O exato momento do crime
27 de janeiro de 2015 § 14 Comentários
Não perca, a partir da marca dos 4’33”, a bronca nos “pessimistas ou mal intencionados” que “fizeram previsões sem nenhum fundamento quando o nível da água das represas baixou” em 2013, as apaixonadas declarações de amor a si mesma e as lições para o Brasil e para o mundo sobre “como governar na crise” que vão daí até o final do pronunciamento.
Enquanto o tsunami passa
20 de janeiro de 2015 § 4 Comentários
Quanto mais você paga, menos você tem.
O aumento das tarifas e dos impostos no mesmo dia do primeiro ensaio do apagão nacional é proverbial. Com a água, então, é pior: quanto mais ela faltar — e em São Paulo o governo sozinho perde mais de 30% no caminho entre o reservatório e a sua torneira por “furos nos canos” — mais você vai pagar.
O “ajuste” é necessário porque sem ele não vamos só ficar estacionados, sem crescer, como vimos vindo, vamos andar mais e mais para tras já e isso pode acabar tirando o PT do poder. Entretanto, para andarmos um milímetro que seja para a frente, que fique anotado, vai faltar energia (além de água).
Sinuca de bico…
No mais, é o de sempre: como é proibido por lei tocar em qualquer privilégio dos “de dentro” do Estado brasileiro, os “ajustes” são SEMPRE feitos nas costas dos “de fora”. E como isso vem de longe e já estamos no osso, estão arrancando os músculos da galinha dos ovos de ouro para que os privilégios desse pessoal possam continuar intocados por mais um tempinho.
Vai daí, aos 20 dias do ano que ainda tem 345 pela frente, já fomos tungados em 43 bi pelos cálculos das medidas anunciadas pelo dr. Levy nas primeiras duas “demãos” que ele deu no “ajuste”. Não está nessa conta o imposto particular que a Petrobrás está nos cobrando sobre o petróleo barato que anima a festa do mundo. E hoje o dr. Tombini, um “oriundi” cujo nome em italiano significa “bueiro“, “ralo” — seria um presságio? — anuncia mais um aumento de juros. Ele é o “sim senhora” que operou o Banco Central em Dilma 1, onde foi cavado o buraco, mas que Dilma 2 manteve na equipe econômica. Merecimento, sabe?
E, quer saber? Vai piorar. É questão de tempo. Dona Dilma não admitiu nem por um segundo que tudo que fez para arrebentar as contas do país estava errado. Apenas mandou segurar os ladrões onde estão e amordaçou-se para não dizer o que pensa e permitir que o seu CEO particular nos esfole durante dois anos, possivelmente pelo dobro do necessário, para poder voltar a ser a Dilma que compra votos à mão larga nos últimos dois do seu mandato detonando setores tão “insignificantes” para o resgate da miséria nacional quanto os de energia e biocombustíveis com que comprou votos na eleição passada, e assim garantir junto aos desmemoriados de sempre mais quatro anos de impunidade para o PT.
De modo nenhum é um “ajuste de fé“, como nos confirma enfaticamente a sua opção por Evo Morales de preferência a Davos.
Somos Bolívia e não Suíça, e o dr. Levy que se vire para explicar praqueles chatos como é que isso sinaliza o restabelecimento da confiança dos investidores no Brasil.
Enquanto isso ela vai se fingindo de avestruz. Mais um pouco nesse mutismo e veremos surgir na imprensa os “dilmólogos“, como já houve os “sovietólogos” e os “sinólogos” do passado que tentavam interpretar os sinais vindos de dentro do sistema político hermético da União Soviética e da antiga China comunista que ela quer reviver para antecipar o que mais ia pela cabeça daqueles velhinhos sinistros que tratavam aquela metade escravizada da humanidade como ela nos trata: decidindo tudo sobre nossas vidas e as da nossa descendência sem perguntar nada a ninguém.
Essa “apatia” da Dilma, é bom reparar, é, entretanto, das mais seletivas. Ela é louca mas não rasga dinheiro.
Enquanto o tsunami passa ela trata de ir armando o seu exército de mercenários varrendo o lixo dos fundões do Congresso Nacional com a ajuda de Gilberto Kassab, o “Rei da Sucata”, e outras figuras igualmente promissoras que ela quer legar às próximas gerações de brasileiros, e instalando a guarda pretoriana da “Democracia Socialista” da esquerda do PT nos postos mais próximos do pescoço da democracia brasileira à espera de uma oportunidade. Conforme a força que conseguir amealhar aí – e não em função do erro ou do acerto do seu ajuste e do efeito que ele produzir nas ruas — é o que me diz o cruzamento desses sinais todos, é que ela decidirá o modo como voltará a agir acima da superfície.
Em paralelo, a signatária da compra de Pasadena, ajudada pelos quintas-colunas que as redações mais irresponsáveis deste país ainda abrigam, trata de delatar seus delatores.
Venina, primeiro, Paulo Roberto Costa, agora…
É só o primeiro passo. Tipos como ela começam delatando seus delatores e, se não houver reação, passam a “suicida-los“. Melhor reagir agora pra não correr o risco, como os argentinos, de quando ela vier te buscar não haver mais ninguém para reagir.
Jogando com o seu futuro
7 de maio de 2014 § Deixe um comentário
Por alguns dias, confesso, tive a esperança de que algo tivesse mudado para melhor quando o governo anunciou, em plena maré montante eleitoral, que ia aumentar as contas de luz.
“Existe, afinal, um limite para essa disposição temerária do PT de destruir qualquer coisa por um voto a mais”. E mesmo levando em conta o que este fato deixava subentendido – isto é, que a crise de energia que vem vindo é iminente e muito mais profunda do que tinha sido admitido até então – senti-me aliviado. “Finalmente estão pensando antes no país!”
Ilusão de noiva!
A horda que não hesitou em quebrar a Petrobras e a indústria do álcool juntas, destruir a indústria nacional, desmontar uma rede profissional de comércio internacional para fazer agradinhos a trogloditas e atirar no lixo o controle da inflação e a credibilidade financeira internacional do país continua, no seu tradicional estilo “Depois da eleição, o dilúvio!”, fazendo contas de chegar para comprar o eleitorado ainda que seja à custa de matar o futuro do Brasil desde que essa morte só se torne visível para a massa menos informada quando for tarde demais.
Pois a verdade que agora está clara é que o PT só aceitou anunciar o aumento da energia agora para evitar, primeiro, o mergulho imediato do sistema elétrico num estado de “inadimplência setorial” que poderia paralisá-lo ainda antes da Copa e, segundo, para jogar para depois da eleição o racionamento de energia de emergência que todos os produtores e distribuidores de energia do pais estão pedindo “para já” como último recurso para salvar o país do risco de uma catástrofe.
A matéria com os números dessa equação apresentada pelo Valor de hoje é inequívoca.
Apesar do governo ter mantido ligadas todas as usinas térmicas do país durante todo o período de chuvas para economizar água dos reservatórios das hidrelétricas, o déficit de produção de energia saltou de 1,7% em fevereiro para 6% em março. O número é um recorde e a expectativa otimista é de que as hidrelétricas produzam 5% a menos de energia em média, por mês, durante o ano todo. A pessimista põe esse buraco em 8%.
Para atender todos os contratos firmados com distribuidoras e consumidores as geradoras estão tendo de comprar a diferença no mercado de curto prazo onde essa demanda jogou o preço de pouco mais de R$ 140 para R$ 822 o MW/hora, o limite legal a que ele pode chegar. O custo extra para as geradoras não será menor que R$ 20 bilhões, enquanto o rombo das distribuidoras chegará a outros R$ 25 bilhões, fora os custos extras com combustíveis. E mesmo assim não haverá energia que chegue.
O volume de liquidação dessas compras de energia extra no primeiro trimestre de 2014 alcançou R$ 13,64 bilhões, o equivalente ao total das liquidações nesse mercado durante todo o ano de 2013. E ha rumores de que grandes companhias ficaram inadimplentes nesses pagamentos. Uma delas teria entrado em default de R$ 230 milhões!
Como esse quadro de inadimplência em cadeia de todo o setor elétrico já está configurado ha um bom tempo e o Tesouro Nacional está exaurido pelas outras estripulias eleitoreiras do PT, o governo forçou oito bancos privados a se juntarem a dois bancos públicos e constituir um “empréstimo” de R$ 11,2 bilhões para a Camara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma entidade que não produz caixa e, portanto, não esta tecnicamente qualificada para contrair empréstimos, tudo para levar essa canoa furada um pouco mais adiante. O anuncio antecipado do aumento das tarifas foi a “promissória” que nós, consumidores, assinamos por esse “empréstimo“. Mesmo assim, três dos cinco diretores dessa entidade pediram demissão ao se verem enredados nesse jogo absurdo.
R$ 4,7 bilhões desse “empréstimo” foram queimados apenas no primeiro acerto das contas do trimestre pelas geradoras e distribuidoras que não conseguiram zerar suas compras de energia extra. Esta é, portanto, uma conta que não fecha nem com toda a dívida que vamos herdar para levá-la até onde chegou por enquanto. E quem ja tomou dinheiro em banco sabe o brejo que isso é: você vira escravo daí por diante e nunca mais liquida a sua dívida.
Pois é a isso que nos reduziu a brilhante dobradinha feita entre “a gerentona” que mandou no setor elétrico ao longo de todo o governo Lula e aquele sujeito que se diz “socialista” e usa a Fiesp para aparecer na TV fazendo cara de esperto enquanto propõe desatinos tais como este de “baixar as contas de luz em 20%” por decreto: os dois patetas destruíram a saúde financeira do primeiro motor da máquina de produção brasileira e amarraram um peso extra aos pés dele de que sabe-se lá quantas décadas levaremos para nos livrar.
É em razão de tudo isso que 16 entre 16 dos principais responsáveis pelas empresas de geração e distribuição de energia do país recomendaram formalmente, anteontem, que o governo decrete um “racionamento já” com a meta de reduzir o consumo ao menos nesses 6% de déficit mensal que estão acabando de destruir as contas já arrebentadas do setor.
Mas não! O Brasil que se exploda porque a eleição vem aí!
Em resumo, o PT continua jogando com o seu futuro e o dos seus filhos para comprar votos para amanhã. Na verdade já não é mais uma aposta. Esta já foi perdida. Este governo já aleijou a Nação com uma crise de energia que engloba das indústrias do petróleo e do álcool às de geração e distribuição de eletricidade pela qual todos nós pagaremos com mais outro tanto de redução forçada de velocidade por falta de “combustível” num mundo que está acelerando tanto para a frente que já nem o enxergamos mais no meio da poeira que estamos tomando.
Talvez seja por isso que ao “Fora Dilma!” tem resistido tanto a seguir-se o “Volta Lula!” que seria de se esperar. É possível que até o insaciável apetite de poder dessas feras tenha se aplacado, tal é o tamanho da encrenca que eles fabricaram com essa mistura funesta de arrogância com incompetência e que eles sabem que vem vindo por aí a galope.
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