer valer o combinado” (isto é, entrega-los a quem “aquela gente” determinar que sejam entregues)…

É disso mesmo que o Brasil precisa?

Sutileza não é o atributo preponderante (de Ideli, diz-se em tom de crítica) … diz que vai partir para a operação limpa prateleira” (o que fere a sensibilidade “daquela gente” que) “não quer ver os seus pleitos tratados como mercadoria”, ora vejam!

E quem teria a sutileza necessária e adequada? José Sarney?

Dá uma brecada de arrumação, gente!

A Dilma deu a deixa e ficou falando sozinha. Disse (dizendo ou deixando de dizer) aquilo que há séculos o Brasil se ressente de nunca ter ouvido de alguém na posição dela. E ficou esperando a devolução do passe.

E o que foi que colheu? Um monte de bronca pela sua “falta de jeito”.

Ingênua”. “Amadora”. “Indisposta para a articulação política”…

E o que era mesmo que nós andamos procurando, de lanterna na mão, estes anos todos?

Onde estou?

Você está navegando em publicações marcadas com Ideli Salvatti em VESPEIRO.