O alvo desta CPI
2 de maio de 2012 § Deixe um comentário
Ao fim de nem tão surda batalha pelo “controle” da CPI do Cachoeira assisti, durante o almoço, ao primeiro passo da momentosa “investigação”, com o senador Vital do Rego, que o PT pôs à frente dos trabalhos, recebendo do STF um envelope selado com nove CDs contendo os 40 volumes do inquérito aberto para investigar o esquema. (É porque nossa justiça é sempre tão “econômica” em palavras, recorde-se, que nenhum processo chega ao fim nestes tristes trópicos).
Tudo (menos o que já se sabe) está, ainda, sob “segredo de Justiça”, conforme frisou o ministro Ricardo Lewandowski, relator do processo no STF.
Vai daí, diz o senador do Rego, “o primeiro e mais importante trabalho será conferir, entre as quatro paredes da ‘sala-cofre’ adrede preparada no Senado, o que já foi e o que ainda não foi vazado de tudo que foi recebido“…
O grosso do que vazou, e é só o que as televisões têm para martelar na cabeça do público por enquanto, é o que atinge o falso cavaleiro da esperança do DEM e o governador do PSDB de Goiás, mais a negociação para a aquisição “de porteira fechada” e por preço de ocasião do partido inteiro daquele gordinho, o tal de Levy Fidelix, hoje de propriedade do PT.
Sabe-se também que tudo isso é só o glacê e que o “bolo” mesmo, aquilo que mede a extensão da metástese da doença brasileira em todos os níveis da politica e da administração pública, são as aventuras e desventuras de Fernando Cavendish e a sua “Construtora Delta”, aquela que está para Carlinhos Cachoeira como a “agência de publicidade” SMP&B de Marcos Valério estava para José Dirceu no esquema do Mensalão.
Mas sobre os contratos que este senhor amealhou, relativos a 80% das obras do PAC filho da Dilma, ainda não vazou detalhe nenhum.
O governador do PMDB do Rio de Janeiro (aquele partido do vice-presidente da Dilma), que criou essa cobra e quase morreu picado por ela meses atrás na Bahia, tomou providências cirúrgicas a esse respeito.
O galante Fernando Cavendish é tido e havido como “o rei” da ex-capital federal onde não ha obra que não seja “dele”. Mas o dr. Sérgio Cabral, que se tornou uma das figuras mais translucidamente transparentes da Republica graças às relações de alto risco que mantem com ele sem proteção, só cuidou de tomar-lhe duas desde que o escândalo começou: a reforma do Maracanã, de R$ 789 milhões, e a Transcarioca, corredor de ônibus que vai do Galeão à Barra de R$ 931 milhões divididos com a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, ambas do PAC filho da Dilma.
O resto, o que é só Rio com Rio, o dr. Cabral segue esperando pra ver como é que fica.
Tudo, portanto, caminha por enquanto em consonância com o padrão do Novo Brasil do PT onde todo mundo “é” e tem sido filmado e gravado “sendo“, mas ganha o jogo quem tem o poder de definir o que vaza e o que não vaza desse vasto e precioso acervo para o conhecimento do distinto público.
Abrir ou não abrir o pacotão do STF, o acervo cinematográfico da Polícia Federal e, muito especialmente, medir a extensão dos tentáculos da Delta é o verdadeiro nome do jogo.
A ver se, escancaradas as porta do Inferno com a instalação da CPI, será possível seguir controlando a diabaiada…
Cala a boca, Magda!
19 de abril de 2012 § 2 Comentários
Qual é o “novo padrão global de tratamento da corrupção” dado por Dilma?
Esse do “vamos organizar a suruba”?!!!
Esse de dar a cada máfia o seu devido território privativo de caça com o recado “agarre o que puder enquanto não for flagrado“, ficando combinado que em caso de flagrante substitui-se o jogador por outro do mesmo time?
Gringo por gringo, fico com Theodore Roosevelt, aquele que dizia que “O problema não é haver corrupção, o que é inerente à espécie humana. O problema é o corrupto poder exibir o seu sucesso, o que é subversivo“.
Se eu fosse o FBI metia um olho nessa Hillary porque dizer um impropério desse calibre com a maior cara de séria só mesmo pra quem tá com o rabo preso e querendo o mesmo tratamento pros ladrões de lá que a Dilma dá pros ladrões de cá.
Mais umas tantas obviedades
11 de abril de 2012 § 1 comentário
Olavo Noleto, sub-chefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, aquela comandada por dona Ideli das Lanchas, “fumou mas não tragou”.
“Sim“, disse lavado em lágrimas, “eu conhecia mas não mantinha relações com o sr. Carlos Cachoeira“.
Não era de sexo que ele estava falando.
Noleto foi gravado, também, em conversas intimas com Wladimir Garcez, o nº 2 da organização criminosa do seu “conhecido”, segundo ele “para tentar negociar a adesão de Demostenes Torres à campanha de Dilma“.
Ideli das Lanchas acreditou…
E o Brasil se livrou por pouco de Demostenes Torres se tornar outro José Sarney, aliado da situação, o que faria dele mais um facínora intocável.
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O PSDB decidiu defender o mandato do deputado Carlos Lereia (GO) que, flagrado recebendo dinheiro das Organizações Cachoeira, disse que foi só “por relação de amizade“. O que confirma que a probabilidade de punição de políticos corruptos no Brasil por seus próprios correligionários é inversamente proporcional à distância que o partido do meliante está do poder.
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Rubens Otoni (PT-GO) aparece nas gravações da Polícia Federal discutindo dinheiro para o Caixa 2 da campanha para a eleição de 2004.
Mas, junto com todas as outras instituições da Republica, a imprensa em peso continua guardando um silêncio atroador sobre a pergunta óbvia:
Com que direito eles se sentaram em cima dessa informação por 8 anos? Isso não dá cadeia?
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Procuraram e procuraram, de lanterna na mão, alguém do PMDB, o maior partido do Ocidente, em condições de presidir a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar.
Não encontraram.
Despartidarizar as eleições municipais
30 de março de 2012 § 1 comentário
De toda a pletora dos remédios que os americanos inventaram para reduzir a corrupção a níveis que fizeram deles a sociedade mais rica que a humanidade já produziu enumerados na matéria que precedeu esta, a despartidarização das eleições municipais é aquela em que os brasileiros deveriam focar os seus esforços.
E isto pelo simples fato de que ela sozinha seria a que produziria os maiores danos no “Sistema” montado pelos nossos políticos para que nada mude neste país.
Tornar as eleições municipais independentes dos partidos políticos é tirar das mãos dessa máfia o instrumento de controle absoluto que ela tem hoje sobre a porteira onde se filtra quem pode ou não entrar no mundo da política brasileira.
A continuação do sistema criminoso que enfrentamos hoje depende essencialmente desse filtro e está montado para controlá-lo absolutamente.
O loteamento dos canais de rádio e televisão brasileiros entre as velhas oligarquias regionais que desde sempre estiveram no poder neste país foi o instrumento através do qual a dupla Jose Sarney, então Presidente por acaso do Brasil, e Antônio Carlos Magalhães, que ele escolheu como seu Ministro das Comunicações, mataram antes que nascesse a “Nova Republica” que deveria ter inaugurado uma nova era na política brasileira depois do fim do regime militar.
Desde então são os mesmos “coronéis eletrônicos” e sua descendência que controlam dos bastidores a política nacional.
Com esse instrumento nas mãos eles foram conquistando praças e pondo a força da publicidade governamental para matar a imprensa independente local até ficarem falando sozinhos em seus terreiros particulares.
Desde então esse Sistema elege ou deselege quem eles querem nas regiões dominadas por suas rádios e televisões ou é “alugado” contra pedaços das praças que eles ajudarem a conquistar, até mesmo para os candidatos “bons de voto” em eleições majoritárias que entram na carreira política com a ilusão de que seu carisma pessoal poderá levá-los ao poder contornando os currais eleitorais regionais.
Ninguém pode, como já comprovamos à exaustão.
Mais além, esse sistema de servidão foi “socializado” pelo expediente do “horário eleitoral gratuito” que estendeu um pedaço desse poder a cada partido que conseguir comprar seu trânsito para dentro do Sistema.
Abrir as eleições municipais a todo e qualquer candidato que quiser se oferecer aos eleitores sem ter de pedir licença aos “coronéis eletrônicos” e/ou aos alugadores de tempo na TV nas campanhas eleitorais varre de uma só vez para a lata de lixo da história essas duas pragas.
Não se poderá eliminá-las “por dentro”. A única maneira de acabar com elas é pela “supressão do seu habitat”, que é, em ultima instância, o controle e o aluguel das instâncias políticas municipais e regionais contra o direito de saque da parcela do todo que ajudarem a conquistar.
“Também essa mudança só poderá ser feita com a aprovação dos próprios prejudicados por ela, o que torna esse projeto inviável“, dirão os mais pessimistas.
Não é verdade.
Essa mudança pode ser conseguida pelos instrumentos de legislação de iniciativa popular, mesmo fracos como eles ainda são no Brasil. E além disso, já está na hora do Brasil aprender que nada em política é impossível desde que haja uma firme decisão do povo de querer que a mudança aconteça.
Mais difícil seria resolver o problema da concentração da arrecadação de impostos nas mãos da União e dos Estados que deixaria os governantes municipais dependentes deles, de qualquer maneira.
Mas com seis mil e tantos representantes eleitos fora da ordem partidária, independentes dos chefões, seria muito difícil que estes, com suas hostes reduzidas às instâncias federal e estaduais, tivessem força para resistir-lhes.
A despartidarização das eleições municipais traria sangue novo para a política brasileira e deixaria os grandes predadores de hoje condenados a morrer à míngua.
Pense nisso. E faça seus amigos pensarem nisso.
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