A única saída segura
1 de dezembro de 2022 § 9 Comentários
64 era para durar só até 66.
Mas como é o poder que corrompe e não a ideologia sob a qual ele vem vestido, durou 21 anos e nos devolveu esse país sem prática vivida de democracia que hoje ameaça repetir a história como farsa.
Roubados como fomos, estamos sob a forte tentação de puxar a arma e atirar…
Mas a única saída segura é por aquele outro talento brasileiro: o drible curto dentro da área…
A ditadura da esquerda não t
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Com o aparelhamento do STF, perpetrado pelo lulopetismo, era de se esperar que a corrupção tomaria conta das instituições. Os eleitores ignorantes /mal-informados sobre as gestões do ladrão mor acreditaram que a volta dele à presidência da República daria chance de redenção. Lêdo engano. Bolsonaro, pregando e praticando os valores fundamentais da moralidade, foi derrotado nas urnas.
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Prezado Fernão,
Há muito que não comento neste espaço, mas resolvi comentar novamente tendo em vista esse seu último vídeo (e aproveitarei para comentar sobre temas “mais ou menos” passados).
Pois bem, vamos lá:
1 – independentemente do tanto que o poder corrompa, se um grupo (FAs, por exemplo) intervém (ou toma o poder de forma temporária – ao menos pretensiosamente temporária), inevitavelmente esse grupo PRECISA ficar no poder por décadas. Ao menos hoje em dia, dado a complexidade e o tamanho do Estado moderno (não comentarei sobre 64, pois ainda levaria muito tempo para eu nascer).
Isto “deve” ocorrer pois caso os “intervenientes” devolvam o poder muito “cedo”, o “sistema” se restabelece; ou melhor, a parte expelida do sistema é restabelecida pela parte remanescente.
Exemplo: as FAs “depõem” o SSTF, nomeiam novos “supremos” (ou organizam uma nova eleição cujo eleito nomeie os novos “supremos”) e, após tal intervenção, voltam para os quartéis. O que acontece?
Os “perdedores” apelam para outras instâncias da justiça (justiça estadual ou federal). Algum juiz (ou vários) considera(m) a deposição do SSTF ilegítima e manda(m) reconduzir os antigos ocupantes do SSTF aos seus cargos, invalidando, inclusive, todos os demais atos tomados pelos interventores e pelos novos “supremos” (e pelo novo presidente eleito, se for o caso).
Tal juiz, ou tais juízes, também manda(m) as polícias (provavelmente a PF) cumprirem tais determinações (incluindo a prisão dos interventores).
Nas polícias haverá aqueles que não concordaram com a intervenção e, portanto, cumprirão a determinação.
Não vou me estender no raciocínio, mas quem estiver lendo pode exercer a “imaginação” e visualizar a dinâmica.
Enfim, nesse cenário, há dois desfechos possíveis:
(A) algum tipo de conflito civil em função da disputa jurídica (juízes e promotores condenando a intervenção e mandando prender os interventores e os demais “nomeados” pelos interventores, bem como anulando todos os atos pós-intervenção “versus” juízes e promotores que legitimarão a intervenção e seus atos) que descamba em conflitos entre (ou dentro) (d)as forças policiais (pois dentro delas haverá os partidários de ambos os “lados” e que, portanto, tentarão fazer valer a condenação judicial da intervenção e fazer valer a legitimidade da intervenção). Enfim, conflito.
(B) sem muitos conflitos, o lado “legalista” se impõe e todos atos decorridos da intervenção são anulados (incluindo as nomeações “supremas”, os atos administrativos e tudo o mais) e os interventores vão presos.
Assim, se alguém, dado a complexidade do Estado moderno, decidir intervir, esse alguém, por mais que não queira, por mais que seja a contragosto, terá que ficar algumas décadas no poder para que seja possível: formar uma nova burocracia; formar uma nova geração de acadêmicos, intelectuais, juristas, etc. (que possam “justificar” intelectual e juridicamente as ações tomadas); desenvolver o país (para que a população seja “satisfeita” e, de certa forma, fique “grata” e sem qualquer incentivo para rever o passado); para que os perdedores sejam esquecidos, etc.
Em suma, nem se trata do poder corromper, trata-se mesmo de necessidade política (dada a dinâmica institucional do Estado moderno) o interventor não devolver rapidamente o poder tomado.
(claro que se houvesse uma dispositivo jurídico extremamente claro e inquestionável que desse poder às FAs para intervir e que tal mandamento fosse também extremamente claro nas atribuições e limites de tal intervenção e que as FAs cumprissem com extremo rigor e precisão tais limites e atribuições, a história seria outra. Mas não há tal dispositivo legal).
2 – Óbvio que o voto distrital puro, recall, eleições de retenção e todos arsenal jurídico que você propõe seriam a solução, MAS tudo isso não será adotado nem no curto nem no médio prazo (e talvez nem no longo prazo), pois:
(A) a população nem faz ideia ainda do que sejam tais dispositivos;
(B) mesmo os que ouviram falar têm muitas dúvidas (seja porque não entendem completamente COMO tais dispositivos funcionam e COMO podem alterar nossa realidade, seja porque desconfiam do próprio povo em tomar decisões, seja porque acreditam que “não é da nossa cultura” – conforme repetido ad nauseam por “professores” e demais intelectuais quando questionados sobre a viabilidade do modelo americano na Pindorama -, seja pela gravíssima intoxicação crônica por positivismo que a população brasileira foi submetida desde o século XIX, etc.); e
(C) Nosso CN jamais vai abrir mão do poder e jamais aceitará de bom grado precarizar tanto seus poderes, mandatos, prerrogativas, etc. Para que seu “arsenal” seja aprovado, a “pressão” sobre os congressistas deve ser tamanha a ponto dos mesmos começaram a temer pelas suas vidas (sem “pressão” de tal calibre, não aceitarão nem aprovarão uma precarização de seus poderes neste grau de proporções bíblicas. Seja qual for a corrente política do congressista. Pode ser o bolsonarista mais ferrenho ou o conservador mais “radical”, mas neste caso estarão unidos com a esquerda, o Centrão e até os que perderam as eleições, mas sonham em voltar ou ganhar algum dia. Aliás, tenho dúvidas se até o mais destacado liberal clássico apoiará ou encontrará qualquer desculpa – tipo: “o povo não está preparado” – para ser contra). E isso sem contar que tais propostas serão, por muitos ou por alguns tribunais e juristas – consideradas inconstitucionais e violando, inclusive, cláusulas pétreas; em outras palavras, talvez tais mudanças necessitem de uma nova constituinte (e nesse caso o desafio é astronômico).
3 – Proponha o que quiser propor, mas não crie a ilusão de que mudanças importantes serão adotadas com “dribles curtos” e “sem cometer qualquer falta”. Primeiramente porque a criatividade futebolística do brasileiro não se reproduz na política (futebol todo menino do Brasil joga quando criança, daí os talentos aparecem; já na CIÊNCIA política, o povo não lê e nem quer estudar nem mesmo nesse momento de quase caos). Quanto a não cometer “nenhuma falta”, também é, como você mesmo diz, “ilusão de noiva”, pois o “juiz da partida” apita falta mesmo quando você está sozinho com a bola e o adversário mais próximo está a uns 10 metros de distância (e ainda dá cartão vermelho pela “violência” da entrada);
4 – Você tem esse blog há mais de 10 anos e até “ontem” não possuía muito mais que uns 5 mil seguidores (e tal número havia sido atingido após seu afastamento do Estadão no meio da pandemia – que gerou uma aumento mais acentuado no número de seguidores -, pois antes os leitores eram em quantidade menor ainda). Há pouco tempo (2 meses mais ou menos?), quando você começou a publicar vídeos ao invés de textos, o número de seguidores aumentou vertiginosamente (quadruplicou praticamente e vem aumentando). Isto é positivo, sim, MAS (desculpe o MAS), isso mostra que ainda estamos engatinhando nessa missionarismo político, pois fica muito claro que o brasileiro vê e ouve vídeos e afins, porém NÃO GOSTA DE LER. Isto é muito ruim, pois o verdadeiro aprendizado só se dá pela LEITURA (a “fala” se perde rápido, não induz a raciocínios mais elaborados e questionamentos, não se faz gravar em nossas cabeças, etc.). Enfim, só a leitura atenta produz conhecimento perene (uma vez que obriga o leitor a raciocinar para entender o texto e, portanto, é fixa-se no cérebro o conteúdo lido). De fato, é até alvissareiro que muito mais pessoas estejam te ouvindo, mas o fato de que o brasileiro ainda “só” ouve mostra que há um longuíssimo caminho a trilhar até o brasileiro começar a ler e a se questionar e a raciocinar mais (ou mais profundamente).
Bem, cheguei ao fins das breves observações que queria tecer. Você está no seu papel de missionário e lhe apoio, mas acho que esse ciclo político que se inicia já está traçado e a “desgraça” já está contratada (iremos ao inferno e isso não é mais, muito, mas muito provavelmente, evitável). De fato, a “direita” despertou tarde demais – foi, como dizem os americanos, “too little and too late”.
Talvez os brasileiros necessitem de uma tragédia dantesca para que sua índole até hoje fanfarrona, despreocupada, esteta, insidiosa, pachorrenta, adepta da “lei de Murici” (“cada um por si”), pouco leal (por vezes também desleal), covarde muitas vezes (ou quase sempre), malandra, leviana, imponderada, inconsequente, volúvel, fútil, excessivamente sugestionável, imprudente, insensata, desajuizada, tola, mandriã, folgada, irresponsável (e/ou “terceirizadora” de responsabilidades), indolente, insolente, procrastinadora, inocente, não afeita a sacrifícios pelos outros ou pelo que é certo e até pedante e arrogante, mude (e mude de forma mais “radical” ou profunda e, principalmente, de forma mais duradoura).
Nunca se esqueça(m) que Lula terminou seu governo em 2010 com 80% (!!!) de aprovação (sendo que foi naquela época que todas as “sementes” do mal, que agora teremos que suportar, haviam sido plantadas – e ninguém, ou apenas uma raquítica minoria, notava ou desaprovava).
Enfim, só uma coisa a dizer a todos: Boa sorte!
Abs
LSB
PS: sempre tive a percepção de que a imagem de uma tribo venerando uma “forma” de avião feita de bambu é exatamente a mesma coisa que o brasileiro diante da palavra “democracia” (como você também mencionou na JP). O brasileiro é esteta – guia-se por imagens, slogans, chavões, gestos, aparências e nada mais.
Recomendo, sobre a temática, e caso ainda não tenha lido, a obra “Desenvolvimento e Cultura: o Problema do Esteticismo no Brasil” de Mário Vieira de Mello.
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Ótimo comentário, sensato, coerente, embasado, mas no pé em que estamos não há mais alternativas. Ou as FFAA agem e restituem o equilíbrio entre os Poderes ou a bandidagem assume o país para não deixa-lo tão cedo, perpetuando-se no poder. São duas forças antagônicas e, sinceramente, prefiro a mais honesta.
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Sempre escuto o q você fala e sempre aprendo um pouco. Hoje me atrevo a discordar um pouco!! Nao da mais pra acreditar em deputados e senadores se aqueles que dominam essas casas, juntamente com seus governadores, stf, tse,… nao forem afastados definitivamente de seus cargos. Desta forma, so nos restam os Generais. Temos q correr o risco!!!
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Impressionante, Fernão, como ter um major na redação como revisor deixou boas lembranças em alguns capitães da indústria jornalística.
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Bons ventos sopram neste blog.
Esperar que o ‘capitão” resolva é cretinice.
“Ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil”!!!
Não precisamos de chefes, somos os donos da Res Publica.
Invadir o Senado, STE ou STF pode ser a Katastrofe (Kata + Strefein= reviravolta por cima ou para baixo do grego) tão desejada que a colega LSB acima postou e que concordo plenamente.
Por isto o Hino da Independência faz sentido.
Abraço a todos
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Não consigo mais ter esperança no Senado. É ele que mantém a política brasileira no medievo. O melhor seria acabar com o Senado e usar um modelo unicameral, ao menos por algum tempo. Olhe o mapa do Brasil, Estados proliferam no Nordeste que assim controla o Senado. Olhem a composição do Senado e a origem e distribuição dos impostos pelos Estados. Por intermédio do Senado o Brasil evoluído resulta dominado e explorado pelas suas oligarquias medievais mais atrasadas. O Senado não pode ser solução, estruturalmente é ferramenta do atraso.
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O Olavo fez essa postagem (desconheço onde) não tem muito tempo. Infelizmente ele faleceu em janeiro de 2022.
Achei o raciocínio lógico dele ‘cristalino’ e eu gostaria de saber se o senhor concorda ou se teria algo a discordar, comentar, completar, …
“O óbvio dos óbvios. Uma democracia não pode ser instaurada por meios democráticos: para isso ela teria de existir antes de existir. Nem pode, quando moribunda, ser salva por meios democráticos: para isso teria de continuar saudável enquanto vai morrendo.
O assassino da democracia leva sempre vantagem sobre os defensores dela. Ele vai suprimindo os meios de ação democráticos e, quando alguém tenta salvar a democracia por outros meios – os únicos possíveis -, ele o acusa de antidemocrático.
É assim que os mais pérfidos inimigos da democracia posam de supremos heróis da vida democrática.”
Nesse teu vídeo “A ÚNICA SAÍDA SEGURA”, perto do sétimo minuto, o senhor ‘fala’ ‘… O Brasil vai ter de mostrar todo seu talento, dar dribles curtos na área, para marcar esse gol, apesar da retranca e sem cometer faltas … Mas se …”.
Eu te pergunto: o senhor poderia nos sugerir alguns desses passes brilhantes, dribles talentosos mais claramente / mais expilicitamente ? … ou você também se sentiria impedido de nos dar essa luz receoso pelo OVVO ?
Vou vir com mais outra frase:
“A História ensina: tiranos dobram suas apostas. Espontaneamente jamais recuam.”
Percival Puggina – 2 de dez de 2022 ( https://twitter.com/PERCIVALPUGGINA/status/1598843731171385344 )
Será que eu posso esperar ao menos algumas poucas palavras do senhor ?
Muitíssimo obrigado pelos vídeos, palavras, pensamentos, análises, reflexões, … excelentes. Parabéns ! Forte abraço.
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