Morreu o melhor de todos
18 de maio de 2020 § 8 Comentários
Luis Maklouf Carvalho foi o melhor de todos com quem convivi.
Foi no JT que ele entrou um dia na minha sala com Paulo de Tarso Venceslau e a história que desaguaria no escândalo da CPEM, o bisavô de todas as falcatruas do PT. Foi ele que “desvirginou” o partido numa época em que jornalista nenhum jamais descobria nada que o desabonasse. E foi além. O cerne da história era o (para a época) espantoso cinismo do Lula que passou dois ou três anos driblando Paulo de Tarso que, ingênuo, queria relatar ao chefe a roubalheira que estava havendo dentro do partido que tinha “o monopólio da ética na política”. Ele foi o primeiro a tirar “deus” do seu pedestal. E contou essa história com tanta precisão e detalhe de apuração que ela se tornou manifestamente insofismável. Só restou contra ele, a patrulha do silêncio que ele enfrentou com a mais absoluta indiferença.
Foi a ele que entreguei também a carta anônima que me chegou um dia recomendando que déssemos uma olhada nos nomes dos responsáveis pela obra do Forum da Barra Funda no site a ela dedicado e no expediente da empresa de construção do senador Luis Estevão que não era oficialmente a encarregada da obra. Engenheiros, mestre de obras e além, os nomes eram os mesmos. Tinham esquecido de apagar essa pista. A partir daí, nadando no mar de mentiras e escapando sempre aos dribles do senador que, reconheço, jogava um bolão na sua especialidade, Maklouf levantou, tim-tim por tim-tim, toda a história que acabou na prisão dele e do juiz Lalau.
O cara era desse calibre. Jornalista, ponto. Daqueles que não consegue deixar de ser, venha quem vier para a frente da sua lente.
Vai fazer falta como água no deserto…
Nestes tempos de falta de ética e moralidade por parte da grande mídia, vai-se um dos mais competentes jornalistas que trabalharam no saudoso JT, comandado pelo ilustre jornalista Rui Mesquita.
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Os Srs. tem que criar e desenvolver mais talentos como esse Sr. Carvalho, nas redações é que se pode fase-lo, assim se não tem vaga de estagiário abram vagas de aprendiz, pois se novos não surgirem acaba o país.
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FAZÊ-LO
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A morte de Luís Maklouf Carvalho só salienta a importância da liberdade da imprensa e de gente que não tem políticos de estimação. Uma grande perda, porque gente assim é cada vez mais rara.
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Fernão
Mais do que qualquer outra época o jornalismo profissional enfrenta uma crise existencial. Um governo autoritário que nutre aversão histórica pela atividade e por quem a exerce. Uma crise estrutural que desconstrói todo modelo de negócios da imprensa profissional.
A desintermediação da notícia com o leitor fazendo ele mesmo a curadoria dos assuntos que quer ler, vetando a informação que contrarie a sua bolha e produzindo informação sem relevância ou fundamento sobre este assunto levando a um caos informativo.
A apropriação, por grupos organizados, do jornalismo como arma política produzindo fake news em escala industrial travestidas de jornalismo profissional e encobertas por marcas fantasmas de veículos de imprensa.
Também a pós-verdade utilizada por mandatários e correntes políticas que trocam os fatos por percepções enviesadas e mal intencionadas. O inferno.
Nós que buscamos a informação equilibrada, o jornalismo honesto, preciso e razoavelmente isento temos que nos apoiar em nomes como o de Luís Maklouf Carvalho. Ainda temos, apesar desta violenta crise estrutural e conjuntural, um jornalismo íntegro, que resiste bravamente, suportado por empresas sérias e comprometidas e por nomes como o de Luís Maklouf.
Réquiem por Maklouf. Choramos por ele, pelo jornalismo e por nós.
Abs
Tadeu
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Um patriota
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Fernão Lara Mesquita,excelente esta sua homenagem ao jornalista Luís Maklouf Carvalho (1953-2020) com quem conviveste no Grupo Estado e viu nascer a primeira grande denúncia acerca da corrupção no Partido dos trabalhadores – “caso CPEM” – tão brihantemente revelado.
Maklouf conquistou com seu trabalho os melhores prêmios nacionais de jornalismo e muitos de seus artigos li no jornal Estado. De seus livros o que na atualidade brasileira nos chama atenção para reler é ” O Cadete e o Capitão: a vida de Jair Bolsonaro no Quartel”.
Como jornalista será sempre lembrado como um herói da imprensa livre, investigativa com excelência e democrática.
Como leitor apresento meus sentimentos de pesar a você e à família desse inesquecível ser humano.
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Qual a importância de O Cadete e o Capitão? Maklouf demonstra como a complacência é um mal que nos castiga. Filha legítima da corrupção, a complacência que absolveu Bolsonaro no episódio explica a falta da rigidez institucional que cria as grandes civilizações. Faz parte da nossa natureza do “deixa pra lá”, espécie de bordão por onde se perdoa faltas e confraternizam julgador e julgado no coquetel de desprezo à letra da lei.
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