É muita Cinderela! Mas…

25 de abril de 2014 § 4 Comentários

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Fernando Gabeira escreveu um artigo brilhante no Estado de hoje. Chama-se Bom dia, Cinderela. Tem que ler.

Ele mostra como funciona a cabeça dos petistas; de onde vem essa obsessão deles de, mais que negar, apagar na marra as consequências de seus atos, impedir que a gente as veja, e para onde essa obsessão pode nos levar.

A aliança do governo é aberta a todos os que possam ser controlados (…) Tudo que escapa, evidências, vozes dissonantes, estatísticas indesejáveis, tudo é condenado à lata de lixo da História”.

O próprio Estado também tem um editorial interessante sobre A estatização da CCEE que, além de mostrar quanto custou a brincadeira de dona Dilma para comprar votos com as contas de luz, analisa o remendo ainda mais desastrado e irresponsável que eles estão fazendo pra esconder o abalo sísmico que isso provocou mediante a destruição de mais uma instituição, a contratação de mais alguns bilhões em dívidas para serem atiradas pra cima da gente e a preparação de contas de luz dobradas de 2015 em diante.

O único defeito desse editorial é chamar tudo isso de “política energética de Dilma”.

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Não existe uma “política energética de Dilma” assim como não existe política nenhuma para nada neste país. A única coisa que existe no governo do PT é uma política eleitoreira.

Tudo está a serviço dela.

Eles se apropriaram da máquina pública, detonaram todas as empresas estatais e toda a infraestrutura do país, corromperam as instituições e esmagaram as que lhes resistiram, destruíram a indústria nacional e o comércio exterior e agora, como o Gabeira registra bem, pra “provar” que nada disso aconteceu, estão tratando de destruir todos os medidores e sistemas de alarme da Nação, arrastando junto para o lixo os equipamentos que permitem fazer estudos abalizados para orientar, no futuro, a escala de prioridades e um direcionamento adequado dos investimentos públicos.

Tudo isso pra esconder o rombo no casco e ver se o navio afunda sem que os passageiros percebam.

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Brigar com os fatos e tentar destruir quem grita que os está vendo é parte de uma cultura doente. “A concepção de aniquilar o outro não é vivida com culpa por certa esquerda, porque ela se move num script histórico que prevê o aniquilamento de uma classe pela outra“, lembra Gabeira.

Mesmo assim ele é otimista. Acha que “nem o poste nem seu inventor hoje conseguem iluminar sequer um pedaço de rua” e que nem a máquina do Estado, o prestígio de Lula, a montanha de grana gasta em propaganda e o exército de blogueiros amestrados do PT somados serão bastantes para impedir que se restabeleça um debate baseado no respeito às evidências que olhe um pouco adiante das eleições, o que acabará fazendo com que em 2014 eles “acabem se afogando nos próprios mitos“.

Ha mesmo sinais cada vez mais evidentes disso. Nos bilhões do doleiro Alberto Youssef, “irmão” de Andre Vargas e possivel sócio de ” Pad“, o ex-ministro da Saude candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, já está claro, cabe o PT inteiro, de Lula em pessoa para baixo. Nem a “bala de prata” de sempre pra quando a Dilma der xabu, portanto, tem mais aquele efeito 100% garantido.

Mas eles ainda têm aqueles 70 milhões de cheques que distribuem todo mês, de mão em mão. É muita Cinderela pra acordar!

Mas o cheiro e o barulho já são tais que eu estou começando a acreditar que vai dar, dependendo do que mais a imprensa for capaz de desenterrar daqui pra frente.

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Maioridade penal na TV

6 de maio de 2013 § Deixe um comentário

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Continua fora de foco a discussão em torno da redução da maioridade penal que o virtual estado de conflagração nas ruas de todo o país criado pelo nosso alienado Estatuto da Criança e do Adolescente precipitou.

O Canal Livre da TV Bandeirantes, que ontem tinha como convidados o desembargador criminal Luis Soares de Melo e o ex-deputado Fernando Gabeira, além dos jornalistas da casa e mais dois ou tres “especialistas” que gravaram perguntas para os entrevistados, foi dedicado ao assunto mas, mesmo depois das intervenções de todos eles, conseguiu passar ao largo da questão essencial.

Deu para confirmar por essa amostra heterogênea de participantes, alguns com posições conhecidas no passado admitidamente reformadas por imposição dos fatos, que avançamos na boa direção.

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A admissão geral de que a qualidade do crime deve ter precedência sobre a idade de quem o comete na orientação geral da providência a ser tomada é a mudança mais auspiciosa que observei nesse embate porque a que mais se aproxima do ponto focal do qual essa discussão nunca deveria se ter afastado, que é a proteção da vítima e não a prioridade no tratamento do criminoso, a inflexão distorsiva que leva o ECA irremediavelmente para o desastre que estamos colhendo.

Mas ainda é só uma meia vitória pois que essa admissão, como ficou claro ao longo da discussão, decorre apenas de um reajuste do princípio errado de sempre. Trata-se apenas do reconhecimento de que o adolescente dos tempos da internet não é nenhum ingênuo posto que, desde o momento em que se torna capaz de ler ou, menos que isto, de assistir um filmete pode, desde ilustrar-se sobre as minúcias dos mais extremos graus de perversão sexual até aprender a construir na cozinha de casa bombas como as que foram atiradas contra os maratonistas de Boston e ainda beber nas fontes do ódio doutrinário nas quais justificam-se e incentivam-se tais atos.

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O agressor continua, portanto, no foco prioritário de atenção, embora dentro de uma visão um pouco mais realista que, só por isso, pode resultar em maior benefício para o potencial agredido.

A discussão subsequente sobre qual a idade em que o agressor pode ou deve começar a ser punido a partir da qualidade da ofensa – 13, 14 ou 16 anos – confirmou que ainda estamos longe do que interessa embora aí também registrem-se ameaças de progresso, especialmente na visão dos que lidam diretamente com a realidade que está nas ruas.

O desembargador entrevistado, por exemplo, respodeu muito realisticamente ao jornalista que insistia num dos chavões mais utilizados para justificar o ECA, que sua experiência concreta diz-lhe que ha tantas razões para se temer que um menor especialmente violento venha a ser “aluno” da “universidade do crime” em que consistiria a sua conviviência com criminosos mais velhos nas prisões, quanto que fosse ele o “professor” de maldades e perversões ainda desconhecidas para seus companheiros de cela mais velhos.

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Quem tem assistido ao vivo esses pequenos assassinos derrubando inocentes nas ruas só para ver o tombo todos os dias nos jornais da TV e registrado suas reações frias e cínicas quando “recolhidos” pela polícia não pode, em sã consciência, duvidar do que ele estava dizendo.

O excesso de benefícios na progressão de penas, foi possível constatar, é outra unanimidade. Além do óbvio, faltou apontar a causa da persistência desse problema que é a corrupção de juízes e advogados que enriquecem com essa indústria.

Não resta um pingo sequer de ideologia ou outra forma de ilusão ou engano a sustentar essa distorção que já ninguém discute. Ela continua aí porque é um excelente negócio vender impunidade, e vai aos limites que vai porque o negócio é tanto melhor quanto maior for a desproporção entre a barbaridade do crime cometido e o encurtamento da sua punibilidade, esteja-se falando de mensalões ou de massacres, tanto faz.

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Quanto à superpopulação carcerária, faltou mencionar que metade dela é constituída de gente que já cumpriu sua pena ou nunca foi condenada mas continua presa porque não tem como pagar advogados ou mal sabe se expresser, ou as duas coisas junto. E que, mesmo diante de um quadro deste grau de escândalo, a OAB, que se arvora em defensora da democracia e dos direitos humanos, proíbe a advocacia pro bono. Exige a assistência paga pelo Estado num país em que tudo que o Estado toca, ou vira lixo, ou não acontece…

Outro dos baluartes da defesa do status quo – os incrivelmente altos “indices de reincidência” no crime dos que passam pelas prisões brasileiras – não é outra coisa senão a confusão que se faz em torno do termo “cumprimento de pena” no país do vale tudo no que diz respeito à “progressão penal”.

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Na verdade não há 70% de reincidência. A esmagadora maior parte desse número refere-se, isto sim, a impunidade, pura e simplesmente.

São criminosos que as autoridades devolvem às ruas praticamente sem punição que voltam a matar e a delinquir. Basta olhar para os crimes bárbaros do dia – e hoje os temos todos os dias e para escolher – para confirmar que os autores dos piores das últimas 24 horas já tiveram cinco ou seis “passagens” pela polícia ou pelo sistema prisional e que nada justifica que tenham voltado a ser soltos. E no entanto, foram. Dão “indulto de Natal” até para estupradores de bebês…

Cada um desses, cada um dos menores que passa alguns meses ou semestres “retido” pelo “ato infracional” de trucidar covardemente alguém e volta às ruas para repetir a dose, conta como um “reincidente” quando não passa de um assassino à solta que nunca chegou a passar por “correção” que mereça esse nome.

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Este, portanto, é mais um “argumento” que tem de ser reformulado em termos que correspondam à verdade dos fatos.

E com isso chego, finalmente, ao ponto central da questão que, em nenhum momento foi abordado no programa de ontem. E o ponto central é “Qual é a função do Estado na questão da segurança pública: proteger o agressor ou as vítimas em potencial? Onde é mais toleravel que ele erre?”.

Poucos países civilizados têm dúvida quanto a esse ponto. A função do Estado na tarefa de prover seguranca pública é, como diz o nome, prover seguranca pública isto é, garantir a propriedade e a integridade física das vítimas potenciais e, acima de tudo, evitar a qualquer custo o crime irreversível que é o crime contra a vida.

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Tratar dos agressores, especular sobre as fronteiras entre a covardia, a maldade (sim, ela existe!) e a doença ou sobre o momento em que se desenvolvem os neurônios no cérebro de um adolescente e etc. são problemas para a medicina, a ciência e suas vizinhanças que podem, eventualmente, informar secundariamente as políticas de segurança pública, uma vez atendida a prioridade de prove-la na medida do possível para as vítimas potenciais, o que se faz tirando criminosos das ruas e não os devolvendo mais a elas até que haja sinais muito consistentes de que isto é seguro para os outros (antes que para o próprio agressor).

Mas de caminhar para essa obviedade ainda estamos longe posto que em nenhum momento em todo aquele programa dedicado ao tema mencionou-se a palavra “vítima”. Tudo continua a ser tratado pelo ângulo do agressor, e esta é a regra geral em toda a imprensa.

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Resta repetir, finalmente, que para atender outra questão sempre abordada para justificar o status quo – a reforma do nosso sistema prisional medieval – não ha outro remédio senão democracia.

Se e quando houver um único Brasil, com cada homem valendo um voto e todos submetidos à mesma lei, aos mesmos foros e às mesmas prisões, inclusive e principalmente a gente encarregada de escrever as leis e cuidar da coisa pública, veremos as prisões brasileiras melhorarem como por milagre.

Enquanto houver dois brasis, um que vai e fica preso sem julgamento e outro que não vai e nem fica preso nem com sentença passada pelo Supremo Tribunal Federal e, se por milagre for, fica numa prisão especial, continuará sendo como hoje: faça-se tudo pela primeira classe, e a segunda que se foda.

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A ordem é “sair do armário”

4 de fevereiro de 2013 § 1 comentário

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A navegação é tranquila e o rumo é claro.

O mar subiu um pouco com o julgamento do Mensalão mas os condenados continuam todos não apenas andando por aí nos “resorts” da hora enfiados em calções de banho de US$ 400 a unidade, como promovendo seções públicas de apedrejamento “do Judiciário e da imprensa politizadas” do alto das tribunas das instituições da Republica que o STF os acusou de conspirar para destruir.

Se o povo brasileiro chegar, um dia, a vê-los enjaulados, talvez isso mude alguma coisa. Mas o fato do Senado e da Câmara terem eleito sem nenhuma resistência outros dois acusados por corrupção, um deles denunciado pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal na véspera da votação, indica que, pela avaliação das nossas experientes “excelências”, a jurisprudência firmada, depois de tudo, é a de que nem o STF pode quebrar a impunidade dos donos do poder.

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Bermuda de R$ 600, óculos Prada e a amiga Rose, de chapéu

Lula puxou a fila com o seu histórico “Eu sou, mas quem não é?” Agora fechou. A temporada é de “sair do armário” e assumir abertamente as práticas desde sempre praticadas porque, no ponto que já alcançamos, como bem explicou outro dia o presidente de honra do PMDB e vice-presidente da republica petista, Michel Temer, o homem de 5 bilhões de reais, interessa a todos ter na posição que controla a instalação ou não de CPIs e a abertura ou não de processos nos conselhos de ética das duas casas de “representantes do povo”, gente “com sensibilidade” para o mesmo tipo de “problema” que suja a ficha corrida de quase todos os membros do Congresso Nacional.

Quem resumiu com perfeição a evolução do quadro em seu ultimo artigo para o Estadão, “300 picaretas e uma pá de cal (aqui), foi Fernando Gabeira, um dos últimos florões da esquerda honesta.

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O “frigorífico” que matava “os bois” com que Renan explicou sua fortuna

O Congresso deixa de existir … O mensalão foi o ato inaugural … Em seguida vieram as medidas provisórias … Os parlamentares tomaram carona nesse veículo autoritário. E inserem as medidas mais estapafúrdias no texto das MPs … Ha interesses econômicos diretos por trás de cada uma dessas emendas. A perda de espaço para o Executivo não é o problema desde que os negócios continuem fluindo … o que interessa é o dinheiro … o Congresso é um membro amputado da nossa anatomia democrática”.

Na sexta-feira Dora Kramer se perguntava se isso ainda pode piorar.

Não é que é possível piorar. É quase obrigatório. Essa escada desce para muito além do Inferno, como prova a Argentina.

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Estive lendo o Getúlio, de Lira Neto (aqui), nas últimas duas semanas (livro imprescindível de que voltaremos a falar aqui no Vespeiro) e não fico só nas impressionantes semelhanças com o quadro atual que o autor ressalta desde o prólogo, com a aniquilação moral do Congresso como passo inicial da ditadura.

É bem pior que isso.

Cada Getúlio Vargas traz o seu Lula no ventre. Lula também carrega o seu. É como uma maldição. Uma vez instalado um filtro negativo no topo da hierarquia, só o pior passará para cima, senão pelo mais, pela razão que Michel Temer resumiu tão acacianamente. É um imperativo de sobrevivência. Se sobrar alguma instituição democrática em pé, a casa inteira estará sempre ameaçada de cair. E estou falando, aqui, no jargão do Tropa de Elite.

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O bode Galeguinho na “construtora” que Henrique Alves “contratou” por milhões

E quais são as que nos restam?

A imprensa independente em crise de mudança de paradigma tecnológico e a pontinha de cima do Judiciário que ainda manda prender mas não é obedecida. E – vá lá, para os mais otimistas – uma presidente que ainda afirma o valor da imprensa livre e da educação e reage ao menos diante dos flagrantes de “malfeitoria” em seus subordinados.

A próxima carga pela “democratização da mídia” a la Rui Falcão e Franklin Martins já virá do Congresso que elegeu Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves como seus representantes máximos.

Sobre o Judiciário que resta, tanto Lula quanto Roberto Gurgel, o paladino do Ministério Público Federal, sabem – para alegria de um e desespero do outro – é só uma questão de tempo até que ele seja lewandowskizado de cabo a rabo.

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Ha 42 anos (11 mandatos) vivendo e aprendendo Congresso Nacional

E a Dilma, concorre à reeleição?

A declaração de ontem de Lula de que “não pretende morrer tossindo na cama; vai para o palanque”, soou como um “sua avó subiu no telhado”…

Seja como for, tudo vai depender dela conseguir ou não reverter o “pibinho”. Se emplacar, terá de enfrentar o neto de Miguel Arraes, Eduardo Campos, já em 2014 e o eleitorado terá de escolher entre o 6 e a meia dúzia. Se tudo que já está armado além da próxima curva na economia desabar antes do prazo, Lula está aí para “salvar a pátria”.

De modo que…

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Trecho interessante

7 de dezembro de 2012 § Deixe um comentário

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Trecho interessante do artigo Do mel às cinzas de Fernando Gabeira, hoje no Estado (aqui):

Não se pode reduzir a análise à trajetória da secretária Rosemary Nóvoa de Noronha. O nome de Paulo Vieira foi rejeitado pelo Senado, mas o governo decidiu forçar a barra, tanto do ponto vista político como regimental. Ao tomar uma decisão dessa ordem, o governo não sabia por quem estava atropelando o Congresso Nacional? Será que, no convívio com Rosemary, Lula nunca questionou: mas quem é esse cara que foi rejeitado pelo Congresso, por que vale a pena insistir nele?

 A manobra para garantir o cargo a Paulo Vieira a qualquer custo contou com o apoio de senadores. Romero Jucá articulou e agora diz que nem se lembra do caso. Magno Malta fez um recurso para tornar viável a nova escolha de Vieira. Se lhe perguntarem, dificilmente dirá alguma coisa. José Sarney, então, é uma esfinge.

Acreditar que todo esse processo tenha tido como dínamo apenas o poder de sedução feminino bloqueia outros caminhos para conhecer o que se passou. Um governo não atropela o Congresso para impor uma indicação se não a considerar de grande importância estratégica. Vendo por outro ângulo, um governo não deixa de reexaminar uma indicação quando ela é rejeitada pelo Senado.

 (…)

A quadrilha que negociava ilhas é apenas uma irrupção na montanha de cinzas. É preciso dinheiro para manter a máquina partidária, garantir eleições, pagar marqueteiros. É preciso dinheiro para se manter no poder. Só assim se faz dinheiro. Para continuar no poder“.

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