Inglaterra x Europa: entenda a diferença
19 de setembro de 2022 § 7 Comentários

A diferença entre a Inglaterra e o resto da Europa é que no resto da Europa o povo pede humildemente ao rei que o deixe continuar existindo enquanto na Inglaterra é o rei quem, desde 1688, pede humildemente ao povo que o deixe continuar existindo.
É isso que explica a diferença entre os países filhos da Inglaterra e os países filhos do resto da Europa.

A ditadura saiu do armário
24 de agosto de 2022 § 10 Comentários

A custa de descargas irreprimíveis de fel a dupla global conseguiu a duras penas manter sem rugir o seu tantas vezes confessado ódio ao entrevistado na noite de anteontem o que, dado o retrospecto e as condições vigentes em outras dimensões deste país indigente de qualquer traço de civilidade pode ser considerado um avanço, mesmo que apenas tácito. Já tivemos dias piores nessa matéria nos arraiais do moribundo jornalismo pátrio, como ainda temos no ambiente muito mais francamente tóxico do Supremo Tribunal Federal e dos abestados batedores de bumbo da sua “Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito” (14.197/2021).
Os números da audiência da Globo nos últimos quatro anos de desvarios, choro e ranger de dentes é o que explica mais esta “reforma gráfica” (da forma mas não do conteúdo) que tão veementemente nos fala das virtudes do “controle remoto” nas mãos do povo que é tudo que falta ao Brasil das instituições.

Só quando ele puder “zapear” sumariamente para fora da “grade de audiência” os políticos, os servidores e os juízes que cruzarem a linha do decoro e do interesse público assim que ousarem faze-lo – vulgo democracia – este país terá conserto.
Qualquer dúvida que reste quanto ao Jair Bolsonaro menor e os pruridos que ele provoca na epiderme de cada um, a chaga purulenta da truculência do pequeno Putin do STF, que chantageia a Nação com a “bomba atômica” do estado de anomia espalhado das alturas da instituição que tomou de assalto resolve. Não ha mais como acusar o presidente – e não o primitivo ex-secretário de segurança e ex-advogado do crime organizado para quem democracia é uma questão de polícia – sem passar um recibo de assumida desonestidade e inimizade ao Brasil.

Em tudo o mais, a “entrevista” da Globo foi o de sempre: como culpar Bolsonaro pessoal e intransferivelmente por cada raio, cada rajada de vento e cada gota de chuva da tempestade planetária que cair sobre o Brasil. É um esforço que, a cada insistência, a cada torção de braço, a cada volta do parafuso torna-se mais patético e contraproducente pois a falta de munição real que essa obsessão denota – de par com o sucesso do tratamento que Paulo Guedes está dando aos estragos da tempestade comparado com os de todo o resto do mundo, que a matemática confirma, as bolsas de valores e os investidores internacionais festejam e é o que nos fala do presente e do futuro – são as credenciais que fazem o Jair Bolsonaro que age maior que o Jair Bolsonaro que fala.
A violência assumida dos três patetas do STF, de par com a covardia generalizada dos seus pares e dos supostos patrões de todos eles no Legislativo, mais a morte do jornalismo, tirou os democrafóbicos de 64 do armário. Cessou o chororô – como tudo o mais, transformado em mesada – contra a censura e as “prisões arbitrárias” dos “anos de chumbo”. Agora assumem-se abertamente como o que sempre foram. E é a desonestidade fundamental e agressiva deles que explica a resiliência política de Bolsonaro. Eles mesmos, já na porta de saída, não são suficientes nem para fazer transbordar para a cracolândia do entorno, mais uma criatura da “redemocratização”, o woodstockezinho do pátio da São Francisco.
A síndrome de imunodeficiência à violência ideológica que se tornou física no Brasil é, ainda, a que o PT plantou em seus 13 anos no poder e, para além de todas as outras considerações morais, deteve a marcha do país para o futuro e voltou a ser posta em causa nesta eleição a golpes de casuísmo explícito.

Goste do que tenha gostado no passado, ninguém pode afirmar sem dolo que não sabe que quando acaba o mandato dos bolsonaros, tudo que veio vai embora com eles, como manda o eleitor. E que quando Lula é apeado do poder ele deixa postes plantados, a educação pública destruída, a privada aparelhada, as estatais e outros componentes estratégicos da infraestrutura nacional ocupados e declarados “independentes” dos governos que vierem a ser eleitos, um Estado corrupto colonizado, a competição meritocrática na economia privada subvertida, os bandidos prendendo a polícia e “polícias políticas” instrumentalizadas para espionar com minucia chinesa conversas íntimas dos “inimigos do Estado”, além de um STF recheado de advogadozinhos de porta de cadeia de passado mais que suspeito e futuro cada dia mais certo a serviço de pulverizar qualquer sombra de certeza jurídica, conflagrar a Nação e inviabilizar a ferro, lama e fogo, qualquer país que os brasileiros decidam ter no voto que não seja “o seu”.
Se assumem esse grau de violência e ameaçam criminalizar até o pendão verde-e-amarelo na saída da porta arrombada da cadeia estando ainda na oposição e minoritários em todas as instâncias de representação eleitas pelo País Real, imagine-se o que fariam com o Tesouro Nacional (e possivelmente mais o de São Paulo), as Forças Armadas e todo o poder do Estado nas mãos dos banqueiros do Foro de São Paulo que tomou a América Latina de assalto num país que, para além das exceções heróicas, está inteiramente desprovido de imprensa.

O homem certo no lugar certo
18 de agosto de 2022 § 10 Comentários

Por onde começar?
A pergunta não demorou mais que um minuto na minha cabeça: pela certeza do livre trânsito da mentira naquele grande convescote do “pudê” transmitido terça-feira em “espontânea” rede nacional.
Mais triste que a mentira da “democracia brasileira” só mesmo a certeza do seu pacífico acatamento…
O que mais, senão a certeza do “aplauso em pé” devidamente plantado e colhido, com a tonitruante exceção do sitiado presidente em exercício que se manteve em silêncio obsequioso com seus 57 milhões de votos, explica a candura com que o grande herói do “estado democrático de direito” destes Tristes Trópicos desfiou tão completa, minuciosa e argumentada coletânea de mentiras?

Nenhum presidente da republica – em exercício ou candidato a – teve essa atenção, em nenhum momento interrompida, da imprensa. Foi esse ato unânime de reverência dela, aliás, a única candente denúncia da mentira desse “estado de direito”: ela ainda sabe, com unânime exatidão, de onde, ou melhor, de quem, realmente “emana todo o poder”.
Pois que país democrático já gastou mais que duas frases num jornal televisivo com a posse de um presidente … de um tribunal superior eleitoral? Que democracia, mais ainda, tem um “tribunal superior eleitoral” com quase 900 funcionários vitalícios pagos todos os dias de todos os anos, para “supervisionar” o trabalho de 27 tribunais regionais eleitorais, cada um com seus milhares de funcionários vitalícios, encarregados de organizar uma eleição a cada dois anos, cujas regras são as mesmas para todos os estados e todos os municípios do país desde que Getulio Vargas, monocraticamente como um Alexandre qualquer, matou a pau o direito de cada brasileiro decidir sua vida em seu estado e em seu município lá em 1932, o ano em que ele mesmo inventou esse TSE?

Todo o resto pode, isto posto, seguir em pinceladas impressionistas:
“É expressamente proibido o discurso de ódio” … na boca de genocidas fascistas possuídos pelo demônio…
“Somos a 4a maior democracia do mundo” … em número de “eleitores” de eleitos pelos outros…
“A única que vota e apura uma eleição no mesmo dia, o que é motivo de orgulho”…
Que o presidente da farsa finja que não sabe o que significa essa exclusividade, vá lá. Mas a imprensa não desconfiar nem um minuto da prova concreta da esquálida estreiteza do “poder soberano de escolha” do “eleitor” de eleitos pelos outros brasileiro é de rachar de desânimo … ou de indignação.

E os partidos estatais, que nascem e morrem sem nenhuma participação do povo que não cheira nem fede, seja para que eles surjam, seja para que troquem de nome, de endereço ou desapareçam?
E as campanhas financiadas por impostos dos escolhidos para se oferecerem ao voto popular pelas nobres figuras selecionadas sabe deus como para donos desses “partidos” … candidatos tão “nossos” quanto é “nosso” o petróleo da Petrobras?
E o “voto proporcional” que, sem precisar de hackers, transfere para “gatos” 85 de cada 100 votos depositados em nome de “lebres” nas urnas?

É esse modelo de “exercício da vontade soberana do povo de escolher seus representantes” que toda essa súcia a ferro e fogo garante que para sempre nos vai impor.
Nenhuma crítica? Nenhuma pergunta incômoda? Nenhum aparte? Nenhum senão?
Não! Nadica de nada…
É transbordante a efervescência dos feromônios das extasiadas tricoteuses dos jornais televisivos: “ele foi aplaudido de pé”, estrebucham … pela nata dos eleitores dos eleitos que “o povo soberano do Brasil” terá o direito de “eleger”…
Não houve, no bestialógico de Alexandre de Moraes, uma palavra sequer sobre o que diz a lei. Houve uma tonelada de frases sobre o que sua excelsa pessoa indigente de votos acha que a lei terá querido dizer sem ter dito.

Ele está perfeito na posição em que está. O “pacto eterno” que declara não é com qualquer constituição que os representantes eleitos vierem a escrever e o povo referendar no voto se é quando tivermos uma democracia, é com “ESTA CONSTITUIÇÃO”, a que nos foi imposta sem consulta a ninguém…
“Seremos implacáveis contra as mentiras e fake news” sobre a virgindade de Maria … porque é essa verdade auto-evidente que dá a este Santo Ofício o “poder” de mandar queimar hereges na fogueira.
O Brasil pulou a revolução das luzes e desde então fugiu da escola.
Precisa ser passado a limpo de cabo a rabo.

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