Tudo de novo…
13 de janeiro de 2016 § 10 Comentários
Todo mundo sabe, mas não custa afirmá-lo em voz alta, ainda mais eu que, sendo jornalista, estou exposto a ser confundido com o que não sou: as atuais “manifestações” em São Paulo têm tanto a ver com o aumento da tarifa de onibus quanto as ocupações de escolas estaduais de antes e de depois da suspensão do projeto, tinham a ver com o remanejamento de salas de aula e escolas do Alkmin.
Os “manifestantes” de hoje são tanto usuários pobres de transporte público no limite das suas possibilidades de gastar com ônibus e metro quanto os manifestantes do ano passado eram estudantes reais do 1º e 2º graus preocupados com a qualidade da educação. É muito provável, até, que uma pesquisa séria de imagens e “B.O.“s mostrasse que muitos deles são as mesmas pessoas.
Este é só mais um lance desse joguinho de xadrês sem mistérios que tem por objetivo antecipar os movimentos da mídia e as emoções que esses movimentos vão produzir nos espectadores a que ficou reduzida a disputa de poder nos projetos de democracia empacados no padrão do finado século 20 onde todo mundo sabe que é exatamente assim que é, menos a própria mídia, peão do jogo, que se finge de tonta e continua tratando os participantes exatamente como eles próprios querem ser tratados e não pelos nomes, pelas descrições e pelas contextualizações que os identifiquem pelo que de fato são, condição essencial para que a farsa continue.
Não ha um pingo de espontaneidade ou de verdade em tudo isso; nada do que está envolvido no jogo pode ser chamado com um mínimo de precisão de “movimento social”. É tudo pre-fabricado, falsificado ou financiado pelos titulares da disputa pelo poder como, aliás, está devidamente mapeado no caso desse Movimento Passe Livre e seu chefe Thiago Skarnio, bancados pela Petrobras e pelo Ministério da Cultura via Lei Rouanet para os propósitos que ele próprio explica no site oficial da organização e no da sua “marca fantasia” que, muito apropriada e honestamente mistura os conceitos de “mídia” e “alquimia“, chegando a “Alquimídia“, conforme apontado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, um dos poucos que dá sinais frequentes de curiosidade e inquietação hoje em dia.
O objetivo das presentes manifestações não tem nada a ver com os aumentos de ônibus que, no caso, são do prefeito Fernando Haddad, do PT. O alvo é a PM, do governador Alkmin, de quem, como sempre, se tentará arrancar vítimas – se o diabo ajudar fatais – e cenas bem bonitas de baderna e caras inchadas de porrada para uso em propaganda eleitoral, obviamente financiada pelos mesmos idiotas que ficam bloqueados nos engarrafamentos de trânsito enquanto elas são produzidas, sempre nos horários de “rush” da maior cidade da América do Sul: você e eu.
Todo mundo pode, portanto, por as barbas de molho. Enquanto o PT ainda estiver sonhando com o poder o trânsito, já de si infernal, piorado pelo esquartejamento das ruas da cidade em “faixas exclusivas” para diferentes classes sociais, raças, gêneros, “opções de gênero” e o que mais puderem inventar para nos dividir e atiçar uns contra os outros como é do gosto desse partido, será ainda mais infernizado por esses energumenos e seus quebra-quebras. O Alkmin pode puxar quanto quiser o saco do João Pedro Stédile que nada o demoverá – e aos seus “soldados” – de queimá-lo vivo em grande auto-de-fé ideológico em praça pública assim que conseguirem ajeitar as coisas para fazer isso impunemente, como vem fazendo a gente que pensa como ele aos “infiéis” desde que o mundo é mundo.
Não falta muito…
PS.: Sobre black blocs, leia as informações incluídas no comentário do leitor Gustavo Gonçalves aí embaixo. Não o conheço pessoalmente mas ele certamente conhece o assunto. Confira.
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