Unipensemos enquanto é tempo

6 de novembro de 2015 § 29 Comentários


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Com a crise das commodities desencadeada pela sucessão de mordidas e assopros da China ha uma nova onda de fusões e aquisições entre os gigantes globais do agronegócio. Logo logo haverá ainda menos vendedores dos insumos necessários à produção do que o mundo come e menos compradores do que suas vítimas conseguirem produzir suando de sol a sol nas lavouras do mundo do que os já muito poucos que chegaram vivos até aqui.

São esses “campeões internacionais” que decidirão doravante a que profundidade você terá de mergulhar em seu bolso para evitar a única outra “escolha” que restará a sua antiga majestade, o consumidor, que será pechinchar com seu próprio estômago…

Na área de saúde aqui mesmo neste “país de todos” houve 29 operações de fusões e aquisições desde a abertura do setor aos estrangeiros animadas pelas últimas desvalorizações do real.

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Se você está entre os famigerados 99% é provável que o SUS acabe sendo a parte que te cabe nesse latifúndio…

Para onde quer que se olhe é a mesma coisa: sinucas. Estas são só duas “chamadas” catadas a esmo nas primeiras páginas dos jornais de hoje. Todos os dias ha diversas desse genero tratando rigorosamente de todos os setores da economia em todo o mundo. Ha 30 anos ininterruptos, desde que a internet conectou os mercados de consumo e de trabalho de todos os “estados unidos” aos de todas as “chinas” da vida, têm havido recordes sucessivos de “fusões e aquisições” como aquelas que, ainda no longínquo século 19, fizeram os sempre execrados “capitalistas ianques” se levantarem contra os “robber barons” e instituir a unica legislação antitruste efetiva que o mundo já viu e que, por algumas décadas, de fato pos a classe operária mais perto do paraíso.

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Agora tudo isso, cada vez mais, é passado. E o que embalou esse retrocesso foi o “duplipensar” dos reacionários ditos “progressistas” de sempre. George Orwell, que cunhou a expressão na sua anti-utopia “1984“, explicava assim o seu significado:

Saber e não saber, estar consciente de sua completa sinceridade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões que se cancelam mutuamente, sabendo que se contradizem, e ainda assim acreditar em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade e apropriar-se dela, crer na impossibilidade da Democracia e que o Partido era o guardião da Democracia; esquecer o quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza máxima: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra ‘duplipensar’ era necessário usar o duplipensar“.

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Cabe, portanto, com os fatos frescos como estão ainda, unipensar enquanto é tempo e registrar os devidos direitos autorais:

Ninguem conseguiu por para rolar uma onda de desnacionalização mais completa e devastadora da economia brasileira que o nosso mais radical partido nacionalista no poder; ou orgia mais desenfreada para bancos e “rentistas” que os nossos mais renhidos “anticapitalistas“; ou ainda, tsunamis de privatizações compulsórias a preço de banana mais vis que os nossos mais ferrenhos defensores de uma economia estatizada.

Ninguem jamais promoveu processo mais amplo, geral e irrestrito de proletarização da classe operária planetária que a “vanguarda internacional do proletariado” esparramando universo afora a miséria dos “paraísos da classe operária“. Nada fez mais pelo “empoderamento” político e pela “inclusão” dela do que o capitalismo democrático em vias de extinção dito “excludente“.

Assim é que de fato tem sido.

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§ 29 Respostas para Unipensemos enquanto é tempo

  • Fernão

    “Ninguem conseguiu por para rolar uma onda de desnacionalização mais completa e devastadora da economia brasileira que o nosso mais radical partido nacionalista no poder; ou orgia mais desenfreada para bancos e “rentistas” que os nossos mais renhidos “anticapitalistas”; ou ainda, tsunamis de privatizações compulsórias a preço de banana mais vis que os nossos mais ferrenhos defensores de uma economia estatizada.”

    Disse tudo e os resultados estão presentes. Nada a comentar.

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  • DUPLIPENSAR
    Nada a contestar, é a sutil dominação pela técnica da Restrição Mental, falar uma coisa e executar outra, a vil manobra mui utilizada na Ordem dos Jesuítas, e a exitosa manobra para destruir uma Nação. Haja estômago, uma longa novela de terror.

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  • Heloisa Reis disse:

    Para essa situação as soluções : pensar diferente, agir comunitária e cooperativamente, saber escolher líderes locais, não deixar que bandidos se apossem do poder… e algumas outras que cabe ao bom homem encontrar…

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    • É tudo que precisamos mas não temos e, ao que tudo indica, só importando.

      Conseguiram iniciar uma nova geração e induzir a outra a pensar e agir como querem à manter-se no poder, utilizando dos meios mais ignóbeis possíveis.

      E a sociedade omissa e comodista aceita. Logo vem o natal depois o carnaval, fica tudo pra depois, depois, e assim tem sido e também por isso estamos na presente situação que não mudará tão cedo. Milagres não exitsem na economia e tudo começa com ela; quando falta pão todos brigam e ninguém tem razão.

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  • José Luiz de Sanctis disse:

    Como o nível intelectual do nosso desafortunado povo vai ser difícil e não há mais nenhum Ted Roosevelt para acabar com o truste.

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    • flm disse:

      desde o generalíssimo deodoro e dos “positivistas” que têm pontilhado a história republicana de ditaduras, é “o nível intelectual do nosso desafortunado povo” que tem sido alegado para que “vanguardas” várias se arroguem o direito de pensar a agir por ele sem lhe perguntar nada.
      e no entanto, em “Julio Mesquita e Seu Tempo”, Jorge Caldeira, com o brilho e a competência documental de sempre, mostra quão perfeitamente funcionou a “democracia dos analfabetos” das Câmaras Municipais em que o Brasil foi pioneiro no mundo desde 1532: nenhum golpe, nenhuma solução de continuidade, todo mundo vivendo e deixando viver durante mais de 300 anos até que os “ilustrados” entrassem em cena.
      eu vou mais longe que o Caldeira.
      estou convencido de que não foi por acaso que a única democracia com registro histórico de bom funcionamento nasceu nas Américas. democracia é uma resposta espontânea e intuitiva a uma necessidade prática de organização e sobrevivência de toda e qualquer sociedade humana que só pôde se realizar num mundo de reis absolutistas no seio de populações isoladas, longe dos poderes e privilégios estabelecidos, como as que vieram para este continente e as que havia na Grécia lá atras.
      ir pra escola não tem ajudado nada esse processo tão limpo e tão básico a se desenvolver. é bem o contrário…
      enquanto nem gente como os leitores deste blog se der conta disso não desatolamos…

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      • Ari disse:

        Fernão,
        Não é natural que uma massa, quando de estúpidos, conduza os destinos da polis.
        O racional é que as gentes mais instruídas formulem os padrões culturais e civilizacionais a serem testados; se também estes forem fruto de alguma estupidez específica, resultarão em ordenações inadequadas que a percepção intuitiva da massa saberá discernir e combater, ainda que não esteja capacitada a formular uma alternativa: e o ciclo se repetirá, em espiral ascendente.
        Esse sistema de pesos e contrapesos entre razão e intuição é intrínseco, estrutural, faz parte do pano de fundo do palco da evolução. Até por imitação da natureza podemos pensar em um sistema análogo, ao mesmo tempo valorizando a racionalidade e a sua relativização.
        Uma maneira que me ocorreu de tentar isso, já expus aqui, é reformular o sistema representativo atribuindo maior poder à cidadania, o que traria inúmeras implicações a serem estudadas.

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    • “JULIO DE MESQUITA E SEU TEMPO” – JORGE CALDEIRA
      Excelente indicação de Leitura. Ainda mais através do estupendo autor Jorge Caldeira, obrigatória a leitura. Vamos encomendar o livro. Gostei muito antes de ler. Parabéns.

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  • Desisto. Nem com MACUMBA conserta-se o Brasil.

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  • “Não teremos uma meta, quando atingirmos a meta dobraremos a meta”.

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  • Hundrsen disse:

    Um, cada vez mais, lixo de país sendo governado por verdadeiros representantes do seu povo… Tristes trópicos… Macondo é aqui…

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  • Hundrsen disse:

    Um, cada vez mais, lixo de país sendo governado por verdadeiros representantes do seu povo… Tristes trópicos… Macondo é aqui… As formigas!!!

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  • Carmen Leibovici disse:

    Os maus,os cínicos e os psicopatas de apoderaram do “mais alto”poder, mas eles só se apoderaram desse poder porque tinham uma “terra”onde semear.Essa “terra”é composta das “construções”feitas por corruptores e corruptos -que vinham agindo clandestinamente em todas as esferas e muitos dos quais estavam entre nós mesmos-que tiveram por tempo longo demais suas ações sancionadas por todos os outros crédulos simples mortais ,que simplesmente não sabiam,ou não queriam saber, o que vinha acontecendo.Os de boa fé foram enganados…
    Agora é tarde demais,num certo sentido,porque já houve uma “construção” do Mal,e desconstruir,como sempre, deverá ser difícil,com consequências ainda desconhecidas,mas o Bem acaba prevalecendo sempre,espero,logo.
    Na história sempre houve -acho que absolutamente durante toda a História-aqueles que quiseram escravizar o próximo,portanto a luta continua,com novas feições e características,mas é a mesma velha história de sempre demandada ao Faraó da hora pelo Moisés da hora:”let my people go”!
    Mas da verdadeira história de Moisés para cá,já conseguimos muito ,de modo a transcender de vez o velho arquétipo criado a partir de então.Quem sabe um dia consigamos tudo,plenamente e para sempre.
    É sob esta perspectiva que eu vejo o momento.

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  • Carmen Leibovici disse:

    “….demandada ao faraó da hora pelo moisés da hora…. “(sem maiúsculas)

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  • MOSES disse:

    ops!: Pragras do Brasil = PRAGAS DO BRASIL.

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  • honorio sergio disse:

    Até mesmo no Youtube, tem gente parando de postar vídeos contra o governo (Dâniel Fraga) dá o que pensar!

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