Os “avaliadores” vêm aí. De novo…

20 de setembro de 2020 § 27 Comentários


A Folha de S. Paulo dá 
hoje a manchete pela ausência da qual todos os dias em todos os jornais do país fica denunciada a falência moral da imprensa brasileira. “Imposto de renda expõe elite de servidores e desigualdade”.

O título da primeira página refere-se a matéria que trata burocraticamente do único escândalo nacional perto do qual todos os outros se tornam anões que é um tema como esse poder ser tratado burocraticamente.


O Distrito Federal, que não produz nada senão escândalos, tem as maiores renda e patrimônio médios nacionais, de 2,5 a 4 vezes maiores que o segundo estado menos pobre da nação (SP), computados apenas os salários que constam dos holleriths da corte, montados explicitamente para proporcionar às “excelências” condição de sonegar “legalmente” os impostos que impõem aos plebeus em nome da igualdade, dando outros nomes, não tributáveis, à maior parte do que recebem. Se considerados estes valores os números dos proventos da corte ultrapassam os do Brasil plebeu, na média nacional, em coisa de 5 a 8 vezes no mínimo.

E no entanto não há coisa mais rara que uma manchete a respeito na dita “grande imprensa”, efeméride que só acontece por acidente quando instituições como a Fundação Getúlio Vargas ou o Banco Mundial produzem algum estudo sobre o escândalo que a imprensa brasileira jamais pauta por si mesmo.

Da pauta da própria Folha só vêm matérias como a que aparece duas páginas adiante da que não é sua “Congresso planeja criação  de agência para avaliar desempenho de servidor”, que seria um “órgão independente” como o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público) criado por Getúlio Vargas em 1938 e “extinto” em 1986, substituído por irmãos gêmeos com outros nomes onde funcionários públicos “avaliando” e criando “normas de trabalho” para funcionários públicos transformaram o Brasil no favelão nacional a que está reduzido.


Em quadro inserido no conjunto, a matéria sugere que tais esquemas de tapeação são um padrão no mundo, do que decorre que não haveria outro modo conhecido de gerir o serviço público.

No mundo da “grande imprensa” brasileira não existe democracia representativa (a que elege e deselege políticos e funcionários públicos por voto distrital puro), nem recall, nem iniciativa nem referendo porque se e quando existir ela estará entre as primeiras a ser sumariamente “demitida”.

§ 27 Respostas para Os “avaliadores” vêm aí. De novo…

  • Fernando Lencioni disse:

    Kkkkk concordo em gênero, número e grau!!!!!

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  • Carlis disse:

    Obrigado Fernão! Comentário super lúcido e representa o que nos reles mortais sentimos de nossa “Grande Imprensa”.
    Falta vergonha na cara desse pessoal que vive em uma bolha

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  • Mário Rubial Monteiro disse:

    A propósito, interessante ler a matéria de Crusoé, semana 125, sob o título: A corte dos parentes.
    Está tudo lá, bem explicadinho.

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  • Luis Carlos Boucinhas disse:

    Essa matéria parece ter sido escrita por algum jornalista filho de ministro ou coisa parecida.
    Porque não mostram a parcela da renda dos 211 milhões de habitantes subtraída pelos 12 milhões de funcionários e pensionistas, por faixa de renda e cargo?
    Alguém já viu essa informação?

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  • NADER MURAD disse:

    SOMENTE COM UMA NOVA CONSTITUIÇÃO , PODEREMOS
    AJUSTAR VOTO DISTRITAL,RECALL,E SIMPLIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA ,ENTRE CIVIS COMUM E CIVIS PREVILEGIADOS
    E MILITARES….IMPOSTOS SOBRE O VALOR DA NOTA FISCAL….
    MAIS FACIL DE CONTROLAR A SONEGAÇÃO, E DIMINUIR A
    CARGA TRIBUTARIA, E MUNICIPALIZAÇÃO DA MAQUINA…..

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  • cadu43 disse:

    Aaahhhhh. A perfeicao Fernao! Obg!!!!!!!!!

    Enviado do meu iPhone

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  • terezasayeg disse:

    A carta que escrevi ontem para o Fórum do Estadão e que ainda não foi publicada.

    Tereza Sayeg
    sáb., 19 de set. 15:04 (há 1 dia)
    para Estadão

    Fiquei animada com o ato da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que fez apenas o óbvio: tirou o auxílio-mudança de R$ 33.000,00 de deputados reeleitos ou que vivem em Brasília.
    Só que alegria de pobre dura pouco: no dia seguinte revogaram o ato. No mesmo dia em que as manchetes anunciam 13,7 milhões de desempregados, não é apenas uma imoralidade. É uma vilania.

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  • Tereza Sayeg disse:

    A carta que escrevi para o Fórum ontem.

    Tereza Sayeg
    sáb., 19 de set. 15:04 (há 1 dia)
    para Estadão

    Fiquei animada com o ato da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que fez apenas o óbvio: tirou o auxílio-mudança de R$ 33.000,00 de deputados reeleitos ou que vivem em Brasília.
    Só que alegria de pobre dura pouco: no dia seguinte revogaram o ato. No mesmo dia em que as manchetes anunciam 13,7 milhões de desempregados, não é apenas uma imoralidade. É uma vilania.

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  • terezasayeg disse:

    Carta minha enviada para o Fórum do Estadão ontem

    Tereza Sayeg
    sáb., 19 de set. 15:04 (há 1 dia)
    para Estadão

    Fiquei animada com o ato da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que fez apenas o óbvio: tirou o auxílio-mudança de R$ 33.000,00 de deputados reeleitos ou que vivem em Brasília.
    Só que alegria de pobre dura pouco: no dia seguinte revogaram o ato. No mesmo dia em que as manchetes anunciam 13,7 milhões de desempregados, não é apenas uma imoralidade. É uma vilania.

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  • terezasayeg disse:

    Desculpem, achei que o comentário não tinha sido publicado e não sei como apagar dois deles.

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  • Adriana disse:

    Perfeito Fernão! Às vezes acho esses jornalistas ingênuos, mas você vem mostrar que na verdade não cumprem a honrosa missão de informar. Seu blog me ajuda a entender esse país.

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  • Paulo Murano disse:

    No Brasil, até notáveis se fazem incapazes para aprender com o passado; aliás, citam nome e passagens de boa memória como sufiente para, entre nós, manterem o verniz de notável. A cada crescimento um novo olhar, inclusive nos textos e comentários passado. Escritor que não lucra com seus escritos tem tempo de lucidez a ganhar com releituras de si para novas paragens. Algo parecido com Universo expansão; ao menos até o protanismo dos buracos negros. Isto é, há tempo para o esperado Ulisses derrotar o deus Comédia que a tudo humilha dos humanos das bandas de cá.
    Ulissw

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  • krislevis46 disse:

    Fernão, por que a imprensa será demitida se um dia tivermos o sistema distrital?

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    • LSB disse:

      Eu também penso que o voto distrital puro enseja uma dinâmica que levaria a ” ‘grande imprensa’ brasileira” estar “entre as primeiras a ser sumariamente ‘demitida’ “.

      Todavia, confesso que não sei se minha ideia é a mesma do Fernão.

      Mas segue meu entendimento:

      O voto distrital puro cria uma tendência à “descentralização” (e utilizo essa palavra de forma genérica propositalmente, conforme explico abaixo).

      Ao estar próximo do seu eleito, o eleitor tende a interagir muito mais com seu representante e, por conseguinte, acaba ficando “mais informado” das alternativas (dificuldades, oposições, consequências, riscos, etc.) que estão “à mesa” para votação, escolha, etc.

      Inevitavelmente, cada eleitor acaba “descobrindo” que quanto mais alto e maior for o “âmbito” da decisão (municipal, estadual ou federal) mais difícil torna-se obter o consenso, maiores e mais antagônicas são as discordâncias e sempre mais distante dos seus desejos e julgamentos as decisões/alternativas “possíveis” – ou “viáveis” politicamente – estarão.

      Daí acaba-se gerando uma tendência/pressão para uma descentralização decisória para que cada região, território, etc. – constituindo unidades menores e mais homogêneas – possam tomar decisões independentemente das demais (sobre diversos assuntos).

      Nesse cenário, as questões locais e as discussões locais (ainda que o assunto esteja sendo decidido, independentemente, no país inteiro) tornam-se muito mais importante para cada eleitor.

      No Brasil, por exemplo, a centralização jurídica e política no âmbito federal é radical: tudo emana de Brasília. Praticamente não há autonomia de Estados e Municípios, pois tudo já está massivamente legislado no arcabouço jurídico federal e é mínima a margem de ajuste que os demais Entes da Federação possuem para “personalizar” a lei (e só em sentido de ser mais rigorosa, nunca menos – isto seria inconstitucional).

      Desta forma, acaba que só a política “nacional” e as decisões de Brasília importam “de verdade” para o brasileiro. E, nesse contexto, a “grande imprensa” tem um “nicho de mercado” relativamente fácil de operar (basta cobrir o que acontece em Brasília, o que se está decidindo em Brasília, etc).

      Em um “sonhático” Brasil com voto distrital puro, a descentralização seria inevitável e, daí, a imprensa que viria a ter “sucesso comercial” não seria necessariamente a “grande imprensa” atual, mas aquela que passasse a “operar” em cada município, localidade, etc. Ou seja, a imprensa atual teria que se transformar (e o “cenário” seria mais “desafiador”, pois cada localidade “um mundo à parte”) ou, do contrário, seria “demitida”.

      Complementarmente (ou mesmo antes dessa dinâmica toda), o voto distrital pura geraria a imediata necessidade de, em cada distrito, uma imprensa seguir “passo a passo” o eleito (essa “demanda” seria criada imediatamente). Quem prestaria esse serviço? A “grande imprensa” reinventada ou novos veículos de comunicação?
      Enfim, se a “grande imprensa” não se adaptasse, seria “demitida”…

      Para concluir, o voto distrital puro gera uma tendência à descentralização e, inclusive, da imprensa (que, no mínimo, acaba tendo que cobrir jornalisticamente cada eleito de forma “personalizada” para atender “nichos” específicos de mercado – leia-se “distritos eleitorais”).

      Abs
      LSB

      PS: já expressei em post antigo a ideia de que jornalistas, de modo geral, deveriam apoiar o voto distrital puro (de fato, expressei o meu “não entendimento” do porquê dos jornalistas não o apoiarem), dado que, ainda que isso gerasse “desafios” para grandes empresas jornalísticas estabelecidas, para o jornalismo como um todo seria um oportunidade de OURO, pois aumentaria e muito a demanda por produção jornalística (pela dinâmica relatada acima). Sintomaticamente, nos EUA há uma profusão de emissoras de TV, rádios e jornais LOCAIS.
      (Já aqui no Brasil, jornais e veículos de comunicação regionais são poucos e quase todos vivem à míngua).

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  • flm disse:

    Você entendeu PERFEITAMENTE o “circulo virtuoso” do sistema distrital, LSB!
    É exatamente assim…

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    • LSB disse:

      Fernão,

      Já pensou ou tentou lançar um livro, uma coletânea com seus artigos?
      Artigos publicados em jornais são poderosos divulgadores de ideias, sim; porém também apresentam pontos “falhos”.
      Sem dúvida, a principal “fraqueza” é a articulação de uma “macro ideia” (não me refiro a uma opinião pontual ou que trata de um “dilema” específico do momento e bem definido, mas sim de defender uma bandeira mais “genérica”, ampla ou estrutural, sendo o voto distrital puro com recall um típico exemplo).

      Nesse caso (“macro” ideia), o artigo no jornal é sempre limitado pelo espaço e, daí, o assunto é abordado em parcelas. Isso prejudica a articulação (pessoas leem, mas não entendem por desconhecer alguma coisa omitida por simplificação no artigo; diversos pontos são abordados superficialmente ou nem abordados em um artigo, pois foram ou serão “destrinchados” em outros, porém o leitor nem sempre acompanha todos os artigos, etc.).

      Assim, em um livro (“Voto Distrital – A Revolução Necessária”) é possível, reunindo e organizando os artigos, articular melhor a ideia do voto distrital puro (pode-se acrescentar textos inéditos, notas explicativas, prefácios, prólogo e posfácio seu ou de outros autores para “condensar” melhor a tese defendida, etc.)

      Ademais,a própria dinâmica de divulgação de uma ideia é diferente nos dois casos… o artigo “passa”, o livro não. No caso do artigo, quem leu, leu; quem não leu, dificilmente virá a ler. Livros perduram.

      Enfim, se já tentou e não deu certo, lamento. Mas se ainda não tinha cogitado a ideia, avalie com carinho, pois eu acredito que seria uma “super arma” na nossa luta por um Brasil realmente democrático.
      Se precisar alguma garantia, eu, de antemão, já assumo o compromisso de compra de, no mínimo, uma dúzia de exemplares (para mim e para presentear, é claro).

      Abs
      LSB

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  • Nelevy disse:

    O mal maior existente neste país desde sempre é o corporativismo do funcionalismo público. Sempre foram tratados pela classe política como coitadinhos quando em campanha para que o status quo não mude. E quem sofre é o país. O serviço público não entrega proporcionalmente ao que ganha. Se fosse empresa, estaria falida.
    “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”

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  • Marcelo Melgaço disse:

    Caro Fernão,

    Acabo de saber que deixou de ser articulista do Estadão. Senti muitíssimo, pois seus artigos eram meus favoritos do jornal.

    Vou acompanhá-lo por aqui.

    Cordialmente,

    Marcelo Melgaço

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  • Pedro Marcelo Cezar Guimaraes disse:

    Isso tudo é apenas sintoma da doença “Estado obeso ineficirnte”, vulgo Leviata socialista, republicano ainda que seja democrático!!! De resto, apenas chororo dos coitados!!! No caso, do cidadão pagador de impostos….ainda que seja apenas o inflacionario!!!!
    Não ha saída senão for pela preservação do direito a propriedade privadaa, do contratualismo e a responsabilidade e liberdades individuais

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  • GATO disse:

    É amigos da rede tonto, chega de blá, blá, blá, vamos ser práticos:
    O nosso Posto Ipiranga, bem como nosso Messias não estão lá pra resolver coisa nenhuma a não ser seu problemas com a justiça, pois se quiserem resolver rápido e celeremente basta usar a francesinha (antigamente se usava na contabilidade, eram uma fichinhas) BIC que tanto se orgulha. Mas como?
    Tem um tipo denominado LEÃO, é só alimenta-lo adequadamente, criando nova faixa de contribuição = 55% somente/exclusivamente/classe especial de cidadão “FUNCIONÁRIOS DE MÉDIO E ALTO ESCALÃO” remunerados/pagos/as expensas do Estado Brasileiro. Os peritos do INSS aqui incluídos, pois já basta ganhar sem trabalhar.
    Não precisa de PEC, nem de DL, nem daquelas que caducam em 90 dias, apenas uma portaria, que alguns vão chamar de porcaria, ou talvez uma simples normativa.
    Há os ministros do tipo que declaram coisas absurdas, como aquele que acredita que a terra é plana ou as queimadas querem derrubar o Chefe, também tem que pagar nessa alíquota.
    Assim resolvemos o problema com uma cacetada só, arrecadação sobe de imediato e passamos a ter verdadeiros heróis da pátria amada salve, salve, heróis que vão dar o sangue pela pátria, através do órgão que mais dói no ser humano, o bolso

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  • Ronaldo Sheldon disse:

    Verdade pura! Por que será que nenhum partido, nem o Novo, assume a causa lógica, salutar e definitiva do Voto Distrital Puro com recall?

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  • Herbert Sílvio Augusto Pinho Halbsgut disse:

    Faixa de contribuição de 55% para a alta privilegiatura seria uma boa iniciativa para se ir formando um fundo para financiar um programa de renda básica para todos do “favelão nacional”. A imprensa cara de paisagem tem sua maneira de mentir: omissão! O que podemos dizer da má distribuição de renda no Brasil fica bem definido com a expressão italina: “Ma che bella roba!”.

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