A mecânica da polarização

3 de março de 2020 § 38 Comentários

 Artigo para O Estado de S. Paulo de 3/3/2020

A maior parte dos votos nos trump’s do mundo não são exatamente votos no “trumpismo”, que ninguém sabe definir o que é. São reações pós-traumáticas do senso comum quando, ainda em pleno gozo de sua saude inata, é agredido pelos “pogroms conceituais” que as patrulhas liberal, hegemônicas nos “meios de difusão cultural da burguesia”, promovem recorrentemente.

Cada horda de inquisidores torturando um entrevistado para “provar” que uma frase infeliz define-o irreversivelmente como racista, misógino, homofóbico ou qual seja das marcações a ferro infamantes das últimas ordenações do misterioso oráculo planetário da “correção política” reafirma o voto reativo de todo aquele que, mesmo fazendo restrições às grosserias e estupidezes dele, disseram uma frase infeliz alguma vez na vida.

Cada malabarismo semântico para designar com novas composições de expressões ridículas aquilo que os shakespeares e camões de todas as línguas sabiam expressar desde sempre, com todas as nuances de conotação desejadas, para esconjurar preconceitos sentidos com preconceitos institucionalizados, incentiva o voto nevrálgico de todo sujeito que já superou o pensamento mágico e a crença no poder dos exorcismos.

Cada torção do braço dos fatos para impor como absolutas verdades apenas relativas; cada tentativa de ditar regras universais de comportamento pessoal ou enfiar o Estado fronteira adentro do círculo da intimidade da família; cada tentativa de obrigar deus e o mundo a ver o que não está lá ou a não ver o que obviamente está reassegura o voto pós-traumático de todos quantos recusam a condição de manada e insistem em aprender apenas observando o que de fato acontece. E o advento das ferramentas de internet que propiciam o disparo de respostas geradas no fígado antes da intervenção ponderada do cérebro acelerou vertiginosamente a marcha da insensatez, adicionando a esses ódios todos uma conotação pessoal.

O maior prejuízo da violência retórica não-lógica é que ela dispensa os contendores de elaborar propostas para o mundo real. Permite a cada um manter-se vago em tudo o mais desde que tome posição clara contra a estupidez do outro. E isso deixa inteiramente desassistidos os problemas verdadeiramente problemáticos.

No Brasil o ódio da direita da privilegiatura pela esquerda da privilegiatura, e vice- versa, bastam-se um ao outro num debate cada vez mais movido a bilis, o que dispensa os dois lados de discutir a única coisa que interessa, qual seja, a existência de privilégios de classe institucionalizados em pleno 3º Milênio, 240 anos depois do fim do feudalismo.

Nos Estados Unidos o ódio dos “liberal” pelos “conservadores”, e vice-versa, açulado por uma elite empanturrada para a qual ele é a melhor droga contra o tédio, dispensa os dois lados de discutir a única coisa que interessa, qual seja, que aceitar os termos dos “capitalismos de estado” na disputa pelo mercado global é permitir que sejam devoradas por dentro as democracias ocidentais pois enquanto os sanders e os trump’s se escoiceiam os Estados Unidos reais, levando o mundo de arrasto, afundam cada vez mais, de recorde em recorde de fusões de empresas, de volta na lógica dos monopólios que foram a base do poder dos reis e seus barões no passado e hoje são a dos donos dos estados bandidos e seus “empresários” amestrados em que se travestiram as ditaduras comunistas.

O único remédio concreto que historicamente se lhes deu foi o da reorientação antitruste da democracia americana a partir da virada do século 19 para o 20. “Make America great again” – ou o Brasil pela primeira vez – é recuperar a capacidade da sua economia de dar a cada cidadão a condição de conquistar com trabalho tudo que a vida pode oferecer e continuar mandando no Estado como lindamente mandou ao longo de todo o século 20. E isso se faz “desachinezando-se” o mercado de trabalho doméstico e forçando a ocidentalização do das chinas do mundo mediante a instituição de impostos contra produtos em que não estejam embutidos os custos de pesquisa e desenvolvimento, da dignidade no trabalho e das liberdades básicas do cidadão como trabalhador e como consumidor.

Não ha muito que inventar mas ha tudo a relembrar sobre os marcos fundamentais da luta da humanidade contra a opressão: 1) que tudo que quem nasce sem nada tem de seu é a sua capacidade de criar e de trabalhar, e que sem a garantia do direito de propriedade – intelectual inclusive – até isso lhe roubam; 2) que liberdade, para além do blábláblá conceitual onde todas as prisões com jeitinho podem ser acomodadas, é a de ser disputado por múltiplos patrões e fornecedores concorrendo pela sua preferência; 3) que democracia existe nas sociedades onde todo mundo sabe quem representa quem, todos são iguais perante a lei e, sendo assim, a maioria é que manda no governo; 4) que esse rearranjo da hierarquia só se materializa com o voto distrital puro e o direito do povo de retomar mandatos (recall), recusar leis vindas de cima (referendo) e propor as suas próprias (iniciativa).

O resto é só barulho para impedir você de pensar.

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§ 38 Respostas para A mecânica da polarização

  • Olavo Leal disse:

    Fernão: grande texto, um resumo no que há de melhor.
    O último grande parágrafo, mais a última frase, representam tudo o que, esperamos, um dia estaremos atingindo.

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  • MORA disse:

    Perfeito. A próxima campanha deve ser a de proibir grandes monopólios; grandes fusões de empresas. Nada acrescentam aos bilhões do mundo fazendo-nos a voltar a sermos súdito de reis sem coroa.

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  • Nelson disse:

    É reconhecida a competência do Fernão, sua habilidade linguística, deixa o texto claro , entretanto, no momento em que vivemos no Brasil, esta é uma meta quase utópica, ou ao menos longínqua !
    São dois extremos muito díspares , de um lado um grupo que se intitula de esquerda, mas na verdade, formaram uma quadrilha de traidores da Pátria, que saquearam o Brasil, para benefício próprio. Dentre tantos exemplos já conhecidos, recentemente o Banco BTG foi enquadrado na Lava Jato, pela delação de Palocci, onde o próprio Ministro Mantega, passaria as informações de bastidores sobre a SELIC, antecipadamente…O BTG somente em uma transação ganhou 58 milhões de reais.
    Do outro lado, um grupo de direita que demonstra fortemente querer acertar, que são patriotas, que não vende cargos, anti corrupção, que recebe críticas fortíssimas, e recorrentes do estabilishment, que está tentando terminar as obras paradas…
    Simplificando : Ladrões e traidores X Não perfeitos, mas patriotas.

    Muito cuidado com Rodrigo Maia ( lava Jato ) que está se infiltrando para ser a opção de centro !
    Sem contar com os fatores, Congresso e STF ….
    Neste momento, em minha opinião, a polarização é inevitável e até benéfica…..mas dia talvez…..

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    • Flm disse:

      A única condição para a democracia se impor a qualquer sociedade, Nelson, é uma maioria dos seus integrantes acreditar nela.
      Não foi por acaso que misturei Brasil e EUA na mesma panela hoje. Foi só para lembrar aos mais desatentos que mesmo com todas as contingências que você menciona como justificativas para a polarização no Brasil ausentes nos EUA a polarização é a mesma.
      Exatamente porque não é em função de fatores concretos que os distraídos são arrastados para essa armadilha. Você cai nela porque deixa que manipulem o seu disparador de respostas figadais que vão pondo o cérebro cada vez mais longe dessa disputa.
      Não há governante “bom”.
      O que pode haver é governante bem vigiado e ferramentas efetivas de cobrança. O resto é ilusão de noiva…

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    • carmen leibovici disse:

      Nelson,voce acredita tanto assim no Bolsonaro e sua turma?Acha eles tão patriotas?
      Poxa!Eu não acredito assim,não!
      Sou bem mais cética em relação a esse peixe que eles estão vendendo e que você já comprou.
      Concordo mais com o Fernão:se Bolsonaro brigasse,por exemplo, para devolver esses 30 bilhões DO NOSSO DINHEIRO para nós mesmos, em forma de estradas,hospitais,saneamento básico onde falta,etc ,em vez de deixar rolar esse a briga por “emendas”,eu acreditaria nele,mas ele não está,ele está deixando os privilégios da privilegiada rolarem a vontade.Ele é o avesso de Lula; o corpo é um só,seja direita seja esquerda.Tudo igual.
      Nós somos bobos de deixar isso acontecer pois somos os donos da grana e merecemos muito mais.Os brasileiros,de um modo geral,infelizmente,se acostumaram a ser trouxas

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      • carmen leibovici disse:

        Eu queria acrescentar que com essas tais emendas bilionárias que esses políticos embolsam,eles NÃO favorecem o país como um todo,eles favorecem seus currais e com isso perpetuam a desgraça do Brasil.Com essas emendas até talvez saia um hospitalzinho aqui ou ali,mas isso não tem a ver com plano de país,tem a ver com interesses deles próprios e de seus “comparsas”.Francamente,um país não pode ser uma safadeza dessas.Isso não é país ,é máfia organizada .E o povo todo,que não pertence a essa privilegiatura dos infernos, fica jogadao assistindo a esse teatro macabro.Tem de mudar!É cara de pau (sujo)demais!

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      • marina alves dos santos disse:

        Você acredita mesmo, que ele conseguiria bancar e vencer essa briga? Enquanto o povo votar em condenados em réus em dezenas de ações, votar pensando que governar é ajudar o pobres ( e estes ficarem reféns de bolsa familia enchendo a casa de mais dependentes); esse Parlamento dominado por Maia, Alcolumbre e o Centrão, cada dia é uma agonia. E ainda temos que assistir esses filhos do presidente que vêm sendo uma surpresa atrás da outra para encarecer ainda mais o apoio às reformas que o Brasil precisa.

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  • CLAUDIO CORREA disse:

    bom ler o que pessoas inteligentes e instruídas tem a dizer, mas precisamos de muito mais do que palavras nesse pais adestrado pela mediocridade de paulo freire, pela insistencia de leonardo boff ambos macacaos de antonio grammmisci. precisamos de atitudes energicas e sem bla bla bla, como as de nosso presidente. Parabéns pelo texto Fernão.

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  • Flm disse:

    Eu adoraria que o nosso presidente fosse esse “enérgico” que você gostaria que ele fosse, Cláudio.
    Mas ele não é.
    Bombardeou todas as reformas, deu mais salário e mais aposentadoria pros milicos como ele e agora da mole até pros PMs amotinados (a outra clientela dele) do Ceará por cima do número de assassinados dobrados.
    No momento está de mal com o Congresso porque les estão ameaçando tomar mais 30 bi do que o governo toma da gente. Quando ele começar a brigar pra devolver esses 30 bi pra gente, nem que seja só no discurso, em vez de discutir quem fica com quanto do que arrancam do favelão nacional, aí eu começo a acreditar nessa energia.
    Mas nem isso ele faz. E quando o Paulo Guedes tentou tomou um monte de cala-a-boca.
    Se em vez de ver energia onde não existe a gente começasse a cobrar a chute que ele mostrasse alguma, talvez viesse a acontecer.

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    • Olavo Leal disse:

      Bolsonaro e equipe estão enfrentando todas as forças que, até 2016 (ou até 2018?), levaram o Brasil ao fundo do poço. Não está sendo fácil conduzir o País contra todas essas forças. Há erros, mas é o que nos restou, até o momento. Dessa situação atual, não há liderança(s) capaz(es) de conduzir nosso Brasil a porto seguro. Bolsonaro sempre esteve do lado que está, desde vereador, no Rio, com erros e acertos.

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      • flm disse:

        Insisto, sr. Olavo.
        A alternativa ao Bolsonaro era muito pior?
        Sim.
        Isto quer dizer que o Bolsonaro é bom?
        Não!
        E se gente como o senhor começasse a entender isso e passasse a cobra-lo como ele merece e precisa, é muitíssimo provável que ele se tornasse melhor.
        Babação de ovo corrompe o politico…

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      • LSB disse:

        Caro Fernão,

        Tenho muitas dúvidas se caso passássemos a cobrar / criticar Bolsonaro, o resultado mais “provável” seria “ele se tornar melhor”.

        Por tudo que testemunhei em política, acho mais provável que imediatamente o “mainstream” começaria a “gritar” que Bolsonaro perde apoio, que seus apoiadores estão frustrados, que Bolsonaro está isolado, que Bolsonaro não tem mais respaldo popular (não faltariam entrevistas com “comuns” que diriam ter se arrependido do voto), etc.
        Também teria lugar o discurso que Bolsonaro “perdeu” a legitimidade política, que virou “pato manco”, que seu governo “acabou”, que não há governabilidade, que Bolsonaro não tem mais condições de continuar no poder, etc. etc. etc…
        Ou seja, a “cama de gato” para o “impeachment” do presidente estaria “pronta”…

        Enfim, não posso dizer que você está errado, mas também não tenho o mínimo indício que você esteja certo…

        Abs
        LSB

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      • Olavo Leal disse:

        Caro Fernão e demais debatedores:
        Não se trata de babação de ovo; por sinal, longe disso!
        O problema é que para o País deslanchar é preciso, antes, recolocá-lo nos trilhos, o que não é nada fácil, depois de muitos anos de destruição total (do trem e dos trilhos). Quando o trem estiver recolocado nos trilhos (depois de estes, lógico, reconstruídos), é hora de malhar o Bolsonaro e/ou quem o substituir, para completar o trabalho.
        Na quadra atual, é a missão desse governo. Para mim, ou o apoiamos (claro, apontando pontos fracos e erros) ou…. voltam os esquerdistas.
        (Por exemplo: “imprecionante” não é ponto fraco ou erro considerável nesse ponto do jogo. Mas foi elevado às estrelas pela “imprensa”. A mesma que não conseguiu antever o “fenômeno” Bolsonaro, que se avizinhava, ao insistir que ele não ganharia de ninguém no 2º turno.)
        Já escrevi sobre os Ministérios da Educação, da Cultura, do Meio Ambiente etc. Qualquer um que ocupe uma dessas pastas vai ser execrado pela “imprensa” e seus seguidores.
        Eu não sigo essa “imprensa” e, nem por isso, sou baba-ovo de ninguém!!!
        Acho que precisamos cuidar para não cair no jogo dessa “imprensa”, que envolve a vermelhidão no ensino de nossos filhos e netos, o mau uso da Lei Rouanet etc, etc, etc. Botar o dedo nessas feridas é arrumar inimigos figadais para a eternidade…!!!
        Bolsonaro botou o dedo, Aí está o resultado.
        Abs a todos

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    • Pedro Marcelo Cezar Guimarães disse:

      Apesar de o Presidente Bolsonaro não ser tão “enérgico” quanto os ilustres comentaristas gostariam que ele fosse, o preço a ser pago ainda é pequeno, diante da magnitude do aparelhamento estatal socialista/patrimonialista dos “desgovernos” anteriores! A transição é árdua, mas ainda creio na possibilidade de num país plasmado na soberania da vontade popular, no direito à propriedade privada e nas garantias das liberdades individuais!!!

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    • Pedro Marcelo Cezar Guimarães disse:

      A proposito, todos nas ruas em 15/03/2020…Conclamando maior “energia”!!!

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  • Herbert Sílvio Augusto Pinho Halbsgut disse:

    O penúltimo e o último parágrafos de seu artigo de hoje, divulgado no jornal O Estado de São Paulo, página A2 , Espaço Aberto , resumem de forma didática qual é o remédio eficaz comprovadamente – vide Suíça, EUA, Alemanha, e outros países – que você propõe ao povo brasileiro há décadas para resgatar o seu poder e poderrmos dizer , cada um de nós, em alto e bom som: “DUCO, NON DUCOR” (Conduzo, não sou conduzido”).
    O senhor nos oferece a liderança esclarecida necessária para a defesa da democracia verdadeira contra esse obscurantismo que ainda se impõe sobre o povo partindo da privilegiatura que despreza o que reza nossa Carta Magna naquilo que tem de melhor.
    Seu jornalismo é exemplar !

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    • A. disse:

      O brasão da cidade de São Paulo diz: “NON DVCOR DVCO” (quem frequentou GK não pode cometer esse erro…)

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      • Herbert Sílvio Augusto Pinho Halbsgut disse:

        O Ginásio Koelle é um excelente colégio, mas não forma seres perfeitos.Não tínhamos latim no nosso currículo, somente o inglês para todos e o alemão, ou o francês como mais uma língua optativa. Grato pela sua correção, senhor A., que deve ser um atento estudioso da heráldica tupiniquim. ” Conduzo, não sou conduzido.” certamente difere muito de “Não sou conduzido, conduzo”.

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      • A. disse:

        Dr. Herbert: continuar esse “diálogo” é sair dos parâmetros do site, que trata de temas políticos e não de “heráldica tupiniquim”. Mas em proveito da verdade, a tradução da frase tanto faz que seja na ordem direta ou inversa. O que não pode ser mudado é o que está escrito na bandeira. É o mesmo que disséssemos que na bandeira nacional está escrito “PROGRESSO E ORDEM”: está? ( Abraços e obrigado por responder a um “A.nônimo”!… )

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      • Herbert Sílvio Augusto Pinho Halbsgut disse:

        Caríssimo Dr.(?) (A.nônimo!) ( conforme o senhor se identificou ao assinar seu segundo comentário de 12 de março, às 07:45) quem citou a bandeira da capital paulista, correlacionando-a à máxima latina foi Vossa Senhoria.
        No comentário que postei apenas citei a máxima latina em português e não fiz menção a bandeira paulistana, que ao centro exibe o Brasão de Armas contendo a máxima em latim que lá está.
        Mais uma vez lhe agradeço por alertar a mim e aos cultos leitores e comentaristas do Vespeiro.com lembrando a máxima em latim da bandeira paulistana: ” NON DVCOR DVCO “.
        Quanto ao comentário que Vossa Senhoria fez em seguida, sobre a bandeira do Brasil trocando os dizeres “Ordem e Progresso” por “Progresso e Ordem” eu considero pura gozação desnecessária .
        Não sou doutor com tese defendida em banca acadêmica, portanto recuso o chamamento que Vossa Senhoria me fez pelo título de doutor.Mais uma gozação gratuita? O Brasil continua sendo um país de doutores sem teses, como acontece, ou acontecia no serviço público em geral como já comentei anteriormente em outro artigo neste site.
        Quanto a abreviações de nomes substituídos por uma ou mais letras iniciais devo lembrar que:

        FLM todos nós sabemos que é abreviação de Fernão Lara Mesquita, que mantém este site para que discutamos política e, principalmente, o sistema de voto distrital puro com recall – retomada do poder dos eleitos que se mostrarem incompetentes, ou não cumprem o que prometeram aos leitores, que são os verdadeiros donos do poder – referenduns, iniciativas e muita transparência! Aqui é um espaço democrático, coisa de imprensa livre e séria, e assuntos correlatos aos temas ( Posts) do Fernão considero sempre muito importantes. Quem não quer ler um comentário, que passe para o seguinte!
        Valorizo mais os comentaristas aqui no Vespeiro.com, e em outros tantos sites mundo afora, que assinam seus nomes completos, principalmente em tempos de fake news. Às vezes as pessoas precisam se esconder por motivo de segurança, por receberem ameaças como muitos de nossos jornalistas hoje em dia, mas aí considero válido o uso de pseudônimos.
        Saudações dessa vespa fraterna!

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      • A. disse:

        Sr. Herbert:
        1) Chamá-lo de “Dr.” e ser chamado de “Vossa Senhoria’ tem o mesmo efeito;
        2) O sr. não citou a máxima latina em português. O sr. escreveu em latim: “DUCO, NON DUCOR”. Não sei se o latim admite ordem inversa;
        3) O sr. escreveu que “mais uma vez lhe agradeço…” O sr. já tinha agradecido antes? Não lembro…
        4) Dizer que meus argumentos são “pura gozação desnecessária” é um menosprezo ao meu direito de ter opinião;
        5) Quanto à “assinatura” do comentário (A.), cito Shakespeare: se a rosa tivesse outro nome exalaria o mesmo perfume. Quem garante que “Herbert Sílvio Augusto Pinho Halbsgut” não é um pseudônimo?;
        6) Alerta: seu senso de humor está tendendo a zero! Trabalhe nisso!
        7) Abração e um ótimo final de semana!

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  • Ethan Edwards disse:

    Existem na vida pública dois campos de naturezas radicalmente diferentes que o pensador que se dedica à política deve saber distinguir: a filosofia política, onde prevalecem as disciplinas intelectuais, e a política propriamente dita, onde prevalece a ação. Esta, por se referir a uma realidade que jamais se pode conhecer inteiramente (as reações e motivações do inimigo, por ex.), inspira-se não apenas no cálculo e nos elementos propiciados pela filosofia política, mas também em elementos que costumamos chamar de irracionais, como a intuição, o ódio, o medo, a vingança… No caso brasileiro, para ir direto ao ponto, a filosofia política nos adverte que ambos os radicalismos, a chamada polarização, não concorrem para construir um futuro civilizado – que só poderá existir numa atmosfera democrática, desprovida de ódios tribais. Já a análise das forças políticas em confronto nos desafia com as seguintes opções: A) apoiar o golpe ensaiado por parte do Congresso, com apoio maciço da esquerda, de implantação de um parlamentarismo prêt-à-porter destinado a emascular o governo Bolsonaro (uma vez que os golpistas sabem que ainda não é hora de “provocar a direita” com um processo de impeachment; deve-se, antes, “sangrar” Bolsonaro até que seus eleitores o abandonem); B) apoiar Bolsonaro na sua “marcha sobre Roma”, que, sem um objetivo claro (por ex.: a aprovação de uma lei), não passa de uma tentativa de submeter o Legislativo ao Executivo (ou ao Presidente…) – movimento absolutamente ineficaz se não for seguido, como no caso italiano, de medidas ditatoriais: a única utilidade das “ações de massas” é preparar/modificar o clima político, tornando-o propício a medidas que serão tomadas pelos chefes; C) denunciar as opções anteriores como igualmente antidemocráticas. A rigor, apenas as opções A e B se referem à politica propriamente dita, são as únicas que têm por consequência deslocamentos no eixo do poder, fortalecendo o pólo A em detrimento do B ou vice-versa. A opção C é aquilo que nos partidos políticos se convencionou chamar, desde o século XIX, de “propaganda”, trabalho de longo prazo sem implicações na luta política imediata.

    No passado, em situações desse tipo, as pessoas que não queriam apoiar nenhuma das opções disponíveis nem se sentir impotentes diziam dar “apoio crítico” à opção A ou à opção B, algo do gênero “apoio Bolsonaro na luta contra o Centrão, mas sou contra qualquer movimento que vise submeter o Congresso ao Executivo”. Já se fizeram muitas piadas sobre essas tentativas de descobrir invisíveis fissuras naquilo que na verdade é um sólido monólito e me poupo de entediar o improvável leitor. A verdade é mais simples: quem não apoia a opção A nem a opção B está, no momento, abdicando de participar da luta política. Não é um crime. Mas é bom não ter ilusões, não se pôr a fabular sobre andorinhas que levam no bico uma gota de água para apagar o incêndio. O incêndio, no momento, será resolvido por A ou B – e um deles decidirá, em seguida, o que fazer com as andorinhas. Quem acredita que é seu dever, em qualquer circunstância, participar da luta política deve fazer sua escolha entre A e B. Quem acredita que o ambiente político se tornou insuportavelmente tóxico deve admitir que, ao não apoiar nem A nem B, prefere não participar da luta/carnificina/guerra suja que decidirá o futuro do País. A terceira opção é só uma escolha moral, com a qual salvamos apenas a própria alma. Talvez seja o melhor a fazer no momento.

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    • LSB disse:

      Prezado Ethan,

      Seu comentário / análise é irretocável !!!

      Abs
      LSB

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    • flm disse:

      Sim, é isso mesmo.
      Lutas enormes por nenhum avanço mas que, se não forem travadas, custarão enormes recuos.
      É o filme das nossas vidas. A historia de 64 e tantas outras que nos trazem sempre de volta à estaca zero.
      Aí é que meto a minha colher para indicar qual o caminho que, historicamente, resultou em avanço, para que não siga todo mundo pensando só com o fígado e o voo prossiga sem nenhum horizonte, ate que um dos lados canse de resistir…

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      • flm disse:

        Em outras palavras, resistir para não chegar a lugar nenhum cansa qualquer leão. Para ganhar a briga é preciso AVANÇAR em direção a algo bem definido, ainda que, de onde estamos, ainda pareça sonho.
        É preciso ter algo mais para pedir pro povo senão que simplesmente vá à rua. Essa foi a vantagem que levou a esquerda ate onde chegou: ela apontava uma utopia, um lugar de destino atras da qual valia a pena correr e empurrar. Do outro lado, tratava-se apenas de barricar a porta; de não deixar passar…
        Esta modesta tribuna veio para lembrar que é tempo de tratar de inverter esse jogo. Se alguém chegar “lá” apontando um porto de chegada teremos a primeira coisa que falta para mobilizar a força irresistível do povo para fazer-nos chegar a ele.
        Pedir só pras pessoas manterem o pé na porta para defender um status quo sem nada de francamente defensável não mobiliza senão quem já viu tudo na vida…

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      • carmen leibovici disse:

        Eu não gosto da palavra utopia -ela me reporta a ” engodo”.
        Mostrar uma direção honesta é mais preciso do que “utopia”.
        Olha aonde a “utopia” do Pulha nos levou…

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      • Ethan Edwards disse:

        É verdade. Nesse sentido – oferecer um horizonte para a luta pela democracia – você realiza um belíssimo trabalho. Espero que o desenlace da guerra política que se trava diante dos nossos olhos não arrase o terreno a ponto de só restar espaço para reflexões cínicas. Obrigado pela oportunidade do diálogo.

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      • carmen leibovici disse:

        É verdade.Deveríamos todos parar de falar tanto da doença e começarmos a falar mais sobre os caminhos para sua cura.

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    • marina alves dos santos disse:

      Prezado Ethan,sou leiga em Filosofia nem disponho de sua cultura mas penso: A opção B com ( “pensar certas coisas” já é crime hoje em dia) “medidas ditatoriais” seria, na minha opinião o ideal.. Mas medidas deste tipo devem ser lideradas por alguém com mais sobriedade coisa que não se vê em Bolsonaro. Foi isso que se deu no Peru? Porque, sinceramente, com esse Congresso, com esse STF, dá desânimo, o povo já não aguenta e não vê saída.

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      • carmen leibovici disse:

        Marina,voce acha que em regimes ditatoriais não há corrupção?Há,e há muito mais,só que o povão idiota não fica sabendo,ou melhor,fica sabendo mas tem de calar o bico senão….Eu não entendo como alguém pode pedir para ser escravo,sinceramente.
        Pense melhor no que você disse…

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      • carmen leibovici disse:

        Eu mesma já vivi sob regime ditatorial no Brasil,e ,sem reflexão,cheguei ,noutro dia,a dizer que ” não foi tão ruim”.Foi irrefletido o que disse.Foi muito ruim, sim; hoje o Brasil está um país de m e essa é uma das consequências da ditadura.

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  • carmen leibovici disse:

    O Brasil e seus brasileiros sao muito decentes,indecentes e imundos sao aqueles que têm acesso aos cofres contendo nossos impostos,em valores como 4 TRILHÕES todo ano,e deixam o povo nessa situação.NÃO! Não é o excesso de chuva e lixo nos bueiros que faz isso acontecer;são os porcalhoes ,que teriam obrigação de cuidar do país mas só cuidam de suas ganancias,os culpados.
    https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/03/chuva-provoca-soterramentos-inundacoes-e-mortes-na-baixada-santista.shtml?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=newsfolha

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  • LSB disse:

    Caro Ethan e demais “vespas”

    Elogiei seu comentário como sendo irretocável.
    Gostei tanto que o reli algumas vezes.
    Continuo considerando suas palavras sublimes, porém já não sei se 100% “irretocáveis”, pois há um ponto que não tenho certeza que o senhor esteja correto. Vou à questão:

    “A terceira opção é só uma escolha moral, com a qual salvamos apenas a própria alma.”

    Salvamos nossa própria alma mesmo OU a condenamos???

    Reproduzo novamente (abaixo) o pensamento de Ayn Rand expresso no discurso de John Galt (desculpem-me a repetição, uma vez que outro dia já havia colocado esse texto aqui no Vespeiro, mas sobre este assunto – escolhas – o raciocínio da autora vem bem a calhar na “discussão”).
    ____

    “O homem que se recusa a julgar, que nem concorda nem discorda, que afirma não haver absolutos e acredita desse modo se esquivar das responsabilidades – esse homem é responsável por todo o sangue que está sendo derramado agora no mundo.”

    “Há dois lados em toda questão: um está certo e o outro, errado, mas o meio é sempre mau. O homem que está errado ainda guarda algum respeito com a verdade, mesmo que apenas por assumir a responsabilidade de escolha. Mas o homem do meio é o calhorda que silencia a verdade para fingir que não há escolha nem valores, que está disposto a escapulir de todas as batalhas, a lucrar com o sangue dos inocentes ou a rastejar perante os culpados, que faz justiça condenando à prisão tanto o ladrão quanto a vítima, que resolve os conflitos obrigando o sábio e o insensato a encontrarem uma solução intermediária que agrade a ambos. Qualquer transigência entre a comida e o veneno só pode representar uma vitória para a morte. Qualquer transigência entre o bem e o mal só pode ser favorável ao mal. É como na transfusão de sangue que tira do bem para abastecer o mal: aquele que transige faz o papel de tubo de transfusão”.
    _____

    Penso que a filosofia de Rand era (ou é) deveras “radical”… não acho que o raciocínio vale para ABSOLUTAMENTE tudo na vida… mas tenho que reconhecer que em diversas situações tal lógica se aplica (principalmente, talvez, exatamente em momentos políticos “decisivos”)…

    Aí pergunto: não decidir, não tomar lado, não escolher, preferir se omitir (tática de avestruz) é realmente salvar a alma? Ou seria exatamente condená-la?
    Quem escolhe errado está menos errado – ou ” ainda guarda algum respeito com a verdade” (“por assumir a responsabilidade de escolha”) – do que quem não escolhe?

    Quem escolher não participar da “luta política” não está tentando “se esquivar das responsabilidades”?
    Todo mundo é democrata, mas isso não traz responsabilidades “cívicas”?

    Quem prefere não participar – pois o ambiente seria “insuportavelmente tóxico” – não estaria sendo mais honesto se se anunciasse a favor da “servidão” ou da “escravidão”?
    (pois nesse caso, a responsabilidade seria só dos senhores, dos nobres, etc…)

    Mesmo quem não quer participar por achar que “não entende de política”, não estaria cometendo o “pecado” de “não estudar”, de não se interessar, de não se inteirar?

    Enfim, exceções são exceções, mas realmente me pergunto se preferir não participar é salvar a alma OU seu oposto: condenar a alma…

    Abs
    LSB

    PS: o meu “senão”, como já pontuei no início, não diminui a excelência de sua análise…

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    • Ethan Edwards disse:

      Caro LSB,

      É tão valoroso o guerreiro quanto aquele que, não querendo participar da guerra, se inscreve na Cruz Vermelha para ajudar a tratar dos feridos. Ele não pretende influir sobre o resultado da guerra (isso está além de suas forças), mas sabe que toda guerra um dia termina e é preciso oferecer aos homens que a ela sobreviveram consolo, esperança e – por que não? – uma boa razão para continuar participando da vida pública.

      Obrigado pela gentileza do comentário.

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  • JC VARIG disse:

    RUIM (ATÉ) COM BOM TEMPO

    Depois de 24 anos sofri a segunda enchente….Estou bem, apenas um susto sem grandes prejuízos. O prejuízo é mais a incerteza de poder ter de passar de novo pelo trauma. E triste por outros que foram mais atingidos

    Agredir, jogar um punhado de lama num prefeito é um ato inútil. Mas compreende-se a indignação de um cidadão – pagador de impostos –quando sua casa e seus bens são engolidos por um mar de lama…e sua vida e ade sua família correm o risco de serem levados junto com a enchente.

    Aliás, há muito, muito tempo que “mar-de-lama” e políticos se encontram bem na mesma frase.Mas…a culpa é do povo, diz o ilustre alcaide, esquecendo que,por menos que seja, ele, o prefeito, é o indivíduo encarregado pelo povo (não só seus eleitores; depois de eleição, para nossa má sorte, ele representa a todos) para cuidar da cidade, não com milagres como prega a sua igreja, mas com gestão competente.

    A culpa do povo é um fato com o qual, qualquer administrador público tem de saber lidar desde o seu primeiro dia de mandato. O povo lida sim, muito mal com o lixo, com entulhos, porque existe um outro entulho político lhe cobrando impostos em vez de cobrar coerência e civilidade.

    Quando um prefeito chega ao ponto de culpar só…. o povo…ou a chuva demais…ou a natureza enfim, é a hora de perguntar o que ele estava fazendo quando o tempo estava bom e o “povo” sujando a cidade. É hora de ele responder porque não fiscalizou e multou gente que despeja montanhas de lixo em calçadas, joga móveis velhos e entulho em rios, contrata carroceiros que despejam tralhas em qualquer lugar – e isto, quem contrata carroceiros e o prefeito também, sabem que é uma prática comum e danosa.

    A má educação do povo que joga lixo na rua começa com sua alienação política quando vota nesses elementos. Mas poderia melhorar se os eleitos não tivessem medo de dizer às pessoas quando elas estão erradas. Talvez nem digam porque lhes é indiferente ou por não se darem ao trabalho de pensar.O maior incentivo para fazer os políticos pensarem e agirem corretamente é a ameaça de terem de devolver seus mandatos.

    Se a ideia de espantar seus eleitores por ter de mostrar-lhes na cara seu mau comportamento os assusta, imaginem se, dentro da lei, fosse possível apear do cargo todo “administrador público” que não corresponda ao que dele se espera. E para que fosse uma medida eficaz (e educativa) isso deveria acontecer logo que fosse percebido o erro de gestão. Não é preciso dizer que reeleição nem pensar.

    Mas… como já disse Mané Garrincha…”é preciso combinar com os russos”…,isto é, como persuadir quem joga lixo na rua, em rios etc.que isso é errado e que eles sofrem as consequências, muitas vezes imediatamente? E como convencer as pessoas que “mandatários” não são os que mandam; ao contrário, deveriam ser mandados pelo povo e sempre trocados quando necessário?

    Não perco oportunidade de lembrar essas idéias em minhas conversas, com conhecidos ou com pessoas estranhas. Afinal elas não são“minhas idéias”, mas conceitos de bem viver e de civilidade bem mais velhos do que eu….

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    • LSB disse:

      Prezado JC

      “Mas…a culpa é do povo, diz o ilustre alcaide, esquecendo que,por menos que seja, ele, o prefeito, é o indivíduo encarregado pelo povo (…) para cuidar da cidade”

      “Mas poderia melhorar se os eleitos não tivessem medo de dizer às pessoas quando elas estão erradas”

      Embora o senhor tenha explicitado a ação que o prefeito deveria ter tomado (“…porque não fiscalizou e multou gente que despeja montanhas de lixo em calçadas, joga móveis velhos e entulho em rios, contrata carroceiros que despejam tralhas em qualquer lugar…”), ainda me resta uma dúvida:

      Políticos devem ou não dizer às pessoas que elas estão erradas?
      Pois, se não falam, são criticados, mas, quando se pronunciam, também são alvos de inúmeras críticas na linha: “fale menos e trabalhe mais” ou “vai colocar agora a culpa no povo?” ou “não tem que falar nada, tem que resolver o problema” ou “tem que cuidar da cidade e não ficar botando a culpa nos outros”, etc. etc. etc.

      Enfim, o brasileiro entende o que é “viver em sociedade” ou “fazer parte de uma comunidade” ou, ainda, o que é ser “cidadão” e ter “civilidade” e/ou “responsabilidade cívica”?

      Abs
      LSB

      PS: fico até imaginando se um político vai ter (ou teria) a mínima coragem de “dizer às pessoas quando elas estão erradas” quando (ou se) existir (existisse) o “recall”… se já são “medrosos” e não o fazem hoje….

      Enfim, democracia, voto distrital, recall, leis de iniciativa popular, referendos, plebiscitos, etc. são altamente desejáveis, MAS o povo tem que ter o mínimo de “traquejo” democrático…

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      • JC VARIG disse:

        Caro LSB,

        Tem uma palavra em inglês, Conundrum, que sempre fica se agitando na minha cabeça quando visito o Vespeiro e os colegas comentaristas. É “dilema” em português, mas o som em inglês grudou e é sempre associado à minha percepção de problemas, que no Brasil já deviam ter sido resolvidos no mínimo há umas 10 décadas.

        Hoje, 13 de março por exemplo, faz 56 anos que houve aquele comício da Central, no Rio de Janeiro quando Brizola, Jango e um monte de demagogos inspirados pela recém ocorrida “Revolución Cubana” e outros atrasos políticos, tipo Luis Carlos Prestes e outras tranqueiras humanas, até hoje reverenciadas como heróis, por quem ainda não passou de um par de neurônios funcionais no cérebro.

        Eu tinha 16 anos e já gostava de ler um pouco e esse pouco já me alertava para a incoerência das falas de políticos. Vim morar no Rio há 47 anos, bem depois do último político que merece ser chamado de administrador, Carlos Lacerda. No meu tempo aqui, só vi porcarias sendo premiados com as chaves dos cofres.

        Mas o senhor tem razão: aqui ainda ninguém tem coragem de fazer aquela pergunta de John F. Kennedy (que por sinal já tinha morrido antes do comício da Central) feita num discurso:

        “Não pergunte o que o seu país pode fazer por você. Mas o que você pode fazer pelo seu país.”

        Nós ainda não estamos maduros pra isso. Nem nós nem os políticos.

        Abraço,
        JC Varig

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