Trocar o poder de dono

29 de agosto de 2017 § 46 Comentários


Artigo para O Estado de S. Paulo de 29/8/2017

Fundo Especial de Financiamento da Democracia?! “Fundo” e “democracia” são conceitos mutuamente excludentes. “Representação” é o nome do jogo e representação é identificacão, o único caminho para a responsabilização. Um “fundo” não é ninguém. Apaga as individualidades. A antítese da representação. Desliga o fio terra do “sistema”. O poder sobe um degrau e passa a emanar diretamente dos caciques. Nós num mundo, eles no outro. Nenhuma relação de dependência.

Cada tostão desses R$ 3 bi e 600, ou seja lá a quantos eles forem reduzidos depois que tirarem o bode da sala, irá direto para os donos dos partidos que decidirão exatamente como quiserem quem pode ou não aparecer na urna e quanto cada escolhido vai ter para gastar com sua candidatura. Esse é o problema real. A ditadura dos caciques. Se não elegessemos nenhum dos políticos que estão aí teríamos, de qualquer maneira, de eleger os que só entraram no páreo por se terem composto com eles.

É preciso matar essas serpentes no ovo. Devolver o poder às bases. A incubadora de caciques é o Fundo Partidário, o filhote temporão do Imposto Sindical. Os donos de partidos entram no jogo só porque o ato de entrar no jogo já lhes põe uma bolada no bolso à vista e mais um tempinho de TV “gratuito” para ser vendido a prazo a quem já é cacique ha mais tempo. “Dá-se dinheiro”. Entre “partidos” já criados e os que aguardam na fila 102, por enquanto, atenderam esse apelo insidioso que vem lá do getulismo. É como o sindicalismo pelego. É como o trabalhismo de achaque: “Traia, minta, falseie que o governo garante”. Impossível não acabar no desastre em que está acabando.

Não ha desbaste tópico capaz de limpar o que começa assim. Tem de arrancar o mal pela raiz se quisermos pensar em voltar para dentro do mundo. Só que está tudo amarrado. O acumpliciamento que se impõe como ato inaugural de toda carreira política, na hipótese menos ruim, torna impotente quem tiver pago esse preço por falta de alternativa e esteja disposto a resistir ao sistema. Torna todo mundo denunciável pelo simples fato de estar lá.

Olhando só para trás não há saída disso. Por isso todo o barulho que se faz é para que olhemos só para tras. É preciso abrir uma saída para a frente. Um novo contrato que se possa assinar com resgate a curto prazo. O Brasil está enredado numa confusão básica de conceitos e quanto mais se debate mais enredado fica. “Corrupção” é uma palavra que induz a erro porque pressupõe alguma coisa que antes estava íntegra e estragou-se quando a verdade histórica é que isso que chamamos de “corrupção” não é o desvio, é o padrão da espécie. Nunca houve o “bom selvagem”. Submeter o outro pela força e alimentar-se dele é como é na selva. Chegou até aqui quem melhor fez isso. E o estado não é senão a força ancestral para subjugar o outro organizada para ser exercida mais avassaladoramente sobre mais gente e por mais tempo. Foi assim que ele nasceu. Foi para isso que foi inventado. É isso que ele continua fazendo aqui.

O estado brasileiro é a fronteira do privilégio. Quem está dentro tem, quem está fora não tem. A democracia é que é o antídoto. O artifício criado para desviar o estado do padrão natural ao qual ele retorna a menos que haja uma pressão constante em sentido contrário.

Todo o poder emana do povo”? Aonde, cara-pálida? Todo o poder tem de passar a emanar do povo. Esse descalabro todo não é mais que déficit de democracia. O problema é que não ha memória dela entre nós. O Brasil só conhece déspotas ignorantes e déspotas esclarecidos. As pessoas não sabem exprimir mas essa apatia tem causa. Dentro e fora da política, protagonistas ou “especialistas”, quem pede mais pede o “mais ou menos”, o “semi”, o “misto”. Isso não mobiliza ninguém. Todo mundo sabe que é nada.

Não existe meia democracia! Ou entregamos o poder ao povo, o que não dá para fazer pela metade, ou ele continuará sendo dos bandidos. É simples assim.

A Lava-Jato é o pé enfiado na porta que se entreabriu do crime entrincheirado no estado. Manter mais que duas instâncias de julgamento leva diretamente para onde isso nos trouxe. 28.220 assassinados nos primeiros seis meses deste ano na ponta ensanguentada, e o que Curitiba tem mostrado e Brasília reconfirmado na ponta enlameada da impunidade. Não haverá remissão sem esse freio.

Mas a Lava-Jato só alcança o produto. Para cuidar da fábrica é preciso mudar o país de dono. A receita é velha e infalível. Para quebrar o poder dos caciques, eleições primárias diretas. Para baixar o custo da participação e amarrar representantes a representados, voto distrital puro. Para submeter uns à vontade dos outros, “recall”. Para ter a lei a nosso favor, referendo dos atos dos legislativos.

E para que nada disso vire golpismo, federalismo. A cada distrito o seu representante. A cada município tudo que pode ser feito num só município (as obras, a educação, a segurança publica, os impostos para esses serviços). Aos estados só o que envolver mais de um município (as estradas, o saneamento). À União só o que não puder ser resolvido pelos outros dois.

É infalível. Com cada um cuidando da sua casa a roubalheira cai a zero. Você fica à prova de Trump. O erro passa a se chamar experiência.

Essa nossa crise permanente é filha do “direito adquirivel”. É o privilégio que requer o imobilismo. A vida não. Na meritocracia erro é valor. Você erra, volta, erra de novo, até acertar, e isso não te mata.

A única “cláusula pétrea” deveria ser a que proibe todo tipo de petrificação. Enquanto restar aberta uma única porta para o privilégio o país inteiro entrará na fila, uns comprando, outros vendendo, o resto sangrando. Ladrões, “concurseiros” e escravos. Não ha como evitar. Sem o direito de corrigir cada erro assim que percebido, seremos 210 milhões na mão dos 513, os 513 na mão dos 11, e a Venezuela pairando no horizonte.

Primárias, voto distrital puro, “recall”, referendo. Trocar o poder de dono é a reforma que abre as portas a todas as outras; a revolução em conta gotas, sem sangue e sem dor.

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§ 46 Respostas para Trocar o poder de dono

  • Nenhum país, empresa etc… aguenta tanto desmando, roubalheira e falta de liderança. Até às famílias já perderam o rumo e a ordem, polícia refem dos bandidos. Minha sugestão: fazer um álbum de figurinhas, igual de futebol! de todos políticos, baseado na lei da ficha limpa e os já condenados até as eleições, viram os figuras carimbadas!!!

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  • luizleitao disse:

    Espero que a incansável pregação de Fernão nos leve à libertação das amarras do patrimonialismo, dos caciques, da privilegiatura ou nomenklatura brasileira. Como não existe mágica, cabe a todos nós, seus leitores, ajudá-lo a difundir suas lúcidas e claríssimas ideias.

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  • Lourenço disse:

    Muito bom

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  • MARCOS A. MORAES disse:

    perfeita reflexão com belas e contundente frases. Escolhei esse período. ” “Corrupção” é uma palavra que induz a erro porque pressupõe alguma coisa que antes estava íntegra e estragou-se quando a verdade histórica é que isso que chamamos de “corrupção” não é o desvio, é o padrão da espécie. Nunca houve o “bom selvagem”. Palmas! MAM

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    • ssrodrigues disse:

      É certo que nunca houve o bom selvagem; mas será que colocar o ser humano unicamente na perspectiva de algo corrupto, corrompido e corruptível é a melhor forma de nos entender? Se nos vemos apenas como algo mau e voltado para o mal, não corremos o risco de perder de vista o valor intrínseco de humanidade e de individualidade? E essa visão não servirá melhor aos interesses de ideologias autoritárias? Pois, veja, se tivermos sempre uma visão negativa de nós mesmos, ideologias “redentoras” têm o caminho aberto e pavimentado. E isso nunca acaba bem.

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      • MARCOS A. MORAES disse:

        mas ele não escreve nada neste sentido. Não é nem negativa nem positiva. Simplesmente é. MAM

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      • José Luiz de Sanctis disse:

        Prezado SS Rodrigues, entendo que o artido não coloca todo ser humano na perspectiva do mal, mas unicamente a porca classe política que temos. O grande mal das pessoas de bem é a inércia, a omissão.

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  • Paulo Eduardo Grimaldi disse:

    Ao ler o artigo do brilhante jornalista Fernão Lara Mesquita, pude concluir que vivemos uma monarquia disfarçada em que o “andar de cima” tem sido composto por imperadores, imperatrizes, cortesãos, cortesãs, e os elementos do povo desempenham o papel de simples súditos, pagadores de impostos para sustentar essa elite, cheia de privilégios e mordomias. Haja vista a manutenção de casas do governo como luxuosos “Palácios” (Planalto, Jaburú, Guanabara, Bandeirantes, etc.). Se estivéssemos em um verdadeiro regime republicano desde o momento em que o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República, destituindo o imperador D. Pedro II (pessoa digna e de grande caráter, por sinal) do governo do país, haveria uma saudável inversão de papéis: o povo passaria a ser legitimamente o dono da nação vista como uma “sociedade anônima”, exigente empregador dos funcionários públicos de todos os escalões. Esses “funcionários” só poderiam ser admitidos se tivessem elevada qualificação para desempenhar suas funções. Exemplificando: para Presidente da República, o “empregado” deveria ter, no mínimo, curso superior de Administração por escola de primeira linha. Sem filtro definido na Constituição, os desqualificados tomariam (como de fato tomaram) lugares sem responsabilidade pelo atendimento das exigências do povo empregador, somente usufruindo de absurdas benesses. Empregados como Lula, Dilma, Tiririca e outros só puderam existir no mundo surreal brasileiro. Por último, fica evidente que o modelo Presidencialista tupiniquim é totalmente lesivo ao país e devia ser substituído pelo modelo Parlamentarista, mundialmente reconhecido como superior ao atual em todos os aspectos. A recente eleição do “maluco” Trump nos EUA derruba a condescendência que ainda poderíamos ter para com o Presidencialismo praticado nesse país. Refuto com indignação os dois plebiscitos que rejeitaram o Parlamentarismo, porque foram instrumentos mal formatados para uma tomada de decisão tão importante. Para ser eficaz, qualquer plebiscito deveria ser precedido de farto e extenso esclarecimento sobre a natureza das alternativas submetidas ao escrutínio público. Lembremos que grande parcela da população é ignorante, com grande contingente de analfabetos funcionais.

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  • MARCOS A. MORAES disse:

    ” E para que nada disso vire golpismo, federalismo. A cada distrito o seu representante. A cada município tudo que pode ser feito num só município (as obras, a educação, a segurança publica, os impostos para esses serviços). Aos estados só o que envolver mais de um município. À União só o que não puder ser resolvido pelos outros dois.”

    Beleza! MAM

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  • Arnaldo disse:

    Mais uma vez parabéns Fernão! É quase uma pregação no deserto, mas vc está fazendo sua parte. Para quem ainda não conhece, é um prazer ler os artigos rolando a página e lendo-os, um melhor que o outro e se complementando, numa aula de formação de organização política. Excelente!

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  • Olavo Leal disse:

    Caro Fernão:
    Como dito acima, é mesmo quase uma pregação no deserto. Então, cabe a nós, seus leitores, divulgar ao máximo essas ideias (na realidade, esses ideais!), cada um fazendo sua parte – você, preenchendo adequadamente o espaço que o Estadão oferece para divulgar “O Vespeiro”; nós, seus leitores, procurando pulverizar o ensinamento (eu faço minha parte, tal qual o beija-flor no incêndio da floresta).
    O artigo de hoje está perfeito, excelentemente perfeito! Aponta soluções como o voto distrital puro, o recall e o federalismo – quase tudo que defendo.
    (Eu adicionaria ainda a não obrigatoriedade do voto e a impossibilidade legal de reeleição a qualquer cargo, de vereador a presidente da República).
    Parabéns!

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  • Carmen Leibovici disse:

    Não tem como contra argumentar os argumentos que o Fernão tem exposto.Não tem.
    O Brasil precisa de uma organização saudável;precisa sair do comando onipotente de Brasília.
    É preciso redesenhar o Brasil,incluindo seu aspecto físico,para ele poder funcionar ,e funcionar como uma democracia.O que vigora hoje é uma deliberada baguncocracia.É preciso um novo e racional organograma.
    Está tudo ai abaixo.Conteste alguém se conseguir.

    “Para quebrar o poder dos caciques, eleições primárias diretas. Para baixar o custo da participação e amarrar representantes a representados, voto distrital puro. Para submeter uns à vontade dos outros, “recall”. Para ter a lei a nosso favor, referendo dos atos dos legislativos.

    E para que nada disso vire golpismo, federalismo. A cada distrito o seu representante. A cada município tudo que pode ser feito num só município (as obras, a educação, a segurança publica, os impostos para esses serviços). Aos estados só o que envolver mais de um município. À União só o que não puder ser resolvido pelos outros dois.”

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  • Fazer o que? Não reeleger nenhum do Legislativo, poderá ser um começo. Quem sabe! Já que vivemos de esperança.

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  • NON DVCOR DVCO disse:

    Muito obrigado pelo texto amigo!
    Parabéns !

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  • Nilse Belpiede Simões disse:

    Enviado de myMail para iOS

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  • Antonio Neto disse:

    Instigante, excelente e necessário texto que nos faz pensar melhor. Concordo em grande parte. Só que não dá tempo aprovar com esse congresso que aí está nem na boca dessa próxima eleição, mas serve pra orientar nossa reflexão de voto e do país que queremos. Vamos cobrar e sair do imobilismo.

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    • Fernão disse:

      é essa a intenção, antonio.
      primeiro saber o que querer.
      pq quando o Brasil quer, ate governo do PT cai…

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      • ssrodrigues disse:

        Seu artigo me foi recomendado por outro leitor e,o achei interessante, até instigante, embora discorde de vários posicionamentos seus. Começando pela afirmação aí nesse comentário, sobre a vontade do povo e a deposição do PT, pq implica que o povo finalmente tenha tomado posição sobre os descalabros petistas no todo, mas foi, o povo, movido apenas pelo desastre econômico. E é no que diz respeito ao povo, à sociedade, que discordo de seus pontos de vista. Noto que, como muitos, você trata o Estado – com todas as instâncias de poder – e o povo como entes dissociados entre si. Este é tão somente vítima daquele, no seu ponto de vista; e, também como muitos, você espera algum ato ou algum ente redentor que levará, finalmente, ao estado perfeito das coisas e pessoas. Pode-se não gostar -e a maioria detesta- mas o fato é que o poder representa um retrato da sociedade brasileira. Nossos políticos, juízes, toda a parafernália institucional, não é constituída de alienígenas. Nossos Renans Calheiros, Lulas, Sarneys, nossos desembargadores, juízes, delegados, funcionários públicos em geral, que transgridem leis em favor próprio ou para beneficiar alguém, não vieram de outro planeta. Você fala da necessidade de fazer o poder passar a emanar do povo, mas é do povo que ele emana, pois é do povo que saem os indivíduos e é o povo quem elege sucessivamente os mesmos tipos de pessoas. Antes de se pensar em mudar as estruturas de poder é necessário pensar em mudar a mentalidade do povo. E povo é, antes de mais nada, o indivíduo, não um ente abstrato. Por exemplo, os 28 mil assassinatos que você cita. São indivíduos que mataram outros indivíduos, não alguma assombração maléfica vinda sabe-se lá de onde. A questão é: como transformar a mentalidade brasileira? Sem isso restam só as utopias. Como aquela de nos vermos como um país cordial, pacífico, sempre alegres e festivos, com o único senão de sermos eternas vítimas de homens maus.

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      • Fernão disse:

        o povo nao elege quem quer. tem de escolher entre quem os caciques permitiram que se candidatassem; assim que eleitos, esses caras como todos os putros funças, ficam indemissiveis, e isso entorta tudo. mata-se 60 mil/ano pq matar não custa nada; e nao custa nada pq nao custa bada aos politicos permitir que matar não custe nada. se cada eleitor mandasse no seu distrito mandando nun representante distrital… enfim, amigo, melhor v ler o artigo de novo…

        http://www.vespeiro.com iPhone

        >

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      • MARCOS A. MORAES disse:

        SSRodrigues não é homem, mas Shirley, salvo engano de memória. Realmente ela não entendeu. MAM

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  • fernandes disse:

    Excelente texto, pois, retrata com precisão e propõe o caminho. Infelizmente a subserviência ao estado está, historicamente, no DNA do brasileiro, lembrar que nascemos de cabeça para baixo, primeiro o estado depois o povo.
    Assim, dar à maioria do povo o que ele não quer, ou seja, responsabilidade, será um árdua tarefa, talvez de algumas gerações.
    Particularmente compactuo com seus conceitos e alternativas.

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    • Fernão disse:

      não esquecer a outra historia do Brasil: durante 300 anos o sistema de camaras municipais em cidades isoladas umas das outras e, mais ainda, de Portugal, funcionou sem uma unica quebra. populaçoes elegendo seus chefes e seus funcionarios, como os americanos do mayflower e pela mesma razão. uma necessidade de sobrevivencia de populaçoes isoladas, longe de reis e de estados nacionais.
      vivemos mais tempo assim que sob a p…taria que invadiu o RJ com a corte…

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      • fernandes disse:

        Perfeito, que eram de total interesse da coroa por falta de condições para administrar pequenos focos populacionais que surgiam, por sinal não podemos esquecer que somente os ‘homens bons” elegiam ou compunham, para que não houvessem riscos à coroa, é certo que com muitos momentos de contestação à metrópole.
        Perdurou sim, mas infelizmente não criou a necessária independência democrática responsável como nos EUA.

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      • Fernão disse:

        as barreiras para eleitores existiam nos eua tambem…

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      • MARCOS A. MORAES disse:

        lembrei daquela música https://www.vagalume.com.br/lynn-anderson/rose-garden-traducao.html Fico com a impressão que se critica o povo para não se fazer nada e continuar criticando. MAM

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      • Olavo Leal disse:

        Excelente exposição, Fernão.
        Muito bem lembrado e colocado. Nós nos perdemos a partir de 1808 e, após, não conseguimos desempenhar bem o federalismo que deveria advir da República. Então, venceram os centralistas, herdeiros de 1808.

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      • flm disse:

        felizmente para os americanos, a corte inglesa não se mudou para la com todos os seus barões, e bem no momento do nascimento da revolução democrática da qual o Brasil, que estava embarcado, foi forçado a desembarcar…
        também na História é preciso sorte…

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      • ssrodrigues disse:

        Respondo seu comentário acima aqui pq não abre a caixa de resposta no próprio. Não lerei seu texto novamente pq já o fiz quatro vezes. Ainda que seja como vc diz, que candidatar-se apenas os que os “caciques” permitem, não consta que os tais caciques, lá na urna, estejam presentes, aprontando uma arma para o eleitor. Pois, veja, sempre há a opção de não votar no candidato. Lula foi reeleito em pleno escândalo do mensalão e, ao término do segundo mandato, tinha mais de 80% de aprovação. Paulo Maluf, lembra dele? Era aquele que “rouba mas faz”. Eduardo Cunha, ainda hoje, tem quem o defenda e isso eu sei não de ouvir dizer, mas de ouvir eu mesma. Não é verdade que,
        uma vez eleito, o cara fique “indemissível”. Ele é demissível na próxima eleição.
        E como assim, matar não custa nada? Baseada na sua afirmação, devo concluir que você mataria com a facilidade com que veste-se de manhã? E não estou falando de punição legal. Matar é uma decisão pessoal, com uma série de implicações de foro íntimo. A impunidade apenas facilita a liberação do impulso pessoal. Eu insisto no indivíduo; é a responsabilização pessoal que poderá, eventualmente, mudar o estado de coisas no Brasil. As abstrações não.

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  • fernandes disse:

    Isto dá a dimensão e importância aos conceitos preconizados em seu texto, o quão difícil será para que possamos viver uma verdadeira democracia, como bem dito, “não há memória dela entre nós”.

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    • fernandes disse:

      MAM o povo é o que menos culpa tem, quando o sistema o condiciona..
      Olavo Leal, nós não nos perdemos, seguimos o caminho mais fácil.
      flm, a corte inglesa não se mudou por que não foi acoçada por Napoleão. Não se esqueça que o Myflower tinha famílias inglesas a procura de um local para se instalarem. Meu amigo não existe a sorte, existe planejamento, que por sinal não foi ensinado ao povo que se instalou em terra Brasilis.

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      • Fernão disse:

        existe sorte, sim. se o pres, haynes não fosse assassinado e a “zebra” historica theodore roosevelt não fosse o vice, eles dificilmente teriam tido o sistema que eu vivo recomendando

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      • Olavo Leal disse:

        Fernandes: nós nos perdemos no sentido de que, a partir de 1889, deveríamos ter tido a CORAGEM de enfrentar os problemas decorrentes da implantação de um verdadeiro federalismo (éramos então a “República dos Estados Unidos do Brasil”, que, após mudanças, resultou na República Federativa do Brasil – federalismo puro!!!). Parte dos Estados – SP e MG à frente, seguidos pelos Estados habitados por aqueles que se aventuraram para o Interior, o Sertão, aprendendo na marra a resolver seus próprios problemas, sem depender do poder central do momento – desenvolveu o federalismo. Outros aferraram-se ao estado central que, esperavam eles, continuaria resolvendo todos os seus problemas, tal qual a Metrópole (na Colônia) e o Império. Infelizmente, venceram estes, resultando na implantação dessa coisa bizarra que temos hoje: um centralismo federativo (arg!!!), que, ao concentrar mais de 2/3 dos tributos em Brasília, tenta, INUTILMENTE, resolver problemas essencialmente municipais, como asfaltar ruas, estender rede de saneamento básico, construir novo asilo de velhinhos ou novo posto de saúde etc etc etc.

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      • Olavo Leal disse:

        Complementando (meu comentário das 10hs), Fernandes e amigos, precisamos nos conscientizar de que não existe um Brasil – existem vários! E isso é necessário para enfrentarmos a implantação de um federalismo real no País!
        Primeiro, há necessidade de se impedir que o governo federal disponibilize recursos diretamente para os Municípios e para os Estados mais desenvolvidos. Como? Mantendo neles os recursos tributários que eles mesmos produzem e atualmente remetem a Brasília, que os “recompensa” com migalhas, pois precisa manter uma cabeça com imensa hidrocefalia, muito maior que o corpo!!!
        Segundo: aquelas unidades federativas que dependem unicamente dos investimentos de Brasília deveriam voltar a ser Territórios Federais, com metas a serem atingidas, até criarem condições de se tornar Estados. Aí, os impostos seriam essencialmente federais.
        Terceiro: haveria, certamente, um grupo de Unidades Federativas meio-termo, que recolheria parte dos tributos a Brasília e ficaria com outra parte. Neles, os investimentos da União seriam apenas pontuais. Quarto: a “elevação” de categoria – de Território Federal a Estado meio-termo e deste a Estado desenvolvido – seria decorrente de consulta popular (cada um arcando com as consequências de manter-se no nível em que estiver ou subir de nível.
        Politicamente, os Territórios teriam apenas 1 senador e 3 deputados federais; os Estados desenvolvidos, 3 senadores e deputados federais em proporção às suas populações; os meio-termo, 2 senadores e deputados federais também em proporção.
        P.S.: Câmara Federal com 300 representantes e Senado bem menor que os atuais 81.

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  • fernandes disse:

    Respeito sua opinião, no entanto isto são contingências de momentos históricos. Sua recomendação, com a qual concordo, perfaz muito mais do que isto, é estrutural, de um grupo que buscava se instalar e criar raízes, e não atender a um projeto estabelecido. Isto gerou um conceito de vida que perdura, basta ver as doações privadas dadas às vítimas do Harvey. Em terra Brasilis, o governo seria culpado pelo ciclone e responsável por todos os seus danos, isto iria para na Justiça e ficaria por isso mesmo.

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  • fernandes disse:

    Fernão tenho muito respeito por sua coluna e por seus textos, tanto que os acompanho sempre. Mas, respeito mais o nome Vespeiro, onde não podemos em momento algum permitir que aja falta de combate de ideias. Só assim chegaremos, um dia, a realizar o que tanto buscamos. Seu caminho está correto, há que ser mais divulgado, contestado e discutido. E só assim, talvez, possamos reduzir o tempo para que mais brasileiros possam encarar a realidade das mudanças necessárias. Procuro fazer o mesmo com o Imposto Único idealizado pelo Dr. Marcos Cintra, tentar alcançar o máximo de pessoas para discutir o tema

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  • fernandes disse:

    Com certeza os efeitos devem ser avaliados pois são eles que nos fazem buscar as causas históricas.

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  • Marcos disse:

    PRIMOROSO.

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  • José Luiz de Sanctis disse:

    Se não cercarmos o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as Câmaras Municipais para pressionarmos esses canalhas, nada mudará.

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