É o presidente quem pauta a Nação

26 de julho de 2011 § Deixe um comentário

Pela primeira vez desde o advento da Era PT os corruptos estão na defensiva.

Aposto que desde que começou a razzia no Ministério dos Transportes ninguem rouba um tostão dentro do governo.

Os ladrões se esgueiram pelos corredores dos ministérios e do Congreso, cu na parede, falando baixinho.

Seria bom se a Dilma aproveitasse tudo isso para se dar conta da força que um presidente tem para pautar a imprensa; para pautar a Nação.

Veja-se a multiplicação de denuncias que ocorreu após a publicação da primeira. Pois é assim mesmo. É só gritar “isca” que a cachorrada sai mordendo.

Ainda bem!

A adesão à lógica da chantagem que ainda resiste por aí em função das duvidas que restam é so falta de esperança de que a coisa realmente mude.

Nas sociedades democráticas o povo é que pauta o governante (e, se não houver limites tambem isso faz mal à saude, como mostram as situações da Europa e dos Estados Unidos que estão mergulhados em crises que foram fabricadas e depois se tornaram agudas em função do completo acovardamento dos políticos perante os eleitores).

Nas sociedades que ainda não chegaram lá, o rei é que pauta o povo e as sucessões é que decidem as “viradas”, para bem ou para mal.

Se “o rei” é estudado, fã da democracia, criterioso nas suas contratações e promoções, o pais inteiro fica mais educadinho, democrático, comportado; a imprensa discute democracia, sai a cata de bons exemplos; a inflação inflete para baixo; os empresários saem em busca dos mais estudados; o país inteiro corre para a escola.

Se “o rei” é ignorante, malandro, debochado, adepto do vale tudo pelo poder, o país inteiro se enche de macunaimas; a fila do suborno dobra quarteirões; a imprensa só discute os conchavos que possam conduzir “à governabilidade”; o acesso aos bastidores do BNDES substituem os MBAs no exterior como fator decisivo de sucesso; todo mundo foge da escola para buscar um cargo publico ou um bom padrinho próximo do poder.

É assim que temos vivido: entre os déspotas ignorantes e os déspotas esclarecidos; as personalidades malignas e as benevolentes; os construtores e os demolidores de bons hábitos e comportamentos, mas sempre sob um déspota.

Foi para escapar desse sobe e desce que não deixa a gente trabalhar em paz que foi inventada a democracia. Para apoiar tudo que interessa na regra. Para proporcionar a estabilidade que só o império da lei garante. Para distribuir a justiça possivel neste vale de lágrimas que só o mérito legitima

Um dia chegaremos lá…

Que raio de povo é este?

20 de julho de 2011 § 1 comentário

É incrível a resistência do vício dos jornalistas, especialmente os de Brasília, nas distorções do jogo político brasileiro (se é que se pode chamar aquilo de jogo).

Pela primeira vez em dois mandatos seguidos do mais puro deboche, que deixaram em estado terminal qualquer resquício de probidade em todos os níveis da administração publica, temos uma presidente que está realmente “botando pra quebrar” o mais notório dos antros de corrupção deste país que é o covil onde reinava Valdemar da Costa Neto (ex-das Costas Quentes), o deputado de dois bilhões e meio de reais, 1,2 bilhão dos quais declaradamente “investidos” em fundos estrangeiros fora do alcance da polícia, se este país vier um dia a ter uma para essa gente.

Pela primeira vez, também, essa limpeza vem despida dos sinais evidentes de seletividade ideológica ou cinicamente dirigida ostensivamente presentes em todas as outras ações espetaculares que, de vez em quando, Lula ordenava que a sua Polícia Federal fizesse contra os ladrões dos outros.

Não. Desta vez ataca-se a corja toda do Ministério da Roubalheira, os ladrões do PT inclusive, para não falar dos “aliados” históricos e especialmente diletos do “nosso líder”.

E, no entanto ainda não li ou ouvi na televisão um texto, um discurso de apoio irrestrito à luta contra a corrupção que se ensaia e que os brasileiros estão esperando ha 500 anos que um dia começasse.

Ha quem se lembre, todos os dias, que Dilma também faz parte do grupo que semeou e se beneficia da corrupção. Há os que “estranhem” que ela só aja depois que a imprensa aponta podres dentro de um ministério que todo mundo sabe que sempre foi podre. Há os que reclamam porque ela está caçando os corruptos a conta-gotas e, com isso, um “importante executor de obras essenciais”, como o Ministério dos Transportes fica parado. Como se até então ele viesse trabalhando como louco para nos garantir essas belezas de estradas, ferrovias e portos que temos. E há, finalmente, a legião dos “preocupados” – incluindo de Lula à quase unanimidade dos jornalistas – com o jeito “duro” da Dilma, a sua “inabilidade política” e o isolamento em que ela pode ficar “com grave prejuízo da governabilidade”.

A preocupação de Lula eu até entendo. Porque se a moda pega mesmo ele não escapa. Agora, “grave prejuízo da governabilidade” é o que resulta desse sistema de chantagem institucionalizado que ela está tentando quebrar. Ou sou eu que estou enganado? O governo deste país funciona como um relógio? Estamos esbanjando educação e saúde publica? Não dá pra mexer que vai piorar?

A mim a única coisa que preocupa é como a Dilma poderá continuar levando adiante essa saudabilíssima intransigência para com a corrupção sem implodir o seu próprio partido, o único que tem força para derrubar presidentes desde o advento da Nova Republica.

O país que Lula nos legou está tão podre que só se pode tratar desse problema como se trata das guerras civis: “anistiando” o que ficou para trás e não constitui “crime hediondo”. Senão vamos para um Gotterdamerung, para um Juízo Final do qual não escapa ninguém.

Agora, tem de ser uma anistia apenas tácita; não declarada. Porque o que não pode nunca, de jeito nenhum, é um presidente declarar tolerância com a corrupção. Topar de frente com ela e fechar os olhos. Vê-la denunciada, com todas as provas na imprensa e fingir que não aconteceu nada.

Isso é o Lula. O cu da cobra. Não dá pra ir mais baixo. É entregar o país pros valdemares.

Vira zona.

Então é o seguinte: “Daqui pra frente, tudo vai ser diferente”. É o que dá pra fazer. E já é muito. É muitíssimo. Eu, por exemplo, já não tinha nenhuma esperança de que isso pudesse vir a acontecer um dia, sobretudo antes que acabasse a Era PT.

Por isso eu continuo CHOCADO com a atitude dos jornalistas. Esse discursinho vaselina; essas tantas “preocupações” carregadas de ameaças veladas é o papel dos valdemares. Dos ladrões.

O dos roubados é “fechar” de corpo e alma com quem, num momento e numa posição em que peitar essa pedreira requer uma enorme dose de coragem, está tendo a ousadia de enfrentar a bandidagem política. O papel dos roubados é pedir mais. É exigir que os Transportes seja só o começo. É ir pra rua e quebrar tudo se alguém ousar fazer ela voltar pra traz e engolir um desses pulhas.

Qualquer sujeito que não esteja doente dos critérios entende isso na hora como é o caso daquele jornalista do El País que, chegado da Espanha que nem é lá essas coisas, escreveu a matéria que inúmeros jornalistas brasileiros têm citado no meio dos seus textos que tresandam a medo dos zé sarneys, se preguntando que raio de povo é este que marcha pela liberação da maconha e do casamento gay mas não põe um pé na rua para exigir que parem de roubá-lo.


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