Enquanto o tsunami passa
20 de janeiro de 2015 § 4 Comentários
Quanto mais você paga, menos você tem.
O aumento das tarifas e dos impostos no mesmo dia do primeiro ensaio do apagão nacional é proverbial. Com a água, então, é pior: quanto mais ela faltar — e em São Paulo o governo sozinho perde mais de 30% no caminho entre o reservatório e a sua torneira por “furos nos canos” — mais você vai pagar.
O “ajuste” é necessário porque sem ele não vamos só ficar estacionados, sem crescer, como vimos vindo, vamos andar mais e mais para tras já e isso pode acabar tirando o PT do poder. Entretanto, para andarmos um milímetro que seja para a frente, que fique anotado, vai faltar energia (além de água).
Sinuca de bico…
No mais, é o de sempre: como é proibido por lei tocar em qualquer privilégio dos “de dentro” do Estado brasileiro, os “ajustes” são SEMPRE feitos nas costas dos “de fora”. E como isso vem de longe e já estamos no osso, estão arrancando os músculos da galinha dos ovos de ouro para que os privilégios desse pessoal possam continuar intocados por mais um tempinho.
Vai daí, aos 20 dias do ano que ainda tem 345 pela frente, já fomos tungados em 43 bi pelos cálculos das medidas anunciadas pelo dr. Levy nas primeiras duas “demãos” que ele deu no “ajuste”. Não está nessa conta o imposto particular que a Petrobrás está nos cobrando sobre o petróleo barato que anima a festa do mundo. E hoje o dr. Tombini, um “oriundi” cujo nome em italiano significa “bueiro“, “ralo” — seria um presságio? — anuncia mais um aumento de juros. Ele é o “sim senhora” que operou o Banco Central em Dilma 1, onde foi cavado o buraco, mas que Dilma 2 manteve na equipe econômica. Merecimento, sabe?
E, quer saber? Vai piorar. É questão de tempo. Dona Dilma não admitiu nem por um segundo que tudo que fez para arrebentar as contas do país estava errado. Apenas mandou segurar os ladrões onde estão e amordaçou-se para não dizer o que pensa e permitir que o seu CEO particular nos esfole durante dois anos, possivelmente pelo dobro do necessário, para poder voltar a ser a Dilma que compra votos à mão larga nos últimos dois do seu mandato detonando setores tão “insignificantes” para o resgate da miséria nacional quanto os de energia e biocombustíveis com que comprou votos na eleição passada, e assim garantir junto aos desmemoriados de sempre mais quatro anos de impunidade para o PT.
De modo nenhum é um “ajuste de fé“, como nos confirma enfaticamente a sua opção por Evo Morales de preferência a Davos.
Somos Bolívia e não Suíça, e o dr. Levy que se vire para explicar praqueles chatos como é que isso sinaliza o restabelecimento da confiança dos investidores no Brasil.
Enquanto isso ela vai se fingindo de avestruz. Mais um pouco nesse mutismo e veremos surgir na imprensa os “dilmólogos“, como já houve os “sovietólogos” e os “sinólogos” do passado que tentavam interpretar os sinais vindos de dentro do sistema político hermético da União Soviética e da antiga China comunista que ela quer reviver para antecipar o que mais ia pela cabeça daqueles velhinhos sinistros que tratavam aquela metade escravizada da humanidade como ela nos trata: decidindo tudo sobre nossas vidas e as da nossa descendência sem perguntar nada a ninguém.
Essa “apatia” da Dilma, é bom reparar, é, entretanto, das mais seletivas. Ela é louca mas não rasga dinheiro.
Enquanto o tsunami passa ela trata de ir armando o seu exército de mercenários varrendo o lixo dos fundões do Congresso Nacional com a ajuda de Gilberto Kassab, o “Rei da Sucata”, e outras figuras igualmente promissoras que ela quer legar às próximas gerações de brasileiros, e instalando a guarda pretoriana da “Democracia Socialista” da esquerda do PT nos postos mais próximos do pescoço da democracia brasileira à espera de uma oportunidade. Conforme a força que conseguir amealhar aí – e não em função do erro ou do acerto do seu ajuste e do efeito que ele produzir nas ruas — é o que me diz o cruzamento desses sinais todos, é que ela decidirá o modo como voltará a agir acima da superfície.
Em paralelo, a signatária da compra de Pasadena, ajudada pelos quintas-colunas que as redações mais irresponsáveis deste país ainda abrigam, trata de delatar seus delatores.
Venina, primeiro, Paulo Roberto Costa, agora…
É só o primeiro passo. Tipos como ela começam delatando seus delatores e, se não houver reação, passam a “suicida-los“. Melhor reagir agora pra não correr o risco, como os argentinos, de quando ela vier te buscar não haver mais ninguém para reagir.
Haddad, Kassab e as novelas da Globo
13 de novembro de 2013 § 7 Comentários
Um perigo essa guerra de arapongas!
Com a progressiva consolidação do “Reich de Mil Anos” do PT já não ha o que lhes resista. As tênues fronteiras e distinções de comportamento que chegaram a se esboçar dentro do território “deles” com os ensaios de meritocracia e responsabilidade fiscal da longínqua “Era FHC” vão perdendo a razão de ser.
Faz cada vez menos sentido ser mais realista que o rei que clama todos os dias, lá do trono, o seu “Eu sou. Mas quem não é”?, sublinhado pelos sucessivos “Eu não disse“? que a sua polícia distribui de jornal em jornal, cobrindo de lama vivos e mortos.
Como consequência cada vez mais gente “lá dentro” desiste de “não ser”.
Ocorre que num ambiente onde todos generalizadamente “são”, usar a arma da denuncia de corrupção é, cada vez mais, atirar no escuro: nunca se sabe em quem se vai acabar acertando.
Fernando Haddad, o petista bonitinho que gosta de posar de Robin Hood enquanto arranca o couro do povo com seus impostos escorchantes, achou que seria muito esperto, para abafar as manchetes contra o golpe do IPTU com + 35% à meia noite, “dar acesso” aos jornalistas do costume às provas das falcatruas de uns tantos fiscais ladrões escolhidos entre as hostes de fiscais ladrões dos ex-prefeitos que se apresentam como pré-candidatos a disputar com o PT o governo do Estado de São Paulo.
Dois coelhos com uma só cajadada!
Esqueceu-se sua excelência de que na nova realidade suborno-totalizante instalada no país não ha senão aliados do PT.
O mundo dos 32 “partidos políticos” brasileiros onde, fora os dois ou três com veleidades de disputa-la que reivindicam “neutralidade” enquanto a eleição não passa, todos os demais se declaram “de esquerda” e aliados dos atuais ocupantes do poder, parece-se cada vez mais com o das novelas da Globo que ninguém sabe se imitam a vida ou se são imitadas por ela.
Como todo mundo “come” todo mundo nesses ambientes gêmeos – velhotes e moçoilas, crias e criaturas de qualquer sexo, tipos normais e tipos “especiais”, homens, mulheres, híbridos ou “trans”, foi só disparar a primeira bala e ela não parou mais de ricochetear.
A hecatombe dos metro-sexuais da nossa política faz lembrar a das ruas aqui fora. Caem amigos e caem inimigos; caem alvos visados e caem alvos “perdidos“; caem os desvalidos e caem os protegidos. A diferença é que os alvejados aqui fora morrem de fato e os lá de “dentro” são apenas “afastados” até que tudo seja esquecido depois das quatro ou cinco semanas regulamentares.
O que fica são as ênfases nada sutis com que a televisão “dá” mentidos e desmentidos nos horários que o povão assiste e nos horários que o povão não assiste o que passa nas telinhas…
A pantomima, de qualquer maneira, diverte e (ainda) faz algum alvoroço. “Acessos” e mais “acessos” misteriosamente “obtidos” por diferentes órgãos de imprensa jogarão sal e pimenta nessas histórias provocando as divertidas reviravoltas que animam as noites da TV. Mocinhos virarão bandidos e bandidos virarão mocinhos ao sabor da arte da edição como pedem todos os folhetins que se prezam.
Mas, outra vez como nas novelas da Globo, no final tudo voltará às boas. Com a aproximação das eleições, diante da perspectiva de mais quatro anos no controle das tetas, corneados e corneadores, transgressores e transgredidos, acusados e acusadores perdoar-se-ão mutuamente e cantarão, abraçados, que “Hoje é um novo dia/ de um novo tempo que começou./Nesses novos dias, as alegrias serão de todos, é só querer”.
Todos os sonhos deles, enfim, serão verdade.
Nos mundos encantados do modelo globeleza de família brasileira e da “luta ideológica” que move os aspirantes a Brasília tudo sempre acaba bem.
(REMÉDIO PARA ESTA DOENÇA VOCÊ ENCONTRA NESTE LINK)
O corrupto essencial e o maria-vai-com-as-outras
12 de março de 2012 § 1 comentário
Tanto quanto no que diz respeito a outros atributos humanos, também no que se refere à corrupção existem os autênticos, os inovadores, os grandes criadores e os que são apenas seguidores, esforçados maria-vai-com-as-outras.
A distinção faz toda a diferença. Vai de estar submetida a uns ou aos outros uma sociedade ser vítima de predação sistêmica, podendo ser levada ao esgotamento, ou apenas de atos isolados de rapinagem que ela pode se organizar para coibir e controlar.
Primeiro porque os grandes criadores são muito menos numerosos que os “maria”. Segundo porque, se os primeiros não conseguem se estabelecer como padrão para o resto da sociedade, a corrupção dos outros permanece em estado de latência e eles podem até ser compelidos a comportar-se de modo virtuoso se for esse o caminho obrigatório para o sucesso.
O maria-vai-com-as-outras, em resumo, vai com quaisquer “outras”. Deixa-se pautar pela circunstância enquanto o corrupto “de raiz” em momento algum consegue deixar de ser o que é.
Daí a pertinência da síntese de autoria de Theodore Roosevelt tantas vezes citada aqui:
“O problema não é haver corrupção. Corrupção é inerente à espécie humana. O problema é o corrupto poder exibir o seu sucesso, o que é subversivo“.
Veja-se, por exemplo, a reportagem que O Estado de S. Paulo traz hoje sobre o loteamento das tetazinhas de R$ 6 mil por mês nos conselhos das empresas do Município de São Paulo entre representantes de sete partidos que o prefeito Kassab acredita que possam vir a contribuir para o sucesso das suas ambições políticas.
Gilberto Kassab não tem nem a personalidade que se requer de um grande criador no campo da corrupção, nem a fibra que caracteriza o tipo que persiste em remar contra a maré para tentar reformar as regras do Sistema. É o exemplo perfeito e acabado da variação “maria”.
Como a esmagadora maioria dos que nos roubam e achacam a cada passo nos municípios e nos estados desde que o PT escancarou as portas do Inferno, ele faz parte daquela legião que não interessa especialmente, nem a deus, nem ao diabo.
Mas como o padrão instalado no Brasil é o que se traduz naqueles 36 ministérios/antros de Brasília, cada um de propriedade particular e intransferível de uma das máfias que, graças ao flagrante do Mensalão, tornaram-se parasitas crônicos da roubalheira lulo-petista, Gilberto Kassab apenas dança conforme a música. A mesma coisa acontece com os barões do BNDES, esses “grandes empreendedores” obcecados pelo “sucesso”, hoje reduzidos a dar testemunho público de vassalagem uma vez por mês sentando-se ritualmente à volta da mesa do “Conselho de Gestão” de um governo que tem como marca registrada a mais sólida e irredutível incapacidade de gestão.
Tudo isso é apenas natural.
Volto a bater em outra nota que sempre toco aqui no Vespeiro: a corrupção é muito menos uma questão moral que uma consequência de se viver sob instituições defeituosas.
A questão é puramente darwiniana. O vencedor será sempre o mais capacitado. E a crise ambiental que se vai tornando aguda está aí para comprovar que o homem é o mais oportunista dos organismos oportunistas que infestam o Planeta Terra.
Se o sistema baliza-se pela corrupção, os mais corruptos estarão no topo e, daí para baixo, haverá uma seleção dos maria-vai-com-as-outras segundo a sua disposição de se corromper. Quanto menos escrúpulos, mais para cima se colocará o “maria” nessa cadeia alimentar artificial que são os sistemas de poder, seja o poder que se compra com cargos, seja o que se compra com dinheiro.
Resistirão à pressão do meio apenas e tão somente os honestos “de raiz”, relegados a uma semi-clandestinidade.
Já se o sistema balizar-se pela capacitação técnica e profissional e pelo merecimento, a escola passará a ser um estágio obrigatório para o sucesso e os corruptos essenciais é que serão forçados a cair na clandestinidade, ficando polícia e bandidos em campos opostos, como convém.
É como com os cupins: se não matar a rainha-mãe, não adianta chorar. Eles continuarão roendo a árvore até depois que ela já estiver morta.
Vai longe este patriota!
2 de setembro de 2011 § 4 Comentários
Gilberto Kassab tem todas as anti-qualidades necessárias para escorregar como um quiabo ensaboado por entre as malhas do filtro negativo da política brasileira.
Adota e descarta amigos segundo as necessidades do momento sem pestanejar ou fazer exigências ingênuas quanto a caráter, comportamento pregresso ou ficha na polícia.
É objetivo e flexível. Declara-se sem ideologia nem sexo, podendo assumir a (ou o) que parecer mais apropriado para cada ocasião.
Troca de partido ao sabor dos imputs do Ibope, podendo criar um novo com a necessária flexibilidade se nenhum dos 37 hoje em oferta no mercado lhe parecer suficiente para abrigar tão rigorosa neutralidade.
Para tanto deixa Jesus Cristo no chinelo: caminha com tranquilidade sobre as águas turvas da nossa legislação eleitoral, ressuscita mortos e tira de letra o milagre da multiplicação das assinaturas.
Agora, na melhor tradição do “nosso guia”, acaba de abraçar Judas diante da necessidade que se apresenta de “fazer o que todo mundo faz” para concorrer a eleições. Faltando 15 meses para o fim do mandato, anunciou aos seus eleitores paulistanos que chegou a hora de confessar-lhes que o plano é vender às imobiliárias mais uma fatia do futuro da cidade deles.
Sensível às demandas do mercado como é, está inventando 452 mil metros quadrados antes inexistentes na já saturadíssima área da Faria Lima, a serem oferecidos a preço módico às imobiliárias na forma de 500 mil novos Certificados de Potencial Construtivo, essa linda invenção de Paulo Maluf, o nosso político mais procurado pela Interpol (olha o Brasil aí, genteeee!). É nada menos que a mesma quantidade que foi vendida nos últimos 10 anos, de onde ele espera conseguir arrancar no mínimo R$ 2 bilhões, imprescindíveis para dar ao seu charme um alcance nacional.
E é investimento sem risco: se não se eleger, no mínimo vira o próximo Valdemort da Costa Neto no multibilionário mercado do comércio de governabilidade lá em Brasília.
Vai longe este patriota!
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