O caminho do gol

31 de julho de 2018 § 16 Comentários

Artigo para O Estado de S. Paulo de 31/7/2018

É o que se viu na Copa do Mundo. Gol, hoje, só de bola parada em jogadas ensaiadas à exaustão. Ou então, em função de velocidade. De contra-ataque, de lançamentos longos e precisos, de rapidez de saida de bola. De frente, furando retrancas de gigantes, é praticamente impossível. A raça humana evoluiu. O biotipo é outro. O campo ficou pequeno, atravancado de tão ocupado. Tapeação, então, nem pensar. Acabou o espaço tanto pro amadorismo quanto pra malandrice.

Na competição economica é a mesma coisa e ha muito mais tempo que no futebol. A velocidade de resposta à mudança é a condição para a sobrevivência no jogo global.

Os Estados Unidos viraram o que são porque durante um século inteiro só eles tinham essa agilidade num mundo inteiramente engessado pela burocracia e pelo imobilismo que sempre sustentaram todo esquema de privilégio. É verdade, eles começaram do zero. Não tinham uma realeza pra revogar. Nenhum rei inglês com sua corte foi ser imperador por lá. A chave pro esquema deles funcionar foi garantir a fidedignidade da representação. Levou mais de 2 mil anos pra inventar. Primeiro trocar o rei pelo voto da maioria, à grega. Depois, quando a democracia deixou de caber numa praça, eleger representantes para governar, à romana. Então, fazer o governo controlar o governo com tres poderes independentes. E, finalmente, armar a mão dos representados para submeter de fato a ação dos representantes à vontade deles e picar o todo em pedacinhos para poder ir consertando cada parte no seu tempo e na sua velocidade sem ter de parar tudo a cada passo.

Mudaram o poder de dono e lá se foram, com recall, referendo e iniciativa, livres para corrigir todo erro que se apresentasse como erro, fazer eleições especiais para trocar uma peça aqui, eliminar uma lei defeituosa ali, instalar um novo mecanismo sempre que sentissem que era necessário, enquanto o resto do mundo, que de democracia tinha só o som, seguia atravancado de eleição marcada em eleição marcada, perseverando em erros petrificados na constitucionalização de privilégios, tropeçando a cada passo em juízes ladrões e políticos surdos todo poderosos.

Velocidade de mudança! Capacidade de se adaptar, como sociedade, a uma realidade cada vez mais mutante, respeitando as diferenças entre as suas partes. Livres o bastante para estimular a criatividade a ponto de produzir ciência, mas armados da condição de se adaptar às consequências da produção de ciência. Mandando e não sendo mandados.

Hoje a China está levando uma vantagem momentânea porque os ditadores – agora à frente de esquemas de capitalismo de estado – têm mais velocidade de mudança que a democracia. Mas é uma vantagem relativa. Rápido demais pra ser seguro. Eles mesmos, no fim da linha, convertem o que ganham em títulos do Tesouro ianque porque sabem que o presidente americano é o unico do mundo que não pode fazer o que quiser na hora que quiser. Porque sabem melhor que ninguém que segurança jurídica, o unico antidoto contra a súbita liquefação de toda e qualquer riqueza conquistada, é as “majestades”, os “guias geniais de povos”, os “the guy”, as “excelências” e os “meritíssimos” da hora estarem estritamente “under god and under the law”. Ou vale o fato e não a “narrativa” e a lei é igual pra todo mundo, ou não dá pra ter controle de nada.

Todo o aparato da democracia, aliás, não é senão uma ferramenta evoluída para facilitar a mudança. A gente elege representantes, tem um Legislativo, um Judiciário e um Executivo funcionando dentro de regras de todos conhecidas para poder ir mudando as coisas na medida da necessidade sem ter, nem de entregar a direção do nosso destino para um déspota todo poderoso, nem de fazer uma guerra entre os interesses contrariados a cada vez que for preciso reajustar as coisas. Se fosse pra tudo ficar sempre igual não precisava de nada disso. Era o que acontecia no sistema feudal em que uma minoria que tinha tudo era sustentada por uma maioria que não tinha nada e, como só ela mandava, ninguem queria mudar nada.

No Brasil tudo está errado porque a representação do país real no país oficial está falsificada. Semana passada este jornal mediu. Temos 25% do Congresso Nacional constituido por funcionários publicos. Eles são 11,5 milhões de pessoas ou 5,5% da população mas a sua representação é cinco vezes maior que a sua dimensão real. E o fato dos outros 75% de congressistas não serem funcionários públicos com carteira assinada antes de se eleger não quer dizer que deixarão de apoiar os interesses deles depois. Primeiro porque são convertidos em funcionários públicos para efeito de desfrute de todos os privilégios que se auto-atribuem assim que são eleitos. Segundo por medo da retaliação implacavel dos que já estavam lá antes deles de que é alvo todo mundo que ousa faze-lo. Mas principalmente porque estão livres de qualquer consequência se trairem o seu eleitor, que tem todos os direitos sobre o seu representante cassados assim que deposita o voto na urna.

Que descrição mais perfeita poderia ser feita de uma ditadura?

Nós vivemos tempo demais e confortavelmente demais dentro dessa mentira. Nossas escolas foram destruidas. A consciência critica da nação não foi apenas “aparelhada”. Darwin deu quatro, cinco, dez voltas no relógio. Uma raça foi apurada dentro dela. Sobrou muito pouco mais que os ratos e as baratas.

Só a vivência da virtude cria virtude. Só a possibilidade de vitória da virtude engendra a virtude. No sistema que temos isso é impossível. E não ha pacote de reformas que conserte isso de uma vez. Nos somos muitos brasis. Fomos todos humilhados e ofendidos mas fomos afetados de forma diferente pela ação dessa força desviante tão persistente. Cada Brasil tem as suas carências e as suas prioridades. E só cada um deles sabe por onde começar. Nós precisamos é mudar o jeito de fazer. Parar de sermos mandados e passarmos a mandar. E, então, ir refazendo tudo, pedaço por pedaço, na velocidade que cada Brasil avaliar como possível.

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§ 16 Respostas para O caminho do gol

  • marcos disse:

    SOLUÇÃO HÁ! MAS COMO CONQUISTA-LA? MAM

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  • terezasayeg disse:

    Fernão, vamos continuar na luta: tudo sempre começa pelas ideias. Um dia chegaremos lá. Obrigada por esse texto maravilhoso.

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  • terezasayeg disse:

    Mais um comentário: não é por acaso que nossa imprensa também só fala de gênero, cotas, desarmamento, etc, enquanto o buraco continua muuuito mais embaixo…

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  • Ricardo Pelin disse:

    Texto primoroso. Havia muito tempo que eu não lia um texto jornalístico tão bem concatenado e articulado. Muito bom!

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  • Jota disse:

    Fernão,
    Encontrei este livro e estou a procura de outros, com o mesmo tema.
    Tem alguma outra referência sobre o assunto?
    Grato!

    Ver no Medium.com

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    • Fernão disse:

      o link q v mandou esta quebrado

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      • Jota disse:

        É sobre o livro de
        Werner Sombart, “ Why Is There No Socialism in the United States?”
        Encontrei uma resenha e a traduzi…

        Aqui:

        Pesquei a resenha deste livro a partir da leitura de outro: o Pensadores da Nova Esquerda, de Roger Scruton. Neste volume ele analisa as ideias de inúmeros intelectuais de esquerda, entre os quais estão: Michel Foucault, Antonio Gramsci, Jurgen Habermas e Ronald Dworkin. Na análise deste último, há uma pequena introdução que aponta para as razões de existir de um espécime de elitista intelectual conhecido como o radical chique. É que a América, conta Scruton, “não conta com as múltiplas barreiras ao avanço social que prevaleceram na Europa; ela tem espaço, recursos, anseios, e oportunidades abundantes; em particular, ela apresenta uma estrutura política hostil à criação de elites hereditárias de longa duração”. O resultado, segundo ele, é uma sociedade em que a ideia de “classe” é fluída, o que levou a intelectualidade Americana à uma condição menos propícia a “hostilidade”. Daí que a retórica da insurreição operária contra uma elite endinheirada e dona do poder, teve pouco vigor pelas bandas de lá.

        São referências relacionadas às minhas pesquisas sobre o sistema político Americano. Que tem correlações com o desenvolvimento econômico, que por sua vez é rebatido no desenvolvimento das cidades, meu alvo intencional.

        Werner Sombart — Why Is There No Socialism in the United States?
        (Tradução livre, em progresso…)

        por Patrick Akard

        Há uma série de razões pelas quais vale a pena ler Why is There no Socialism in the United States? , a primeira tradução inglesa completa da obra de Sombart. Na declaração de abertura do seu “Prefácio”, Michael Harrington nos dá talvez a mais importante :

        As questões levantadas por Werner Sombert em 1906 sobre a negação do socialismo nos Estados Unidos são relevantes para a política Americana nos anos 70.
        Dois recentes eventos políticos sugerem que as observações de Sombart são ainda mais relevantes nos anos 80. A vitória de Francios Metterand e a criação de um governo socialista na França foi instrutiva na reação que gerou por aqui; uma resposta que ressaltou tanto nossa ignorância do socialismo europeu quanto a pequena chance de qualquer tipo de alternativa socialista na América. Por outro lado, a eleição de Ronald Reagan demonstra mais uma vez essa particular estabilidade do processo político Americano, com suas vacilações relativamente estreitas entre representantes “progressistas” ou “conservadores” da tradição liberal.

        O livro em si é uma afirmação clássica sobre uma questão fundamental de um importante intelectual, embora negligenciado, contemporâneo e associado de Max Weber[1] . Os comentários de Sombart são valiosos como os de um observador “neutro”[2], treinado, da cena Americana na primeira década do século 20. Além do mero interesse histórico no livro, no entanto, é o fato de que a maioria de suas suposições sobre fatores que minam a organização socialista na América continuam a ser apresentados em grande parte da mesma forma hoje.

        A obra é dividida em 4 partes. Na seção introdutória, Sombart descreveu a situação na América como ele a viu. Ele começou observando o grande vigor do capitalismo na América na virada do século e algumas das razões para isso (como solos férteis, recursos abundantes, portos e a disposição para inovar). Esta discussão configurou o problema central do livro:

        Se, como sempre sustentei e afirmei muitas vezes, o socialismo moderno segue como uma reação necessária ao capitalismo, o país com o desenvolvimento capitalista mais avançado, ou seja, os Estados Unidos, seria ao mesmo tempo o único a fornecer o caso clássico do socialismo e sua classe trabalhadora seria apoiadora do mais radical dos movimentos socialistas (p. 15).
        A dificuldade, claro, era que isso não havia ocorrido e, ao lado de sua descrição sobre um vigoroso capitalismo, ele notou a quase completa ausência do socialismo ou até mesmo ideais “socialmente democráticos” na política da classe trabalhadora. Depois de citar estatísticas que apontavam a fraqueza do Partido Socialista em América, ele examinou os princípios da única organização trabalhista que possuía certo grau de influência política, a Federation of Labor. Esta, ele notou ser bastante conservadora, representando o que os marxistas do período denominaram “consciência sindical”.

        a liderança da Federação está em mãos não-socialistas e a grande maioria dos sindicatos reunidos favorece o ponto de vista distintamente Americano sobre a posição do trabalhador assalariado…Eles defendem uma abordagem puramente comercial e isso os leva a proteger os interesses dos grupos ocupacionais que eles representam, permanecendo exclusivos e buscando monopólios, sem muita consideração com a classe proletária como um todo, e menos ainda pela subclasse de trabalhadores não qualificados (p. 22).
        Há uma série de razões dadas por Sombart para a fraqueza do socialismo nos EUA. Para começar, ele achava que, diferentemente das nações européias que mantinham numerosos remanescentes de atitudes e instituições tradicionais, os EUA era quase totalmente dominado pelo espírito de competição e ganho material. Isso foi visto como parte de um “caráter nacional” americano geral, que perpassa as classes (p. 19ff.), a exemplo do que Weber chamaria de racionalidade instrumental. Até mesmo o trabalhador na América tinha uma atitude favorável em relação ao capitalismo como um todo. Sombart, muitas vezes, fez afirmações exageradas para ilustrar algum ponto, como no comentário a seguir:

        Eu acredito que emocionalmente o trabalhador Americano tem uma participação no capitalismo: eu acredito que ele ama isso. De qualquer forma, ele dedica todo o seu corpo e alma a isso. Se há algum lugar na América onde o esforço incansável após o lucro, a fruição completa do impulso comercial e a paixão pelos negócios são nativas, é no trabalhador, que quer ganhar tanto quanto sua força permite, e ser tão o mais irrestrito possível (p. 20).
        Os fatores sociais, políticos e econômicos por trás dessa atitude são examinados nas seções do livro que se seguem.

        Os argumentos mais fortes (e modernos) de Sombart surgem em sua análise da “Posição política do trabalhador” na América. Aqui ele faz duas pontuações sobre o fracasso de uma política radical. Em primeiro lugar, além da atitude geralmente favorável em relação ao capitalismo, Sombart argumentou que o trabalhador Americano tinha uma alta consideração pelo sistema de governo Americano e sua própria participação nele. Isto foi visto como um efeito da democracia formal e do sufrágio universal (masculino), e uma crença quase fetichista na Constituição e nos direitos políticos garantidos nela (p. 55f.). Uma segunda explicação menos idealista dizia respeito ao tremendo poder e estabilidade do sistema político bipartidário. Sombart dedicou quatro capítulos a uma análise do processo partidário nos Estados Unidos e, em uma discussão que incluiu vários exemplos históricos de fracassos do sistema tripartidário, fez várias observações relevantes. Um fator-chave na manutenção do status quo foi visto como a capacidade dos principais partidos de controlar os recursos financeiros e os “cabides” políticos e, assim, atrair membros ao mesmo tempo em que cooptava líderes de movimentos de oposição em potencial. Da mesma forma, Sombart observou que os principais partidos Americanos eram capazes de absorver a oposição em potencial por meio de ajustes temporários na plataforma do partido. Embora isso possa significar “flexibilidade” para alguns, para Sombart isso indicava uma “completa falta de princípios políticos” e uma preocupação exclusiva de obter e controlar os cargos políticos por parte dos partidos Americanos, em comparação com seus equivalentes europeus (ver pp. 48ff.). Tal “ajustamento” por parte do Partido Democrata em 1896 levou ao fim do mais bem sucedido desafio tripartidário do sistema até os dias de Sombart — o People’s Party (Populista) (pp. 42–3). Uma terceira diferença crucial entre a política Européia e Americana era a falta de qualquer distinção de classe significativa entre os dois maiores partidos da América. Ambos puderam usar suas máquinas políticas hierárquicas para mobilizar apoio no nível “grass roots”[3].

        As observações de Sombart sobre o sistema bipartidário Americano antecipam muitas posições atuais, especialmente as de teóricos como William Domhoff, que estão preocupados com os mecanismos pelos quais uma “elite de poder” ou “classe governante” exerce poder e influência. A semelhança de sua crítica da política Americana em 1906 às declarações contemporâneas ressalta a relevância continuada de seu trabalho.

        Outra das explicações de Sombart para a falta de consciência política radical na América são mais questionáveis, particularmente aqueles que pertencem à situação econômica do trabalhador (estes também têm suas contrapartidas na teoria social moderna). Um elemento-chave do argumento de Sombart foi a tese do “emburguesamento”. Ele dedicou vários capítulos repletos de estatísticas comparando os salários e o padrão de vida da classe trabalhadora Européia e Americana, concluindo que, em essência, o último tinha sido “cedido” pelas “maiores recompensas materiais geradas pelo capitalismo Americano”. Mais dinheiro, melhor moradia e roupas, e a ausência de uma aristocracia tradicional tornava o trabalhador Americano muito mais “classe média” tanto na aparência quanto na atitude. Além disso, havia o fator de maior mobilidade social nos EUA versus Europa, mencionado um tanto ambiguamente por Sombart (ele afirma que “há um grão de verdade no absurdo” sobre as possibilidades de mobilidade ascendente na América na página 115), mas não elaborado. Finalmente, ele conclui o livro apresentando uma versão grosseira da “frontier thesis” de Frederick Jackson Turner — o argumento de que a disponibilidade de terra e a possibilidade de se mudar para o Oeste na América serviram como uma válvula de pressão para a construção do conflito de classes:

        Acredito plenamente que o fato de fornecer a principal razão para o humor pacífico característico do trabalhador Americano é que muitos homens com membros sadios e nenhum capital ou quase nenhum estava hábil para transformar-se em fazendeiros independentes próximo do que desejavam, colonizando terras livres (p. 116).
        Citando estatísticas duvidosas, Sombart defende um movimento significativo de áreas urbanas densamente povoadas para regiões mais escassamente povoadas, com terras livres no final do século XIX! Mas ele também afirmou que não era apenas o número de trabalhadores que realmente migraram que era importante; de fato, “o mero conhecimento de que ele poderia se tornar um fazendeiro livre a qualquer momento não poderia deixar de fazer o trabalhador americano se sentir seguro e contente” (p. 118).

        Há uma série de problemas com a análise de Sombart da classe trabalhadora Americana, que são instrutivas na medida em que tendem a reaparecer continuamente, até hoje. O erro mais importante, dado o problema que ele propôs resolver, estava em sua descrição da classe trabalhadora como se fosse homogênea. Ele negligenciou completamente a herança crucial da imigração e da escravidão na América, e os efeitos das divisões étnicas e raciais na unidade da classe trabalhadora. Além disso, seu argumento de “afluência” é minado pela tremenda pobreza e desigualdade de renda e padrão de vida que existiam na classe trabalhadora na virada do século. Como C.T. Husbands observa na introdução, parte do problema é o foco da Sombart nos salários médios (ao contrário de sua distribuição) em seus dados. Os salários médios eram de fato mais altos na América do que na Alemanha, por exemplo, mas a desigualdade na distribuição era maior aqui (p. xxiv). A negligência de Sombart a esses fatores é ainda mais surpreendente, pois ele os menciona no início do livro e até cita o famoso trabalho de Robert Hunter sobre o assunto, Poverty. Finalmente, a “escape value” da “frontier thesis” é extremamente problemática, como vários historiadores mostraram (uma revisão útil da literatura subsequente é dada pelo editor na nota de rodapé nove na página 1965). Um comentário final sobre a obra é necessário aqui. As idéias de Sombart são úteis em si mesmas pelas razões dadas. Mas o que torna esta edição particular valiosa é a contribuição do editor, C.T. Husbands. Não só a edição é excelente, mas o seu “Ensaio Introdutório” é extremamente valioso por si só para expor os principais problemas relativos à existência do socialismo nos EUA, e fornecer o contexto histórico para os pontos de vista de Sombart. Suas notas de rodapé esclarecem as passagens mais obscuras de Sombart e vinculam seus argumentos à literatura contemporânea. Juntamente com o prefácio de Michael Harrington, o trabalho de Husbands faz deste livro uma leitura valiosa para os interessados ​​na natureza e na história do processo político Americano.

        1. Juntamente com Edgar Jaffe, Sombart e Weber foram co-editores do influente Archiv fur Sozialwissenschaft und Sozialpolitik.

        2. Isso não se destina inteiramente a ironia. As opiniões políticas de Sombart eram ambíguas e flutuavam grandemente ao longo de sua vida. Argumenta-se geralmente que neste momento ele se inclinou para o socialismo, e mais tarde se tornou muito mais conservador, chegando ao ponto de aceitar parcialmente o fascismo na década de 1930. Ver observações de Husbands, pp. xv-xvi.

        3.- Sombart, é claro, estava escrevendo diante da coalizão do New Deal da FDR, que levou à identificação geral dos interesses da classe trabalhadora nos Estados Unidos com o Partido Democrata. Curiosamente, as distinções de classe entre os dois principais partidos mais uma vez se confundiram com o ressurgimento do Partido Republicano nos últimos anos. Veja, por exemplo, a discussão de Godfrey Hodgson sobre o colapso do que ele chama de “consenso liberal” no Partido Democrata em America in Our Time, New York: Vintage, 1978.

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    • Fernão disse:

      agora abriu…
      por coincidência o texto que inaugurou o Vespeiro – “Amor, luxo e capitalismo” (ponha a busca) – versa sobre uma obra genial de Sombart.
      tudo que v puder ler sobre as reformas da Progressive Era nos EUA, começando pelas biografias de Theodore Roosevelt que foi o seu grande campeão, se encaixa no que v quer. recall, iniciativa, referendo + legislação antitruste foi o que barrou o socialismo nos EUA.
      por isso ate hoje TR é patrulhado por lá…

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  • Um mosaico infinito de problemas interconectados não admite tratamento racional. Caso, porém, se consiga reduzir tudo a um problema, isto é, se identifique o problema fonte, a coisa fica diferente. Platão, na alegoria da caverna, sustenta que o problema fonte é uma visão equivocada da realidade, o que resulta fatal para uma espécie que se comporta na vida segundo a sua interpretação, da realidade e das circunstâncias.

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    • Adriana disse:

      Rubi, essa visão de Platão seria como a matrix ou realidade simulada, hoje uma hipótese da física.
      No Brasil, concordo que é parecido. Somos mantidos pelos poderes estabelecidos em ilusão de que o problema é a corrupção. Entre os poderes podem ser incluídos meios de comunicação de massa. O problema verdadeiro nunca é abordado, e mesmo seus beneficiários não se sentem parte do problema.

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  • Olavo leal disse:

    FLM: brilhante texto! Muito elucidativo.
    Continue nos premiando com essas preciosidades! Vamos à luta! Continuamos na luta! Voto distrital puro, com recall.
    Vi em algum lugar a diferença entre regimes totalitários (esquerdas, em geral) e democráticos. É o tempo que leva para realizar mudanças, reduzido a duas expressões: revolucionismo e evolucionismo.
    A primeira implica em rapidez com pouco planejamento, mas incorre no risco de erros e voltas, e erros e voltas, e erros e voltas… Termina provavelmente sendo mais longa.
    A segunda é menos propensa a erros, mas dificilmente implica em voltas à origem, pois seus passos são muito planejados.
    Parabéns!!!

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