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Árvores

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As arvores são como as pessoas. São seres sociais, membros de sociedades complexas chamadas florestas que, até há bem pouco tempo, cobriam e protegiam perto de seis bilhões de hectares da superfície terrestre.

Crescem “tragando” luz e “traduzindo-a” em açúcar. Em moléculas de glicose aglomeradas sob a forma de celulose, para ser mais exato. E se multiplicam em função de ancestral acordo, nunca desrespeitado, feito com os pássaros e os animais, irrequietos prolongamentos de seus órgãos sexuais: néctares e frutos em troca do transporte de sementes e pólen.

Nos últimos quatro milhões de séculos, desde que o primeiro protótipo alçou seus desajeitados galhos nus alguns centímetros acima do solo, as árvores trataram de se reinventar, um pouco a cada minuto de cada milênio, para se adaptar aos caprichos da luz, da temperatura e dos intestinos de um planeta ainda em projeto. Com a paciência da eternidade colonizaram a Terra e foram reformulando sua atmosfera, a principio irrespirável, até que ela se tornasse capaz de sustentar a vida como a conhecemos hoje.

Eventualmente, perto de 395 milhões de anos depois de iniciada a obra, a grande epopéia vegetal ensejou a entrada em cena do Homo sapiens neste cantinho perdido do Universo.

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Também como as pessoas, as árvores ficam marcadas pela história de suas vidas e pelo ambiente onde ela transcorreu. A busca pela luz, os anos de seca ou de chuva abundante, os inimigos, os predadores, as doenças, os acidentes e incidentes da trajetória, ficam registrados nos meandros mais ou menos intrincados dos seus galhos; nas rugas e cicatrizes dos seus troncos…

E eis que chega o nosso Luis para captar as marcas, os vincos, os testemunhos retorcidos das fomes e das indigestões, das bebedeiras e das ressacas, dos encontros e das memórias, de uma árvore tão vivida quanto ele próprio.

Eis que chega o nosso Luis para nos contar essa sua história: “É assim que venho me amoldando à minha vida”.

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Um homem, uma arvore…

…histórias de vida projetadas uma sobre a outra. Diferentes registros de um mesmo viver, feitos ambos de luz. E a intuição, que a lente torna palpável, de que nossos destinos estão casados: com a derrubada das primeiras árvores, começou a “civilização”; com a derrubada das ultimas, a civilização desaparecerá. E com elas, a sua criatura matricida.

Nada, aliás, que chegue a ser notado nessa vastidão por onde se esgueira a nossa vaidade, em que galáxias inteiras, sucessivamente, surgem do nada e desaparecem sem deixar vestígio.

Texto escrito para o catalogo da exposição do fotografo Luis Tripolli em março de 2009

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