A hora e a vez de uma São Paulo isolada

24 de junho de 2012 § 3 Comentários

Acompanhei cá do Norte o intercurso carnal de Luis Ignácio Lula da Silva com Paulo Salim Maluf, que veio na sequência das esfregações públicas de mucosas entre ele e Fernando Collor de Mello que, por sua vez, seguiram-se aos intercâmbios de fluidos do corpo havidos, pouco antes, entre sua excelência e José de Ribamar Sarney.

Entre umas e outras dessas relaxações, enfiaram-se no budoir presidencial profissionais calejadas do jaez de Jader Barbalho, Severino Cavalcanti e, entre outros, até o neto do homem que apontou o “cabra marcado para morrer”.

Traição com traição se paga.

O filhote de coronel que o antigo paladino da ética na política da esquerda brasileira fez ministro, depois de servir na bandeja as cabeças dos aliados de toda uma vida da sua Paraiba natal, abriu para Lula e o seu “poste” paulistano, as portas do serralho da rua Costa Rica, onde, em meio ao luxo de que a Interpol anda à caça, a imprensa fotografou, na última terça-feira, a cena de sexo explícito que, por alguns breves momentos, fez um leve rubor subir às faces encanecidas de Luiza Erundina.

A todas essas carnes Lula conheceu; de todas essas carnes Lula fez-se conhecer. Mas nenhumas se têm merecido tanto quanto as dele e as de Paulo Maluf.

Não entendo o esforço para mostrar indignação e surpresa dos comentários que tenho lido.

Lula e Maluf nasceram um para o outro. São almas gêmeas. E se isso soou como heresia, um dia, esse dia já vai longe demais para que alguém ainda pudesse deixar de prever como necessária e iminente a consumação de mais essa performance do nosso super atleta da pornografia política depois de toda a sequência das que a antecederam.

Luis Ignácio Lula da Silva e Paulo Salim Maluf são irmãos na fé inquebrantável que comungam no poder inexorável da corrupção. Na sua certeza comum de que tudo é podre como eles sentem as próprias almas, bastando, para comprová-lo, que o alvo esteja no raio de alcance do tiro.

Um empurra a vítima para perto do dinheiro. O outro empurra o dinheiro para perto da vítima. Mas o que os faz irmãos é a certeza de que, encurtada suficientemente a distância, todos, sem exceção, completarão com as próprias mãos ávidas o gesto final.

Nada mais natural e previsível, portanto, que entre mais um banho de lama e 95 segundos extras para mentir pela gorja na televisão Lula tenha feito apenas a conta de chegar que lhe  pareceu mais positiva.

Tudo isso aumenta a nossa responsabilidade. Aproxima-se a hora e a vez desta solitária São Paulo que tem rejeitado a ambos pela mesmíssima razão. É ela quem vai dizer se existe esperança ao Sul do Equador, ou se tudo que resta a fazer “en nuestra América”, como dizia um desacorçoado Simon Bolivar no seu leito de morte, “es emigrar”.

Da São Paulo bloqueada para o Brasil: eu sou você amanhã

24 de maio de 2012 § 1 comentário

A greve do Metro de São Paulo ontem, que chega na esteira de uma misteriosa epidemia de “panes” no sistema que costuma se manifestar em vésperas de eleições, é apenas uma amostra do que vai acontecer no país no dia em que a máquina do Estado brasileiro virar “oposição”.

Se pedir aumento de 15% acima da inflação de modo a garantir um “não” e partir para uma greve selvagem assim que ele foi pronunciado pela primeira vez sem sequer tentar negociar não é prova suficiente de que tudo não passa de fabricação de munição para debates eleitorais onde o Metro aparecerá como a maior obra do PSDB no país da infraestrutura zero, o grupinho fascista que invadiu as assembleias da categoria ontem para impedir votações para a retomada do trabalho e manter a greve na marra é.

Depois da debandada da esquerda honesta que se precipitou quando Lula abraçou ostensivamente os sarneys e os collors da vida, sobrou o funcionalismo público e as máfias sindicais cevadas no dinheiro do Estado na militância do PT.

Hoje eles estão no poder e nadando de braçada nas costas do Brasil.

Não é atoa que a renda per capita de Brasília disparou para alturas jamais sonhadas pelos novos quase remediados aqui de fora a quem eles atiram as migalhas da festança.

Mas, se mesmo com a máquina pública remando a favor o desempenho do governo petista é o desastre que se reflete na infraestrutura sucatada que vai expulsando a industria brasileira do mercado mundial e na predação generalizada a que ficaram reduzidas as ditas “obras da Copa”, imagine quando ela estiver jogando contra.

São Paulo tem pago o preço de não se dobrar ao PT.

Um dia o resto do Brasil também se cansará de faze-lo. E então veremos o confronto aberto do Estado petista com a Nação.

Serra ou não Serra

21 de março de 2012 § 4 Comentários

 

Se colocar José Serra, o do “papelzinho”, competindo pela Prefeitura de SP é a única maneira de impedir que o PT conquiste o penúltimo baluarte importante que continua a rejeitá-lo no Brasil, que é a cidade de SP, que dirá para impedir que ele conquiste o último, que é o Estado de São Paulo.

É nessa ilusão que o PSDB vai se desmilinguindo e desanimando qualquer um de se filiar a ele, para alegria do melífluo Kassab, já que a unica perspectiva que se abre para quem o fizer é, na hora H, ser obrigado a sair do palco para deixar Serra, o ubíquo, sozinho nele.

Tal “estratégia” se autoalimenta pois, desse jeito, nunca o partido poderá dar a “sangue novo” a chance de testar o eleitorado e acumular cacife para campanhas futuras.

E, no entanto, daqui de onde estou o que parece não é que SP resiste ao PT porque vota em Serra. O que acontece é exatamente o contrário. SP vota puto da vida naquele Serra que disputa com Lula para ser mais Lula que o Lula porque ainda ve nele qualquer coisa de menor que aquilo que o PSDB representa. São Paulo vota em Serra apesar de Serra porque essa é a única alternativa que lhe oferecem para os candidatos criados no laboratório do sapo barbudo.

Se, de tanto insistir em Serra, o PSDB acabar convencendo o eleitorado paulista de que ele é menor que Serra, como está tentando fazer, aí sim, conseguirá o milagre de fazer São Paulo – a cidade e o Estado – se renderem ao lulopetismo que, pelo menos, não se esforça para parecer aquilo que não é.

 

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